EDITORIAL

Armindo Veloso




 
‘Sol na eira 
e chuva no nabal’

Já não tenho pachorra para ouvir alguns dos nossos comentadores políticos - ou mesmo políticos no activo - mas mesmo assim oiço-os. Oiço-os por deformação profissional e por gostos adquiridos ao longo do tempo. Apesar de tudo prefiro ouvi-los do que ver a maioria das maratonas televisivas dos canais generalistas com garotas semi-nuas saltitantes e ouvir ‘Toy's’ aos berros.
Tenho ouvido grandes senhores, dos tais, a dizerem que os Estados Unidos da América (EU) isto os EU aquilo quando convém, e sempre pela positiva, comparando aquela união de cinco de-zenas de Estados com a Europa em muitos aspectos que de forma alguma podem ser associáveis.
Dizem, por exemplo, que os Estados Unidos já crescem 4% ao ano depois da grave crise vivida em 2008. Enfatizam que a administração Obama injectou triliões na economia salvando-a da recessão e que em alguns Estados salvaram sectores fundamentais como o sector automóvel, por exemplo.
Considerando-me apenas um cidadão atento e não me querendo comparar à mais simples dessas  ilustres cabeças pensantes, pergunto: Querem a economia dos Estados Unidos? Eu também quero.
Querem o Estado Social dos Estados Unidos? Eu não quero!
Como sabemos, comparar a organização social e administrativa dos EU à da Europa é intelectualmente desonesto.
Nós não podemos querer sol na eira e chuva no nabal.A administração Obama foi dando dentro do possível uns “toques” sociais. O “Obamacare” é um exemplo disso. Mas ainda há dezenas de milhões de pessoas sem nenhuma protecção social muito em particular no que se refere à saúde – valor supremo do ser humano.
A sociedade americana baseia-se num grande chavão: seguros privados. É justo? Eu não acho.Que bom que seria, ó cabeças pensantes dos painéis televisivos, ter sol na eira e chuva no nabal.
Quando falarmos de duas realidades deveremos falar do bom e do mau de cada uma delas e não só do que nos convém.

Até um dia destes