Armindo Veloso




TABUS E DESABAFOS

O discurso do dr. José Pedro Aguiar Branco na sessão solene do 25 de Abril na Assembleia da República foi uma pedrada no charco.
O facto de ter feito uma intervenção informal na formalíssima sessão solene do dia da liberdade dá-lhe valor acrescido.
No meio de assuntos mais profundos, recriados, também eles, com citações históricas que nos deram uma ideia como tantas coisas, então ditas por tanta gente, tem uma actualidade plena, falou desde o complexo do cravo vermelho, ostentando um viçosíssimo, a par do líder do partido – combinados?... — até ao complexo do nosso — sim de nós todos(!) — Zeca Afonso.
Faltou-lhe, também não podia falar de todos, o complexo das palmas.
Como sabemos, as palmas são uma manifestação sonora e gestual, como sinal de aprovação.
Em todo o lado onde cheire a política, desde a mais simples Assembleia de Freguesia até à pomposa Assembleia da República, os intervenientes de cores políticas diferentes seguem à risca os códigos de conduta do sectarismo partidário.
Se uma boa intervenção, desde a forma ao conteúdo, for proferida por alguém, por exemplo, do Bloco de Esquerda ou do CDS, para ir para os extremos, nunca vi ninguém dos outros partidos a bater palmas. Qual é o problema de bater palmas a uma boa ideia venha ela de onde vier? As palmas são para a ideia não para o apresentador dela!
O sectarismo chega ao ponto de numa sessão solene do 25 de Abril onde estão presentes todos os mais altos representantes da República, incluindo o Corpo Diplomático, não se bater palmas ao discurso do Presidente da República, mais alto representante de todos nós, mesmo que não se concorde com o conteúdo, só pelo facto de não ser oriundo da nossa cor.
O que dirão os embaixadores dos países civilizados(!?). Passaria pela cabeça a alguém, num discurso do presidente dos Estados Unidos, numa sessão solene, não bater palmas?
Numa cerimónia pública de grande mediatismo regional, tomadas de posse, bati mais ou menos o mesmo número de palmas a todos os investidos e mais ou menos com a mesma intensidade(!).
Os caciques, atentos, ficaram a ver navios. E, claro, fica-se logo a ser um dos deles.
Que tristeza e que estupidez.
———
Como nota de rodapé a este texto, gostaria de fazer um desabafo: tenho notado, talvez injustamente, que algumas figuras proeminentes do Partido Socialista do nosso concelho deixaram de ser tão francas no cumprimento. Dizem-me, quem sabe mais do que eu de algumas cabecinhas, que estão chateados. Que bem que eu durmo para esse lado. Haja o primeiro que diga, provando, que o Maria da Fonte censurou, da forma mais leve que fosse, alguma coisa ou alguém. Ter-se-iam esquecido da quantidade de informação que se publicava da Câmara quando ela era Socialista? Nesses tempos éramos acusados, injustamente, pelo PSD, de não publicarmos documentos que não nos faziam chegar.
Como os tempos mudam. Ou pior, pensariam que esta instituição da Póvoa, que só é minha por aí, estaria ao serviço da cacicagem? Como não me conheciam. Então eu já não disse que este jornal enquanto for sustentado pelos assinantes é dos mais livres do país? Não estava a brincar. É-o de facto.

Até um dia destes.

CASTELO

Hospital


Composta por vasto programa, a Semana Aberta, juntamente com as Jornadas Médico-Cirúrgicas, assumem-se como as duas actividades mais emblemáticas do Hospital António Lopes, uma das valências da Santa Casa da Misericórdia. De forma gratuita, os responsáveis da instituição colocam à disposição da população um conjunto de rastreios, nomeadamente ao risco cardiovascular, dentário, oftalmológico, podologia e auditivo. A estes, juntam-se ainda as densitometrias ósseas e o perfil lípidico, com a avaliação do colesterol e triglicerídeos. Para além de todos estes rastreios, o evento integra palestras e workshops de temas pertinentes e de interesse para toda a comunidade. Parabéns aos responsáveis pela iniciativa.

CASTELO DE AREIA
Recolha do lixo


A Câmara Municipal terminou, neste mês de Maio, com a recolha das embalagens pelos estabelecimentos comerciais da vila. Segundo a autarquia, esta é uma forma de melhorar a gestão dos recursos humanos e dos equipamentos, segundo se pode ler numa carta distribuída a todos os comerciantes. Tal facto tem sido do desagrado de muitos comerciantes uma vez que este serviço já era prestado há muitos anos. Dado que pagam um valor mais alto respeitante ao lixo que os consumidores domésticos, alguns não escondem a sua indignação.

