Em 2017

Concelho ‘fugiu’ à tragédia que abateu Portugal

Até este momento, re-gistaram-se, no concelho da Póvoa de Lanhoso, um total de 181 incêndios, que consumiram 186 hectares de floresta, 291 hectares de mato e 6 hectares de área agrícola. A tudo isto, juntam-se 71 apoios a outros corpos de bombeiros do distrito e a presença nos grandes incêndios que assolaram o país, como os casos de Góis, Boticas, Alijó, Ribeira de Pena, Sertã, Alijó, Portalegre e Torre de Moncorvo, integrando os grupos de reforço distrital. Na Sertã e Alijó, marcou também presença o comandante da corporação de bombeiros povoenses, António Veloso, que comandou os grupos de reforço.
Neste ano, e como explica o comandante dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de La-nhoso, António Veloso, o pior cenário no concelho ocorreu a 15 de Outubro, num dia com condições meteorológicas adversas, com muito vento, com rajadas que chegaram a atingir os 80 Km/hora, que provocaram a rápida propagação de um incêndio que deflagrava em Louredo e estendeu-se até Ventuzela, na freguesia de S. Martinho do Campo, e Galegos, numa frente de fogo de perto de 3 quilómetros e com as chamas próximas de habitações. O dia foi de intenso combate no distrito e os bombeiros povo-enses dependeram apenas de si para parar a progressão das chamas. O incêndio próximo do Monte do Pilar foi aquele que mais meios mobilizou este ano, fruto da disponibilidade de outras corporações para ajudar no combate às chamas.
“Naturalmente que, a nível nacional foi uma tragédia, pelas mortes que houve e pelos bens afectados. A nível da Póvoa de Lanhoso, é um ano que eu posso considerar normal. Relativamente ao ano de 2016, foi muito menos traba-lhoso. O ano passado tivemos 300 ignições. Em termos da área ardida, o ano passado passou dos 1000 hectares, entre mato e floresta. Este ano, em grande parte dos incêndios conseguimos colocar quatro ou cinco carros, com um ataque inicial musculado, quase sempre com a presença de meio aéreo e os incêndios não ganharam dimensões muito grandes. O do dia 15 foi o pior”, referiu António Veloso.
No dia-a-dia dos soldados da paz povoenses, o combate a incêndios representa cerca de 7% do trabalho realizado ao longo do ano.
Com esta última aquisição e com as aquisições no ano passado, felizmente, ao nível das viaturas de incêndios tivemos uma melhoria muito grande. Mais dois carros com cabine de cinco lugares e com capacidade de água de 4 mil litros cada um e isso veio-nos enriquecer muito a frota. Já tí-nhamos uma frota considerá-vel. Já há alguns anos que essa aposta vem sido feita pela direcção da corporação”, explica o comandante dos bombei-ros, adiantando que “a nível de pré-hospitalar, com a aqui-sição da nova ambulância, podemos falar, no futuro, em substituição e não em adquirir mais pois temos viaturas que estão a chegar perto de meio milhão de quilómetros”.
“Depois, temos a parte clínica e essa sim é a que vai fazendo maior renovação pois fazemos uma média de 300 a 400 quilómetros diários e isso faz com que haja um grande desgaste”, acrescenta António Veloso.
População tem que adoptar outros procedimentos
no uso do fogo
O comandante António Veloso deixa o alerta: a população tem que adoptar outros procedimentos no uso do fogo. “As pessoas não podem usar o fogo de qualquer ma-neira, para limpar, para a queima de sobrantes”, alerta António Veloso.
“As pessoas têm que ter noção que estamos a atravessar alterações climatéricas graves e devem ser mais cautelosas a fazer a queima de sobrantes. A mentalidade de usar o fogo de qualquer maneira tem que mudar”, aconselha.