EDITORIAL

Armindo Veloso




  

Limitação de mandatos

Eu sempre fui a favor da limitação de mandatos para certos cargos políticos principalmente para presidentes de  câmara que, como sabemos, são aqueles que se souberem trabalhar nos bastidores, se podem eternizar no poder.
Há, no entanto, casos que não deixam de preocupar.
Um homem ou mulher novos – digo novos e não jovens porque no caso de serem jovens o problema torna-se menor – com cerca de 40 anos sendo eleitos para presidentes de câmara  de um determinado concelho e sendo minimamente competentes cumprem facilmente os três mandatos que a lei permite.
Esses presidentes de câmara fazem três mandatos – 12 anos passam numa ‘fervurinha’ – e se forem sérios e não meterem a mão na massa, como há muitos que não me-tem, ficam aos cinquenta anos apeados e ‘tesos’. Ou têm actividades que já vinham do antigamente e que mantiveram ou ser-lhes-á muito difícil iniciar uma carreira ou uma actividade profissional com aquela idade.
A maioria de nós nas conversas de café resolve facilmente o problema mandando uma atoardas para o ar: ele(a) safou-se. Esteve lá doze anos não acredito que que não esteja bem de vida; os amigos vão-lhe dar a mão. Não lhe vão faltar sítios para onde ir, etc, etc.
Não penso assim. Em muitos casos, rei morto rei posto e o rei morto passa rapidamente ao esquecimento.
É por isso que eu acho que quando os presidentes de câmara são competentes e queridos pelo povo é um desperdício irem para a prateleira ao fim de 12 anos.
Se não tiverem complexos, às vezes os complexos estragam tudo, julgo que deviam integrar uma lista  com bons elementos e desempe-nharem o lugar de vereadores. Já sei, há sempre o problema de durante um tempo o presidente eleito sentir uma sombra. Mas, se souberem gerir essas ciumeiras mesquinhas junta-se o útil ao agradável: o presidente eleito tem nesse vereador um grande suporte de experiência e o vereador, então presidente, não fica apeado numa idade critica para se dedicar à selva do mercado.
Conheço casos que não estão a ser nada fáceis de gerir tanto a nível de actividade profissional como a nível psicológico. Não desperdicemos as experiências de ex-presidentes que construíram uma relação empática com a ‘nação’ do seu concelho e que pode muito bem ser rentabilizada desta forma se as pessoas se respeitarem e entreajudarem. Se assim não o fizerem, como em grande parte dos casos não fazem, entregam facilmente o ‘ouro ao bandido’.
Dito de outra forma: ficam sem pau e sem bola.

Até um dia destes.