Autarquia reforça apoio
aos mais carenciados

Com vista a aumentar a área de intervenção do acompanhamento e atendimento social no concelho, a Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso e o Centro Distrital de Solidariedade Social de Braga assinaram, na manhã de terça-feira, dia 11 de Maio, um protocolo de colaboração, cuja cerimónia teve lugar no Centro Interpretativo do Carvalho de Calvos.
A ocasião foi aproveitada pela autarquia povoense para dar a conhecer o trabalho desenvolvido no âmbito da Divisão dos Serviços Sociais e Saúde, bem como para apresentar um conjunto de doze projectos e medidas sociais a implementar no concelho.
As medidas apresentadas vão de encontro aos objectivos traçados para este ano em toda a Europa, uma vez que o ano de 2010 é dedicado ao combate à pobreza e exclusão social.
Dando conta da importância do trabalho em rede, uma vez que o mesmo possibilita a concretização de vários projectos, Fátima Moreira, vereadora da Acção Social, vincou que o grande desafio é “sensibilizar a população para a problemática da pobreza e da inclusão social para que possamos todos contribuir para a erradicação da pobreza e da exclusão social”.
Destacando a “eterna insatisfação” deste executivo camarário, a vereadora da Acção Social do município povoense salientou que as medidas apresentadas, que visam o combate à pobreza e à exclusão, destinam-se a grupos com maior risco de vulnerabilidade, como são os idosos, as famílias com menores e as pessoas com deficiência.

União de esforços

“Não basta falar, e eu ouço muita gente falar. O que é preciso é concretizar. Se todos fizermos o que pretende fazer a Câmara Municipal da Póvoa de lanhoso estaremos melhor no futuro”, disse Maria do Carmo Antunes, directora do Centro Distrital de Solidariedade e Segurança Social de Braga, no decurso da cerimónia, num elogio ao trabalho social desenvolvido pela autarquia povoense...

Povoenses (re)descobriram Hospital
Termina sexta-feira, dia 21 de Maio, a segunda edição da Semana Aberta do Hospital António Lopes, numa iniciativa voltada para os estilos de vida saudáveis. Durante estes dias, os povoenses puderam participar em rastreios médicos gratuitos, workshops, palestras, visitas guiadas e exposições temáticas. Ao longo de cinco dias, o Hospital António Lopes foi um dos locais de passagem obrigatória para muitos povoenses, que não deixaram passar a oportunidade para realizar os diversos rastreios e acompanhar alguns dos momentos do programa.
“Com esta Semana Aberta, pretendemos abrir o hospital à comunidade. Com esta iniciativa, proporcionamos a todos a oportunidade de conhecer os espaços interiores do hospital, em todas as suas vertentes na área da saúde, através de visitas guiadas, assim como um conjunto de rastreios, palestras e workshops, que abordam temas de interesse para toda a comunidade”, disse Agostinho Monteiro Vieira, administrador-delegado do Hospital António Lopes. “Os comentários recebidos têm sido lisonjeadores, porque as pessoas têm a oportunidade de saber um pouco sobre si próprios, através dos rastreios que aqui fazem”, disse ainda aquele responsável.
Viver Sénior Saudável, Vi-ver com Dor Crónica, Prevenir as Doenças, Viver com Hipertensão e Viver com Diabetes foram os temas dos vários dias da Semana Aberta...

Agrupamento professor Gonçalo Sampaio



Uma escola para todos
Em toda a sua carreira como docente, Luísa Rodrigues Sousa Dias apenas abandonou o concelho durante três anos, para realizar o seu estágio e efectivar. Demonstrando uma enorme paixão pelo ensino, profissão que não trocaria por qualquer outra, a directora do Agrupamento Gonçalo Sampaio e presidente do Conselho Executivo da Escola EB 2,3 Professor Gonçalo Sampaio, local onde está sedeado o agrupamento, fala com emoção e paixão do projecto que lidera, o qual pretende que a escola seja para todos.
O Gabinete do Aluno, o Bosquete, os projectos “Artemanias” e “Sempre a Apreender”, a Marcha Solidária, a Feirinha Solidária, o programa PES e Press (no âmbito da saúde) e as várias actividades desportivas são alguns dos elementos em destaque neste estabelecimento de ensino, alguns dos quais se estendem por todo o agrupamento que, actualmente, integra 21 das 29 freguesias do concelho da Póvoa de Lanhoso.
“O meu percurso começou aqui na Póvoa de Lanhoso, na Escola Preparatória Gonçalo Sampaio. Estive aqui durante quatro anos. Saí, durante três anos, para fazer o meu estágio e para efectivar. Quando para aqui voltei já foi para integrar o órgão de gestão, na altura presidido pelo dr. José dos Santos Moura. Vim para vice-presidente dele, para assegurar a parte administrativa. A partir daí, aqui estou”, é assim que Luísa Rodrigues Sousa Dias faz a apresentação do seu percurso profissional.

passado e presente no ensino

“Ao nível do desenvolvimento das condições de aprendizagem dos alunos, a evolução foi uma evolução positiva. Os alunos não fazem ideia das regalias e dos privilégios que têm nos dias de hoje. Há uma multiplicidade de recursos que tornam o ensino bem mais atraente, bem mais agradável do que naquela altura, a começar pelas próprias instalações. Os edifícios, em que os alunos permanecem a maior parte do tempo, ainda que tenham um ou outra falha, são edifícios com umas condições extraordinárias em comparação com 75/76. Houve uma evolução muito grande a nível dos meios para a formação dos nossos jovens”, disse aquela responsável, comparando as condições do ensino quando começou a leccionar com as existentes actualmente...












