EDITORIAL

Armindo Veloso




  

Saber da Poda

De vez em quando somos todos arrogantes. Naquilo que me diz respeito também tenho a minha dose. O que se pede é que a arrogância – optei por lhe chamar assim não sendo obrigatória a força da palavra no sentido que lhe quero dar - seja gerida com algum jeito o que às vezes nos vai faltando.
Há dias atrás discutia política numa mesa de jantar com amigos. A maioria deles não passa cartão à política e só vai ouvindo frases soltas nos corredores da vida.
Senti-me comparativamente esclarecido. Argumentei e só pequei pela forma.
Eu, como não ligo quase nada ao futebol, quando não sei, é a maioria das vezes, pergunto. Não tenho qualquer complexo de perguntar o que quer que seja acerca de futebol; astronomia; matemática; geografia, etc, etc. Não sei, informo-me. Agora aturar – termo carinhoso porque se trata de gente que gosto – pessoas a quererem dizer “tá-tã” acerca de política, não política no sentido partidário porque aí outro galo canta mas sim política praticada ou seja medidas políticas.
Ex's: andam a cortar nas reformas dos pobres. Essa frase tira-me do sério porque factualmente mais de 85% das reformas uma vez que são baixas, mas isso é outro tema..., não lhes cortaram coisa nenhuma e até houve um aumento residual, indexado à inflação, de 1,5%; as autoestradas foram muito bem feitas. Pois foram. Mas algumas delas passam lá meia dúzia de carros por hora não tendo pés nem cabeça terem sido construídas; as empresas de transportes não devem ser privatizadas. Pois não. Mas se não o forem os trabalhadores continuam a organizar-se em trinta sindicatos diferentes tornando quase inviável o fim a que se destinam ou seja servir o povo que trabalha porque é esse o sacrificado com as greves mensais; a TAP é a nossa empresa de bandeira e não de-veria ser privatizada. Pois não. Mas com a dívida que foi acumulando e com as necessidades de investimento que tem não há outro remédio.
Poderia dar mais exemplos mas fico-me por aqui.
Lembro as horas e horas de TV e as manifestações feitas em Viana do Castelo e Lisboa quer por trabalhadores dos estaleiros navais daquela cidade quer pelo Presidente da Câmara, homem que estimo, à cabeça a lutar para não privatizarem os estaleiros. Há pouco tempo falei com quem está lá dentro e sabe. Disse-me que as coisas estão a correr bem e que para uma parte dos colaboradores saiu-lhes a sorte grande. Foram despedidos, indemnizados e agora estão a serem readmitidos com os salários que auferiam antes de todo o processo. Para já foram admitidos cento e cinquenta na primeira fase, mais cem na segunda e não parará por aqui.
Independentemente da opinião partidária de cada um acho que todos nós antes de votar deveríamos informarmos-nos o mínimo. Por um lado não dizíamos tantas asneiras por outro votávamos mais esclarecidos acerca dos programas de cada partido. Ou seja: saberíamos um pouco mais da poda.
 

Até um dia destes.