EDITORIAL

Armindo Veloso




 
Ora tomem

A partir da segunda guerra mundial, outra forma, propositada, de dizer segunda metade do século vinte, até aos dias de hoje o mundo ficou irreconhecível.
Se ficou irreconhecível em quase tudo, julgo que na comunicação, no sentido lato do termo, ultrapassou o inimaginável.
Hoje há um ‘big brother’ em quase todo o planeta - com excepção de algumas ‘ilhas’ onde não o deixam entrar como é o caso da Coreia do Norte - que nos persegue onde quer que estejamos seja por motivos de segurança, militares, económicos ou outros.
Não tenhamos dúvidas: somos vigiados!
Ora neste mundo onde tudo e todos são vigiados – lembremo-nos das escutas telefónicas efectuadas pelos serviços secretos americanos a chefes de estado e de governo em vários países do planeta –  aparece alguém que aos comandos de um avião com mais de duas centenas de pessoas a bordo e por motivos que muito provavelmente nunca serão devidamente esclarecidos consegue ‘evaporar-se’de todo e qualquer sistema do tal ‘big brother’.
Dizem os entendidos na matéria que tal só é possível com todos os sistemas de localização desligados e com voo a muito baixa altitude o que é extremamente perigoso para um avião daquela envergadura mas o que é certo é que o mistério perdura. Ora tomem! É o que apetece dizer às mentes brilhantes que parecem perceber de tudo e que apregoam a infalibilidade dos tais sistemas.
Ninguém imaginava que tal fosse possível. Mas foi-o.
Já foram recreadas imensas teorias acerca deste desaparecimento misterioso das mais imaginativas, qual 007, às mais conspiratórias como o abate premeditado.
Há quem diga que as movimentações da pertença localização no Oceano Indico, depois de muitas frustradas, comunicadas pelo primeiro ministro da Malásia,  não passam de artifícios para amenizar o trauma das famílias, solucionar o assunto  das indemnizações e disfarçar o vexame. 
Este acontecimento dramático não é um fenómeno dos tempos modernos. É, isso sim, o fenómeno dos tempos modernos. Nada se lhe compara.
Senhores do mundo: Ora tomem!

Até um dia destes.