Gerir necessidades
de várias escolas

Tem que se trabalhar muito ao nível da parte humana. Se conseguirmos ganhar a confiança das pessoas e se conseguirmos criar um clima em que todos reconheçam que não há distinções, que são todos de uma mesma instituição, a partir daí as coisas são mais fáceis e são mais fáceis até para gerir, porque há confiança. O primeiro passo é criar confiança, é ser capaz de conquistar a confiança das pessoas. Há muito trabalho de base a fazer para que as pessoas confiem e acreditem que todos têm direito ao mesmo tipo de tratamento, tem o direito de ser atendidos e tratados da mesma forma. Depois da parte humana, partimos para a parte pedagógica”, destaca Luísa Rodrigues Sousa Dias, apontando este como o caminho a seguir...

Elementos
do património
artístico
e etnográfico
apresentados

Numa cerimónia realizada sexta-feira, dia 14 de Maio, no rum dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso, a Associação “Em Diálogo” apresentou as vinte heranças a concurso, num ano em que o projecto “A Póvoa de Lanhoso e a sua Herança” tem em destaque o património artístico e etnográfico do concelho da Póvoa de Lanhoso.
Depois do património edificado, em 2008, e do património natural e paisagístico, em 2009, os povoenses podem votar, até ao dia 31 de Julho, escolhendo os cinco elementos mais emblemáticos relacionados com o património artístico e etnográfico.
Para além da apresentação das vinte heranças a concurso, a cerimónia integrou diversos momentos musicais, numa colaboração com as escolas e instituições concelhias. São vinte as heranças escolhidas pela comissão executiva do projecto para integrar o concurso deste ano...

Equipa de sapadores
florestais em ‘stand by

Até ao final deste mês, deve ser reactivada a equipa de sapadores florestais da Póvoa de Lanhoso, depois da vice-presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, Gabriela Fonseca, ter denunciado as “fragilidades” do modelo de gestão deste tipo de equipas.
A denúncia foi feita durante a apresentação do dispositivo especial de combate a incêndios florestais (DECIF) para o distrito de Braga, que decorreu na Póvoa de Lanhoso.
A equipa de sapadores florestais tem a Associação de Defesa da Floresta do Minho (ADEFM) como entidade gestora e é co-financiada pela autarquia povoense e pela Autoridade Florestal Nacional (AFN).
Na altura, Gabriela Fonseca apontou “constrangimentos de gestão”, nomeadamente financeiros, para a inoperacionalidade da equipa e admitia que a solução para os ultrapassar pode passar por a Câmara constituir-se como entidade gestora...

Educação


Frederico Castro visitou
Centro Educativo

O Centro Educativo António Lopes, na vila da Póvoa de Lanhoso, recebeu, no dia 20 de Abril, a visita do deputado socialista Frederico Castro. A visita inseriu-se numa iniciativa do grupo parlamentar do PS, no decurso da qual os deputados socialistas visitaram dezenas de escolas do país, já requalificadas ou em requalificação e que se encontram abrangidas pelo Programa de Modernização do Parque Escolar e pelo Programa Nacional dos Centros Escolares (Rede Escolar).
Luísa Rodrigues Sousa Dias, directora do Agrupamento de Escolas Gonçalo Sampaio, e Luís Ferreira, director do Centro Educativo António Lopes, receberam o deputado Frederico Castro e deram-lhe a conhecer o primeiro centro educativo do concelho, cuja entrada em funcionamento decorreu em Setembro de 2009.
Verificar no terreno as repercussões do investimento feito pelo actual governo ao longo dos últimos anos foi um dos objectivos da visita dos deputados socialistas ao estabelecimento de ensino do país. “No meu caso concreto, esta visita foi agendada para o Centro Educativo António Lopes no sentido de poder constatar quais têm sido os resultados, qual o ponto de situação quase um ano da sua inauguração, com a finalidade de perceber de que forma é que tem evoluído a dinâmica educativa do concelho e de que forma as freguesias têm-se adaptado à nova realidade dos centros educativos”, revelou Frederico Castro. Dando conta da aposta forte na educação do governo, revela que a mesma tem por objectivo garantir a formação e a qualidade da formação desta geração e das gerações futuras...

