EDITORIAL

Armindo Veloso




  

Quererão servir o povo e honrar Portugal?

Quererão servir o povo e honrar Portugal? É o título desta crónica e inicio o texto com a mesma frase para lhe dar o ênfase que pretendo. Os resultados eleitorais: Coligação de centro direita com uma larga maioria relativa, cento e sete deputados eleitos - como sabemos a maioria absoluta atinge-se com 116; o partido socialista com um pouco mais de trinta e dois por cento dos votos, 86 deputados; o bloco de esquerda, a surpresa destas eleições, com cerca de dez por cento, 19 deputados eleitos; a CDU, para mim a grande desilusão das eleições com cerca de oito por cento, com 17 deputados e todas as outras forças políticas com votações sem expressão.
A partir daqui temos duas hipóteses. De uma forma realista não vislumbro mais. Ou a coligação faz acordos parlamentares com o Partido Socialista para que a espinha dorsal da governação – refiro-me a reformas estruturais tão necessárias para o desenvolvimento do país e para a sustentabilidade do chamado estado social seja garantido ou em contra- partida começam todos ‘às cabeçadas’ olhando cada qual para o seu umbigo como António Costa deixou antever na campanha eleitoral dizendo claramente que não viabilizaria um orçamento apresentado pela coligação de direita – para mim foi o tiro na nuca que Costa deu e que se veio a reflectir nos resultados eleito-rais.
Muita coisa foi feita nestes últimos quatro anos. A maioria delas e as com sinal verme-lho foram bem feitas: Tivemos só um resgate; não necessitamos de mais tempo; temos vindo a negociar tranches de dívida com os juros mais baixos para além de nos financiarmos com juros historicamente baixos; o desemprego sendo muito alto tem vindo a descer; o crescimento económico é pequeno mas vai dando sinais positivos e a redução do deficit, elemento fundamental está no bom caminho.
Estes pilares de garagem da governação na nossa situação só serão mantidos e reforçados se houver condições de governabilidade.
Haja juízo e deixem os caciques e os comissários políticos a falarem sozinhos. Caros Passos Coelho e António Costa, entendam-se para o bem de Portugal.
PS – no que diz respeito a António Costa, não me parece que tenha futuro como líder do PS. Quem apeou um secretário geral por este ter ganho eleições por poucochinho não tem condições para continuar tendo perdido as eleições mais importantes por ‘muitinho’. Os partidos não perdoam e aquele algazarra de apoio na noite das eleições vai-se desvanecer dentro de dias as facas já se adivinham no ar.

 
Até um dia destes