História do Concelho da Póvoa de Lanhoso está agora acessível a todos

Enjeitada’ por uns e admirada por outros, eis Maria da Fonte

“Foi  a  Maria  da  Fonte  a  personificação  fantástica  de uma  coletividade de amazonas de tamancos, ou realmente existiu, em corpo e foice roçadoura, uma virago revolucionária com aquele nome e apelido?” A dúvida foi suscitada pelo escritor Camilo Castelo Branco, no seu romance ‘a enjeitada’ publicado em 1884 e baseado no relato do administrador do concelho contra quem as mulheres se revoltaram, no ano de 1846.
No ano seguinte à publicação, a Póvoa de Lanhoso tenta repor a verdade sobre Maria da Fonte e, é neste  contexto, que nasce o jornal Maria da Fonte, que procura relatar os acontecimentos com o objectivo de ‘desmontar’ a imagem que o romance de Camilo Castelo Branco faz transparecer.
É um jornal local contra o ‘peso’ de um escritor reconhecido, mas há “uma apropriação idiossincrática pela comunidade da Póvoa de La- nhoso” explica Paulo Freitas, técnico superior do município da Póvoa de Lanhoso que, fruto da sua formação em História, se tem dedicado a Maria da Fonte.
Através do jornal, Maria da Fonte passou a entrar, todas as semanas, na casa das pessoas e é a força da comunidade que continuará a renovar o espírito que esteve subjacente à revolta das mulheres no Minho que teve impacto no concelho, com a demissão do administrador Ferreira  de Mello, e no país com a demissão do ministro de então.
Maria da Fonte passou a ser evocada de múltiplas formas. Está imortalizada em hino, mas também na música, na literatura, nos jornais e periódicos.
Na Póvoa de Lanhoso, foi também criado o Sport Clube Maria da Fonte, em 1925, outra instituição que leva o nome da heroína.
Mais recentemente, foi fundada a Academia de Música Maria da Fonte que, desde o ano lectivo transacto, assegura o ensino articulado da música na Escola Básica do 2.º            e 3.º ciclos Gonçalo Sampaio.
A história e a memória associada a Maria da Fonte está no Centro Interpretativo que leva o seu nome e que pretende ser espaço de educação, de divulgação e de investigação, não só para as gentes do concelho, mas aberto a todos os visitantes, em especial às escolas.
Para criar este espaço, o município da Póvoa de Lanhoso adquiriu e intervencionou, com o apoio de fundos comunitários, dois edíficios, localizados no Largo António Lopes e a ladear o Theatro Clube.
Num dos edifícios - onde está agora instalado o núcleo interpretativo - terá funcionado, no rés-do-chão, a taberna de uma das mulheres da revolta - Maria Luísa Balaio.
O núcleo documental está direccionado para um público mais especializado, disponibilizando postos de estudo e até scaner para digitalizar os documentos, abrindo caminho para novas investigações.