Divisão de Honra – 28.ª jornada


Pontos repartidos
Numa tarde sem golos, e marcada pela chuva que se fez sentir durante todo o jogo, o Porto d'Ave foi a equipa mais esclarecida do encontro mas, apesar das oportunidades, os golos teimarem em não aparecer. As oportunidades pertenceram, na totalidade, aos homens comandados por João Fernando que viram duas bolas embater nos ferros da baliza de Nuno. Seguro na tabela classificativa, a formação liderada por Zequinha conseguiu amealhar um ponto e continuar a sua caminhada tranquila na Divisão de Honra.
O jogo ficou marcado pela ausência de jogos e de cartões mostrados pelo árbitro do encontro. José Miguel Silva, que poderia ter sancionado um ou outro lance com a cartolina amarela.
Num jogo em que João Fernando não pode contar com Manaus, Luís Manuel, Freitas e Vítor, este último a cumprir castigo, o técnico portodavense viu-se ainda a braços com uma substituição forçada, aos 18 minutos, com a entrada de Bruno para o lugar de Xavier que saiu lesionado, após um choque de cabeça, aos 5 minutos, com Russo, tendo sido conduzido ao hospital.
Apesar de uma primeira parte mais apagada, os poucos remates que existiram pertenceram, quase em exclusivo, aos homens da casa. Aos 24 minutos, Paulinho obrigou Nuno a defender para a frente, retirando o perigo da sua área e, aos 29 minutos, Zé Beto, de frente para a baliza, falhou o cabeceamento, naquela que foi a melhor oportunidade do primeiro tempo. Do lado do Vilaverdense regista-se um remate de Bruno, aos 30 minutos, por cima da baliza de Clemente...

III Divisão Nacional

Golo chegou no final
Um golo solitário de Gonçalo, a cinco minutos do final da partida, deu a vitória ao Maria da Fonte sobre o Valenciano, num embate que colocou frente-a-frente duas formações minhotas, numa fase de subida liderada por equipas transmontanas.
Depois das ameaças, aos 62 e 75 minutos, por Mota e Zé Fernandes, o Maria da Fonte conseguiu colocar-se na frente do marcador quando a partida já se encaminhava para o final. Na tarde de sábado, encontraram-se duas formações igualadas em pontos e qualidade, o que resultou numa partida equilibrada. No primeiro tempo, os adeptos presentes assistiram a um jogo morno, com as oportunidades a repartiram-se por ambas as formações. O primeiro sinal de ameaça pertenceu à formação da casa, com Jussane, logo aos cinco minutos, a cabecear ao lado da baliza adversária. Aos 27 minutos, foi a vez de Ruizinho colocar à prova Miguel, que se atirou para o seu poste mais distante e afastou um remate perigoso do jogador adversário.
Mais rematador, o Maria da Fonte procurava acertar com a baliza de Óscar, mas os remates de Nuno Mendes, aos 32 minutos, e de Fausto, aos 36 minutos, saíram ao lado da baliza do Valenciano. No segundo tempo, a formação do Maria da Fonte entrou determinada e comandou, quase por completo, a etapa complementar...

Cem anos de República (8)

Maria da Fonte inspira livro
a Camilo Castelo Branco

Recordamos os primeiros momentos do germinar da Revolta da Maria da Fonte em que "muitas mulheres foram dadas como sendo as autoras do despoletar da revolução, portanto muitas Marias da Fonte existiram".
Em consequência, como escreve Oliveira Marques, "o despotismo impudente de Costa Cabral, (...) de levar a violência aos seus últimos limites e de desembaraçar de toda a oposição, resultaram na mais terrível e mais longa guerra civil que se registou entre os liberais".
As expropriações — escreve Victor de Sá na sua obra "A crise do Liberalismo" — “só tinham aproveitado às camadas superiores da burguesia; a famosa lei dos forais permitia que os pequenos proprietários e os rendeiros continuassem a ser submetidos ao pagamento de múltiplas contribuições a senhores e donatários". Os salários agrícolas não acompanhavam o custo de vida causada por uma crise de abastecimento que se sentiu entre 1845 e 1846 — como atestam as "Actas das Vereações" da Câmara de Braga.

UM INÍCIO OBSCURO

Estas situações permitiram a aliança "contra natura" entre miguelistas e liberais contra os cabralistas, numa revolta despoletada em Fontarcada e que se alastra a todo o Norte e Centro do país até Dezembro de 1846.
A morte voltava a ensombrar o Minho, pouco mais de trinta anos depois daquela "imprudente e louca resistência que o povo pretendeu fazer aos franceses nas serras do Carvalho d'Este", a 19 e 20 de Março de 1810.
O início do levantamento popular continua obscuro — na opinião do historiador bracarense Victor de Sá — e geralmente “confunde-se com a descrição de circunstâncias mais ou menos fortuitas que não eram o verdadeiro motivo da insurreição. (...) A verdadeira causa, no entanto, estava no descontentamento que se acumulava contra o sistema capitalista do regime constitucional que, desde a sua instauração, provocara a ruína do pequeno campesinato. (...) As expropriações de bens de mão-morta só tinham aproveitado às camadas superiores da burguesia; a famosa lei dos forais permitia que os pequenos proprietários e os rendeiros continuassem a ser submetidos ao pagamento de múltiplas contribuições a senhores e donatários, mesmo se estes não eram os mesmos de outrora."
A estas imposições juntam-se a baixa dos salários, a evolução dos preços dos produtos alimentares, a insuficiência de colheitas e a crise de abastecimento que se generaliza em toda a Europa. O enterro proibido nas igrejas foi um pretexto que escondeu razões maiores e mais importantes para o dia-a-dia das populações minhotas.

