EDITORIAL

Armindo Veloso




  

Dança da roda

Já aqui escrevi, num contexto não muito diferente, acerca  da dança da roda. Trata-se obviamente de uma metáfora para outros voos, outros temas. E qual havia de ser o tema no tempo que vivemos em Portugal? Política, pois claro.
Por muito que desagrade a vasta gente o facto de António Costa conseguir ser primeiro ministro pela porta do cavalo é legítimo e legal. Mas, sendo legítimo e legal não deixa de ser uma mancha que o perseguirá enquanto governar.
Não duvido muito que serão centenas as vezes que no parlamento e não só lhe lembrarão que é primeiro ministro mas que perdeu as eleições e que chegou lá de uma forma enviesada – neste governo é quase tudo de uma forma enviesada: primeiro ministro perdedor e partidos de esquerda que apoiam o governo numa lista de coisas, não o apoiando em quase tudo o resto e não participando com membros das suas listas, ou outros, na sua composição.
Nos primeiros meses vai haver leite e mel. Serão as devoluções: dos cortes nas reformas; dos salários da função pública; as progressões nas carreiras serão descongeladas; aumento do salário mínimo, etc, etc.
O problema vai ser quando a ‘poeira do leite e mel’ serenar e cairmos na real.
Não andarei muito longe da verdade mas o futuro encarregar-se-á de o comprovar que este acordo à esquerda que deu origem a este governo a seu tempo vai provocar um terramoto no nosso espectro partidário principalmente à esquerda. Haverá partidos hoje grandes, caso do PS, ou médios, casos do Bloco e da CDU, que se reduzirão a grupos parlamentares que caberão num táxi e criar-se-ão partidos ou partido que, quem sabe com gente capaz, nada de PRD's, que se transformarão no centro da política nacional. Quem diria meus amigos, quem diria há meses que seria possível termos um governo onde o partido comunista mais ortodoxo da Europa tem uma palavra decisiva.
Do Bloco já nem me apetece falar porque ao ver aquele elenco desfilar todos os dias na televisão só me apetece rir para não dizer chorar. O que sabe grande parte daquela gente acerca da vida no seu mais profundo sentido?
Uma coisa é certa a direita e o centro direita em Portugal só regressará ao poder com maioria absoluta. A não ser que as comadres: PS; CDU; BE se zanguem entretanto.
Até um dia destes.