EDITORIAL

Armindo Veloso




 
“Quem não vê não peca”

É muito vulgar ler ou ouvir comentários, cujos autores tem os mais variados graus culturais, acerca das convulsões sociais, ou guerras que existem por este mundo fora.
De facto aquilo que não se vê ou não se ouve não existe.
Assentamo-nos  numa poltrona e no espaço de uma horita ficamos a saber a maior parte dos problemas existentes no nosso planeta terra.
Desde o Médio Oriente à África - esta muito menos mediática dá-se muito menos espaço – ficamos inteirados de tudo principalmente do que vende que são as chamadas más notícias.
E dantes?
Dantes não sabíamos praticamente nada do que se passava no mundo.
Os conflitos eram incomparavelmente maiores e em maior número do que nos tempos de hoje mas não se sabia ou quando se sabia, uma ínfima minoria de pessoas, era passado semanas ou meses.
Já nos demos ao trabalho de pensar como seriam as hipotéticas transmissões de reportagens em directo da primeira ou da segunda guerras mundiais? Já pensaram em, sem ser em filme, os canais de televisão ‘furarem’ reportagens das trincheiras ou dos fornos crematórios? Isto para não recuarmos aos séculos ou milénios onde as atrocidades vão sendo lembradas em filmes que por aí andam.
Nem é bom pensar.
Como quem não vê não peca, valorizamos os muitos milhares de mortos que hoje tombam nos conflitos sangrentos que temos e desvalorizamos os muitos milhões que tombaram ontem e antes de ontem em conflitos sangrentos indescritíveis.
Os erros de hoje não podem de forma alguma serem legitimados pelos grandes erros de ontem. Mas ajudam-nos a entender a natureza humana.
E essa nunca ninguém a entendeu nem me parece que algum dia alguém a venha a entender.

Até um dia destes