JANEIRO DE 1846

A 20 de Janeiro de 1846 teve lugar na freguesia de Fontarcada, o enterramento de José Joaquim Ribeiro, que no cumprimento da lei devia ser sepultado no adro, visto não haver ainda cemitério. As mulheres, ao saberem disso, reuniram-se a fim de conduzirem o falecido ao mosteiro de Fontarcada e efectuarem o enterro. No dia seguinte ao préstito fúnebre, dispuseram-se as mulheres para a exumação do cadáver, mas o regedor da freguesia, Jerónimo Fernandes de Castro, conseguiu que desistissem.
No dia 5 de Fevereiro, do mesmo ano, registou-se idêntico tumulto. Falecera Maria Joaquina da Silva, que transgredindo a lei foi sepultada no interior do templo.
A manifestação do grupo de mulheres, armadas com chuços, sacholas e forcados, no dia 22 de Março, no funeral de Custódia Teresa, e os insultos por estas perpetrados “Viva a Rainha! Abaixo os Cabrais e as leis novas”, deu origem a uma ordem de captura pelo regedor da freguesia.
Detidas algumas das revoltosas e levadas para a Vila da Póvoa de Lanhoso, logo as restantes, ao que tudo indica mais de 300, armadas de fouces e varapaus deixaram o mosteiro de Fontarcada para livrarem as suas companheiras...

Armindo Veloso




IGREJA DE SANDÁLIAS

Muitas das vezes, emitir opiniões sobre determinados temas torna-se num risco acrescido, quer por falta de conhecimentos bastantes quer por formatações culturais adquiridas.
A Igreja é claramente um deles.
A visita do Papa Bento XVI tem provocado um entusiasmo que está muito aquém das anteriores visitas papais, quer do Papa Paulo VI – que não sendo um Papa empático provocou uma grande euforia no Portugal então rural – seja das três visitas de João Paulo II – esse sim, fruto da sua empatia e do seu poder mediático pôs o mundo aos seus pés.
Confesso que a figura de Bento XVI não me provoca nenhum entusiasmo. Quem sou eu para avaliar um Papa com um passado de pensador e teólogo com créditos firmadíssimos? Mas não é isso que me traz cá. Sem entrar em assuntos polémicos que nos levariam muito longe sobre a história da Igreja, tanto fossem assuntos milenares, seculares, ou actuais, gostaria que a visita de Bento XVI ficasse na história não pelos SIS, sistema de investigação e segurança, investigarem os fiéis que comungam pela mão do próprio; não pelos estilhaços do assunto quente: pedofilia; não pelo número de seguranças envolvidos na visita; não pelos mísseis prontinhos(!); não pelas fragatas no mar da Palha; não pelos microfones em ouro; não pela mega-logística; não pelas multidões; não pelo beija-mão hipócrita de quem nunca ligou nada à Igreja; não pelas varandas alugadas a preço de ouro para fazer o melhor “boneco”; não pela ostentação que envolve a visita do chefe de Estado e líder católico; não.
O que gostaria é que o Papa olhasse mais de frente – característica que talvez por razões fisionómicas não tem — o mundo e que de uma forma não dissimulada abrisse a Igreja aos tempos modernos em todo o ser explendor.
No fundo, que a palavra de Jesus Cristo nos chegasse de sandálias e não de sapatos feitos na sapataria mais cara do mundo.
Como eu gostaria!

Até um dia destes.

CASTELO

25 de Abril


As actividades de comemoração do 25 de Abril ficaram marcadas pelo sucesso. Na noite do dia 24, a concelhia do PS reuniu, ao jantar, centenas de pessoas que encheram por completo o Restaurante Põe-te a Pau, em Fontarcada. De entre os presentes, destaque para a presença dos mais jovens, cada vez em maior número, com uma participação bastante activa nas comemorações. No dia 25, em vários locais da vila da Póvoa de Lanhoso, cerca de 700 pessoas participaram nas várias actividades organizadas pela Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, numa iniciativa que pretendeu reunir povoenses de várias faixas etárias. Às duas entidades, deixamos aqui os nossos parabéns.

