EDITORIAL

Armindo Veloso




 
Conduções 

Numa conversa com um amigo eu dizia-lhe que para mim a vida pode ser comparada à condução de um automóvel.
Se andarmos a transgredir sistematicamente  e abusarmos da pior das transgressões, a velocidade, corremos sérios riscos tanto ao nível da legalidade como no que respeita à integridade física. Sabemos que o excesso de velocidade é a causa maior da morte nas estradas.
Se, pelo contrário, cumprirmos escrupulosamente o código da estrada, entupiremos muitas vezes o trânsito e provocaremos outro perigo, o stress alheio.
Então onde está o bom senso? Estará algures no cumprimento do essencial do código e transgredirmos aqui e ali nos 30, nos 50 ou nos 120 quando a altura e as condições o proporcionarem permitindo aquilo a que se poderá chamar ‘transgressões razoáveis’.
Ora, se falarmos da vida de cada um de nós, a coisa, mais coisa menos coisa, vai dar ao mesmo.
Se formos uns fanáticos pelo cumprimento de todos os preceitos legais a vida transforma-se num marasmo e quase é impossível vive-la.
Também não pode-mos andar sistematicamente a pisar o amarelo muito menos o vermelho a toda a hora.
O problema é sabermos situar a razoabilidade dos nossos actos e das nossas decisões.
Como sabemos o mundo está formatado para que para uns passem burros e canastras e para outros, a grande maioria, esteja sempre a vara no ar.
Penso muitas vezes naqueles que nem sequer são notados no sociedade e quando ousam fazer-se notar levam logo na cabeça.
A sociedade deve prevenir os excessos mas quem tem o poder de julgar algumas destas pessoas deverá ter sempre presente uma máxima.
Como seria eu no lugar deste homem/mulher? Repugna-me uma sociedade que persegue os pilha galinhas e faz orelhas moucas para aos poderosos.
Já vai sendo diferente? Vai. Mas a velocidade aí tem pecado por defeito. 

Até um dia destes