António Miranda mantém o espírito jovem

97 anos de trabalho 
e boa disposição

É um bom conversador. Adora contar as passagens da sua vida, as peripécias vividas ao longo dos seus quase 97 anos de vida. António Miranda é o espelho da boa disposição. Casou com 25 anos e ficou viúvo há 34 anos. Independente, sempre confeccionou as suas refeições. Diariamente, caminhava mais de uma hora pelas ruas de Taíde, indo até Vilela. Uma leve trombo-se obrigou-o a parar. Está, por isso, desde Julho no Centro Social de Taíde, onde passa o dia. À noite, pernoita no Centro Social de Garfe. Em ambos os locais, já fez grandes amigos e junto dele tem vá-rios camaradas.
Sopra, neste Domingo, dia 19, as velas dos 97 anos. O dia será, pois, de festa. Com quase cem primaveras, mantém o espírito jovem.
Nasceu em S. Torcato e ainda criança veio para o concelho da Póvoa de Lanhoso. Viveu em Vilela e depois, com o casamento, veio para o lugar de Quintela, em Taíde. Trabalhou na agricultura, onde foi caseiro vários anos e na construção civil.
“Trabalhei de pedreiro durante três anos no edifício do Tribunal. Depois, fui para a tropa durante três anos. Ainda fui àquela brincadeira, à revolução da Espanha, em 1934. Queimaram igrejas…”, conta António Miranda.
“Quando vim da tropa ele já estava avançado lá para cima”, revela, referindo-se ao edifício do tribunal.
Começou a trabalhar bem cedo. Não sabe ler. A vida foi dedicada ao trabalho. Trabalhou no canal, em Taíde, em solteiro e ainda algum tempo de casado. Depois, emigrou. Esteve em França durante   alguns anos. A cada ano, permanecia cerca de 7 meses fora do país. Trabalhava na construção civil, onde fazia um pouco de tudo. Do casamento nasceram 7 filhos, dois deles actualmente emigrados.
Sorri ao falar da mocidade. “Gostava de tudo”, diz, com ar malandro.
“Se era muito namoradeiro? Ai era, graças a Deus”, sorri à pergunta do Maria da Fonte.
“Nunca tomou um comprimido. Toma agora apenas um porque lhe deu uma pequena trombose. Antes do dia 2 de Julho, dia em que lhe deu a pequena trombose, andava a pé mais de uma hora”, revela o filho, Adriano Miranda.
“Era independentemente, confeccionava as suas refeições. À quinta-feira, era dia de ir à Póvoa de Lanhoso. Fazia as suas compras e almoçava com os amigos. O seu Do-mingo era à Quinta-feira”, diz-nos ainda o filho Adriano.
De entre as várias recordações, destaca a Romaria de Nossa Senhora do Porto d’Ave, que, antigamente, era a 8 de Setembro.
“A romaria, antigamente, era no dia 8 de Setembro. Agora, é no primeiro Domingo do mês. A romaria era mais bonita. Tinha gado e vendia gado para matar. O gado era morto na rua.
Aquilo era uma loucura. Tinha mais gente do que agora. Vinha sempre às novenas. Só há cerca de 2 anos é que deixei de ir”, conta ainda António Miranda, com ar jovial.