CASTELO DE AREIA
Emprego

Uma povoense, com salão de cabeleireiro em Amares, procura há vários meses uma empregada, com experiência, para o seu estabelecimento. Depois de vários anúncios em jornais e de idas ao centro de emprego, ainda não conseguiu encontrar uma funcionária. Um destes dias contactou uma jovem que lhe respondeu: “da Póvoa de Lanhoso para Amares é muito longe”. Será que as pessoas estão à espera de um emprego à porta de casa ou preferem auferir do subsídio de desemprego em vez de integrarem novamente o mundo do trabalho? Casos como este vêm dar razão às pessoas que dizem: “Não querem é trabalhar. Preferem estar em casa a receber o subsídio!”.
Assembleia Municipal:
tudo aprovado

A actividade do município e a sua situação financeira, o regulamento do Programa HabitaLanhoso e o relatório de gestão e prestação de contas foram os temas em debate na última Assembleia Municipal, realizada sexta-feira, dia 30 de Abril, no Theatro Club.
Num regulamento trabalhado no seio da comissão de responsabilidade social, emanada da Assembleia Municipal, o regulamento que regerá o HabitaLanhoso, um programa de atribuição de apoio a estratos sociais desfavorecidos, ao nível de habitação, mereceu o consenso de ambas as bancadas e foi aprovado por unanimidade. No tocante ao relatório de gestão e prestação de contas, o mesmo foi aprovado com 30 votos a favor, 24 abstenções e 1 voto contra.
Numa sessão que se estendeu ao longo de quatro horas, os deputados municipais trouxeram ainda ao debate questões relacionadas com o processo de pedido de substituição dos deputados, a marcação de faltas, reclassificação de trabalhadores, rally torrié, o aumento do prazo de pagamento a fornecedores, assim como duas moções, uma relacionada com as comemorações do 25 de Abril e uma outra subordinada ao tema “Defesa pela Saúde da Póvoa de Lanhoso”.
Tal como nas anteriores sessões, o período antes da ordem do dia assume-se como um dos momentos “mais quentes” da ordem de trabalhos. António Carvalho, líder da bancada do PS, questionou a mesa da Assembleia sobre o critério de substituição de deputados. Inquirido pelo líder da bancada rosa, Humberto Carneiro, presidente da AM, deixou claro que a referida substituição não pode ser pedida pelo grupo parlamentar, uma vez que se trata de uma vontade individual...

Queima animou alunos do ISAVE
De 23 a 26 de Abril, os alunos do ISAVE estiveram em festa com a tradicional Queima das Fitas, que proporcionou momentos de grande animação a toda a comunidade académica. Missa de finalistas, imposição de insígnias, serenata, baile de finalistas e cortejo académico foram alguns dos momentos da queima das fitas do ISAVE que, este ano, teve como principais figuras de cartaz Amê, UHF e Quim Barreiros.
Realizada no dia 24 de Abril, na cripta do santuário do Sameiro, em Braga, a missa de finalistas, celebrada pelo padre Eduardo Duque, responsável pela Pastoral Universitária, contou com a presença de cerca de 300 alunos finalistas e suas famílias, que encheram por completo aquele espaço religioso. No decurso da homília, o responsável pastoral universitária deixou uma mensagem de encorajamento aos jovens que partem agora para uma nova etapa, a procura de emprego, mas vincou também as dificuldades que os mesmos jovens vão sentido.
“O trabalho não é bem pago. Há muita gente a trabalhar na área de saúde que está a ser explorada”, assinalou Eduardo Duque...

25 de Abril festejado pela Concelhia do Partido Socialista


Jantar juntou
centenas de povoenses

Tal como vendo sendo hábito, teve lugar, no dia 24 de Abril, no Restaurante Põe-te a Pau, em Fontarcada, um jantar comemorativo da Revolução do 25 de Abril, promovido pela concelhia do Partido Socialista da Póvoa de Lanhoso, num evento que contou com a presença de centenas de povoenses, que não deixam de se associar às comemorações daquela data festiva.
Depois do jantar, seguiram -se os discursos, com José de Almeida Faria, histórico do PS a iniciar os discursos. “Esta manifestação é uma homenagem que estamos a fazer aos bravos do 25 de Abril que nos deram uma página na nossa história”, referiu José Faria.
“Essa página é como um trabalho que devemos preservar para que a nossa democracia seja sempre forte a valorosa”, disse ainda José Faria que desejou as maiores felicidades à nova comissão política do PS da Póvoa de Lanhoso, liderada, actualmente, por Belarmino Dias.
“Num momento em que o ânimo poderia estar em baixo, o PS está forte”, destacou Gilberto Anjos, coordenador da Juventude Socialista, que se mostrou satisfeito por ver pessoas de todas as freguesias do concelho. “O novo secretariado pode contar com a JS para aquilo que é objectivo para todos nós, que é recuperar a câmara municipal e as nossas juntas de freguesia”, disse ainda o coordenador.
Saudando os presentes, em especial as mulheres e aqueles que desde sempre estiveram no PS, Frederico Castro, deputado da Assembleia da República, frisou que o seu mandato está ao serviço dos povoenses. Relembrando os três actos eleitorais que marcaram 2009, Frederico Castro relembrou a vitória expressiva nas legislativas, e deu conta que é necessário projectar esse sentimento de vitória para 2013. Tinoco de Faria e Lúcio Pinto foram também relembrados por aquele elemento, uma vez que, segundo o próprio, foram homens que marcaram uma época que enchia de orgulho os povoenses. “Olhávamos para a câmara e revia-nos nas pessoas que lá estavam”, disse Frederico Castro. Em relação ao futuro, o deputado da AR, destacou que é preciso “resgatar as sensações do passado e amadurecer esses sentimentos”...





















