Domingos Mendes da Silva

Mais de quarenta anos
dedicados à pintura


Começou a pintar com tinta de esmalte, que se usava na oficina de seu avô, ourives de profissão, residente na freguesia de Travassos. Usando cartão e caixas de sapatos, Domingos Mendes da Silva desde tenra idade mostrou talento para a pintura. Os rabiscos de criança deram lugar a verdadeiras obras de arte. Com mais de quarenta anos dedicados à pintura, Domingos Silva é um dos mais talentosos artistas do concelho.
‘Pontos de Vista’, uma exposição de pintura e escultura patente na galeria do Theatro Club até 6 de Março, passa em revista um pouco do seu percurso como artista plástico. Às telas, juntam-se também as esculturas, com as suas cores apelativas e sonoridades. Um entrelaçar de cores e melodias que passam em revista um pouco da sua carreira.
“O gosto pela pintura surgiu naturalmente, em tenra idade, mesmo antes de entrar na escola primária já andava de volta dos papéis e dos lápis para fazer desenhos”, explica Domingos Silva, aquando da visita à exposição ‘Pontos de Vista’.
“Sei que encontrava figuras nos jornais e procurava reproduzi-las. Foi um gosto que nunca perdi
Ficava fascinado a olhar para certas imagens e com o desejo de conseguir fazer igual. Fui tentado e fui melhorando.
“Na altura, diziam-me para estudar e para deixar de fazer bonecos. Mais tarde, na escola cruzei-me com alguns professores que viram que eu tinha algum talento, que me apoiaram e me incentivaram. Inclusive, um deles, o professor Nuno Barreto, o que mais me incentivou, falou com os meus pais e aconselhou-os a colocaram-me numa escola que tinha aulas de artes plásticas, o Conservatório Calouste Gulbenkian que, para além de música, tinha artes plásticas”, conta-nos o artista.
“O primeiro quadro pintado a óleo foi uma paisagem retirada de um livro e o segundo foi o retrato do avô. Antes disso, eu pintava com tinta de esmalte, que era a tinta utilizada em casa para pintar os despertadores. O meu avô era ourives e tinha lá um relojoeiro a trabalhar. Pintavam os despertadores com essas tintas. Eu pintava em cartões, em caixas de sapatos”, revela.
“Sou muito sensível às cores. Um quadro é uma organização de formas e cores. É um equilíbrio de formas e cores postos numa superfície e essas cores estão associadas a sentimentos. Não há cor que eu goste mais do que outra. O que há é uma associação de cores”, explica.
A figura humana e as pai-sagens marcam fortemente a obra do autor. “Sirvo-me da figura humana e das paisagens. As casas não são mais do que pretextos para fazer associações com formas simples geométricas, como os quadrados e os triângulos”, salienta, passando em revista alguns dos quadros patentes na exposição.
Agora aposentado, depois de vários anos a leccionar, Domingos Mendes da Silva revela que tanto a pintura como a escultura são um escape, uma forma de manter o equilíbrio interno.
Pablo Picasso foi a sua grande influência no tempo de escola e, ainda hoje, o cubismo está patente nas suas obras.
“Gosto de olhar para os trabalhos, ver a evolução, ver  os vários períodos por que passei”.
Dá-me gosto ver o que pintei”, explica o Domingos Mendes da Silva.