Brilho na passerelle

Estou contente por ter chegado até aqui. Pensava que não ia conseguir mas correu bem. Fiquei surpreendido pela qualidade da formação”, disse Leandro Ramos, residente na Póvoa de Lanhoso, um dos cerca de 80 jovens que participaram no workshop de moda, promovido pelo Espaço Jovem, cuja última iniciativa teve lugar no dia 24 de Abril, com um desfile no espaço exterior daquela estrutura.
Tal como Leandro Ramos, que ambiciona prosseguir uma carreira no mundo da moda, também Joana Cruz, de Esperança, se mostrou satisfeita com a aprendizagem conseguida durante o workshop. Seguir uma carreira como modelo é um dos sonhos de Joana Cruz. “Gostei muito. Foi a primeira vez que fiz uma sessão fotográfica”, disse a jovem residente em Esperança, cuja formação deu-lhe uma postura diferente e um maior à vontade. Para além da moda, Joana Cruz tem o sonho de seguir medicina...

EPAVE de portas
abertas à comunidade

Iniciada segunda-feira, dia 3 de Maio, a III Semana Aberta da EPAVE – Escola Profissional do Alto Ave tem o seu culminar no próximo sábado, dia 7 de Maio. A actuação do Rancho Folclórico da Póvoa de Lanhoso e o lanche-convívio são as actividades que marcam o encerramento da iniciativa.
Durante seis dias, aquele estabelecimento de ensino abriu as suas portas à comunidade, dando a conhecer as actividades ali desenvolvidas assim como a sua oferta formativa. Palestras temáticas, visitas guiadas, exposições, visita de empresários, campanhas de sensibilização, música, desfile de moda, mostra de artesanato, mostra gastronómica e campanhas solidárias foram algumas das actividades que integram o programa da Semana Aberta
Um dos pontos altos da III Semana Aberta tem lugar sexta-feira, dia 7, com a entrega dos prémios de mérito D. Elvira Câmara Lopes, aos melhores alunos daquele estabelecimento de ensino. A cerimónia está agendada para as 21h45.
Na abertura oficial da III Se-mana Aberta, na segunda-feira, dia 3 de Maio, Joaquim Machado, director-geral da EPAVE, destacou que a iniciativa pretende aproximar a escola à comunidade e ao meio. Aproximar a escola e os seus alunos às empresas, valorizando a prestação dos jovens alunos junto dos empresários é também um dos objectivos da Semana Aberta...

Livro divulga
relógios de sol do concelho

No dia 23 de Abril, dia em que se comemorou o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, a Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso apresentou o livro “Relógios de Sol do concelho da Póvoa de Lanhoso”, da autoria do povoense Luís Velloso Ferreira, numa obra que, segundo o autor, pretende ser apenas um registo para memória futura.
“No decurso do fórum de cultura foram surgindo algumas ideias. Pareceu-me que era uma coisa fácil. Enganei-me redondamente”, adiantou Luís Velloso Ferreira, revelando que, por detrás do livro, está um trabalho que o levou a calcorrear todos os lugares das 29 freguesias do concelho. “Uma das razões que me levou a fazer este inventário foi a ideia de preservar pois dei-me conta que muitos relógios desapareceram. Considerei apenas os relógios de sol que estavam nos locais originais e colocados na posição correcta. Deixei de lado os relógios que colocados apenas para adornar”, revelou o autor.
O autor deu ainda a conhecer o desaparecimento de muitos relógios de sol que se encontravam colocados em espigueiros, sobretudo na freguesia de Serzedelo, onde aí existia uma interessantíssima colecção de relógios. “Hoje não encontramos um único e os espigueiros estão também a desaparecer”, alertou Luís Velloso Ferreira...

VICE-CAMPEÃS DISTRITAIS DA A.F. BRAGA


S.C. Maria da Fonte: meninas
do futsal nasceram para vencer


Fizeram um campeonato fantástico, com 27 vitórias consecutivas, golos é com elas (393!), mas a infelicidade bateu-lhes à porta a três jornadas do fim, e acabaram por deixar escapar o título distrital para as rivais. No entanto, o sonho comanda a vida, e as ‘marias’ da Póvoa de Lanhoso prometem voltar a brilhar

na próxima temporada.

Fundado em 1925, o Maria da Fonte, um dos emblemas históricos da AF Braga, já com 85 anos de vida, repletos de grandes conquistas, é a colectividade de maior dimensão do concelho da Póvoa de Lanhoso.
O futebol de 11 é a sua principal actividade desportiva, a equipa sénior que disputa a III Divisão Nacional a bandeira mais hasteada, mas na modalidade de futsal, quem brilha são mesmo as mulheres, que militam no campeonato distrital feminino.
Com um plantel jovem, fruto da reestruturação levada a cabo no departamento de futsal feminino, o Maria da Fonte dominou praticamente toda a época, chegando a um recorde absoluto de 27 vitórias consecutivas e quase quatrocentos golos marcados. O sonho da subida aos nacionais parecia uma realidade, mas a estrelinha dos campeões traiu-as na antepenúltima jornada, e acabaram por deixar escapar o título para as grandes rivais do FC Vermoim, equipa que acabou por fazer a festa no desempate pelo confronto directo, vencendo por 8-5 na segunda volta do campeonato, anulando assim a derrota por 5-4, na Póvoa de Lanhoso, na primeira volta da competição. Uma semana depois as rivais levaram também a taça... Foi um golpe duro na equipa marifontista. No entanto, o futuro das ‘ma-rias’ é risonho na próxima temporada, como assegura João Oliveira, director do departamento de futsal, habitualmente ligado ao futebol, mas que acedeu ao convite do presidente do clube, João Gomes, para chefiar este ano a secção.
“Fizemos uma época fantástica, mas nesta parte final as atletas acabaram por acusar bastante o desgaste e apareceram algumas lesões que nos limitaram. Mas quero sublinhar que elas fizeram tudo por tudo para ser campeãs, não conseguimos, tentaremos para a próxima época, porque o projecto não acaba aqui”, referiu o director, que ainda não sabe se vai permanecer no cargo. “Mas se continuar será com muito prazer dirigir este grupo de trabalho”, acrescentou...

Veloso Motorsport na Rampa da Falperra











Brilho no pódio

O regresso dos carros de competição ao exigente traçado da Rampa da Falperra, em Braga, no passado fim-de-semana, saldou-se num esmagador sucesso, com a presença de muitos milhares de espectadores ao longo de toda a pista.
A Veloso Motorsport contribui também para esta festa, com a presença de Patrick Cunha em Lamborghini Gallardo e de Martinho Ribeiro com o Ginetta G50 da equipa da Póvoa do Lanhoso.
Com objectivos predefinidos, de retirar o máximo de diversão desta sua experiência no Campeonato de Portugal de Montanha e acima de tudo, com a presença nesta carismática prova, os dois pilotos estiveram sempre muito bem, garantindo o segundo e terceiro lugares do pódio entre os carros da categoria GT, com Patrick Cunha a ser mesmo o quinto em termos de classificação absoluta...

Cem anos de República (7)

“Maria da Fonte”: luta do povo contra Cabrais
Na quinzena passada, estávamos em plena conspiração entre Mijados e Chamorros, em Fevereiro de 1844. A desordem alastrava a vilas como Fafe e Póvoa de Lanhoso e no mês de Maio eram frequentes as notícias de crimes. Eram os primeiros momentos do germinar da Re- volta da Maria da Fonte em que "muitas mulheres foram dadas como sendo as autoras do despoletar da revolução, portanto muitas Marias da Fonte existiram".
Em Julho de 1845, para travar esta insegurança, Braga era patrulhada durante o dia e durante a noite: "está tudo muito em perigo" (cf. Lembranças do Gusmão), quando os Mijados recebem ordens para se retirarem de Braga, quando começava a ser construída, a partir dos Granjinhos, a estrada para Guimarães.
Já em 1846, apesar de todos os constrangimentos, a rua da Boavista (Cónega) celebrava a Páscoa com todo o fulgor: "começou a festa do povo na Cónega. Veio acoçar (perseguir) a tropa, porém retirou-se ferindo alguns soldados. estes mataram algumas pessoas que não entraram no barulho. Os paisanos sustentaram-se algum tempo ao pé de S. Brás do Carmo (Merelim). Às quatro da tarde começou o barulho nas Palhotas. Vieram até à fonte da esquina que é seca; porém, retiraram-se os paisanos para o fim da rua e aí sustentaram o fogo durante algumas horas, ferindo soldados. estes feriram um rapaz" (cf. Lembranças do Gusmão).
Na Póvoa de Lanhoso, davam-se as primeiras escaramuças daquela que é conhecida como a revolução da Maria da Fonte — à qual voltaremos com pormenor, nas próximas edições — mas já tinha "tomado um carácter assustador" — escrevia a imprensa da época.
"Depois dos primeiros acontecimentos de Braga e de Guimarães, tinham-se sublevado a Barca, Arcos, Ponte de Lima e Barcelos" — escrevia o jornal "Coalisão", em 21 de Abril de 1846, dando conta de que "de diversas partes marchava povo armado em auxílio dos sublevados de Braga, por saberem que para ali tinha marchado a força que saiu desta cidade"...