Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso

Bruno: um exemplo vivo 
de amor profundo 

António Daniel Silva Matos Oliveira é o seu nome mas é tratado pelos amigos e familiares por ‘Bruno’. Entrou para os Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso em 1986. O dia 3 de Março de 2005 foi um dia marcante na sua vida. Um acidente, ao serviço dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso, atirou-o para uma cadeira de rodas. Mesmo com mobilidade reduzida, o Bruno continua ligado aos bombeiros povoenses, onde desempenha a função de telefonista. O apoio das direcções, comando, corpo activo, família e amigos tem sido fundamental ao longo destes anos. Para ele, os Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso continuam a ser a sua grande paixão.

Em que ano entrou para os Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso?
Entrei para os Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso em 1986. O meu avô paterno e tios foram bombeiros. Desde pequeno que tinha vontade de ser bombeiros. Acompanhava os bombeiros quando eles vinham para os incêndios em Galegos. Aos 17 anos, entrei para os Bombeiros.

O que são para si os Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso?
Para mim, sempre foram como uma segunda família. Além de ser voluntário, trabalhava como telefonista. Passava muitas horas no quartel. Após o acidente, mantive-me como funcionário da instituição, ocupando o cargo de telefonista mas passei para o quadro de honra.

Quais os momentos mais felizes que guarda destes anos?
Os momentos felizes foram muitos. Recordo os convívios e os amigos que lá ganhei, sempre com grande alegria. As direcções sempre foram prestáveis e sempre amigas dos funcionários e dos voluntários. Entrei com o eng. Luís Pinto, depois passou para o Sr. Ferreira Martins, que teve uma passagem inesquecível, de seguida o Dr. Tinoco de Faria e agora o padre Luís Fernandes. Nestes 27 anos, sempre foram direcções que me apoiaram e continuam a apoiar.

Não podemos passar ao lado do acidente que o deixou paraplégico. Recorda-se desse dia?
Foi um dia que me marcou para toda a vida. Estava no quartel, como telefonista, e como tinha na altura a res-ponsabilidade da coordenação dos serviços de saúde e os outros dois colegas tinham serviços já marcados para mais tarde, quando caiu a chamada para o acidente fui eu e o Nuno, que é agora oficial de bombeiro. Era para ter ido outro colega mas demo-rou a fardar-se e fomos só os dois. Lá fomos para o acidente, sempre com as devidas precauções. Íamos a comentar pelo caminho que a estrada estava muito escorregadia. Num sítio onde nada fazia prever, praticamente já na recta, ia um camião à nossa frente que encostou e mandou-me passar e logo que eu passo, mais à frente, a ambulância fugiu numa mancha de gelo e nunca mais a consegui segurar.

Sentiu-se apoiado nessa ocasião?
Não tenho nada que dizer. Desde o primeiro minuto do acidente que recebi apoio. O acidente ocorreu na passagem do sr. Ferreira Martins para o Dr. Tinoco de Faria e, mesmo assim, o Sr. Ferreira Martins, já não sendo o presidente, deu-me um apoio incondicional, que jamais esquecerei. Estava sempre preocupado e a perguntar se alguma coisa me fazia falta. Não posso esquecer o apoio da direcção, do comando e dos colegas bombeiros e funcionários. Não me posso queixar. Dentro dos bombeiros, sempre me deram o apoio necessário.  O Sr. Ferreira Martins e sua família ofereceram-me uma viatura totalmente adaptada para poder fazer a minha vida normal. Não tenho palavras para lhe agradecer tudo o que fez por mim, assim como outras pessoas que me ajudaram. O sr. comandante António Lourenço tratou de tudo e ofereceram-me, nessa oca-sião, a viatura nas comemorações do 5 de Setembro. A família e os amigos têm sido os pilares da minha vida.

Continua ligado aos Bombeiros?
Fazer o voluntariado como fazia já não é possível porque fiquei paraplégico e não posso exercer certas funções mas sempre que possível, e que posso, ajudo. Continuo a ser funcionário da instituição e a exercer a função de telefonista até quando pu-der e a direcção e o comando virem que sou útil. É nos bombeiros que eu me sinto bem e é lá que eu tenho parte da minha vida e das minhas recordações. Claro que, às vezes, fico triste quando vejo os meus colegas mais apertados com trabalho e eu não posso ajudar naquelas funções que gostava. Tento ajudar da melhor maneira e contribuir com o que posso, dentro das minhas possibilidades. É um local que sempre gostei e que continuo a gostar. Continuarei a lutar, dentro das minhas possibilidades, para servir aquela casa. Os bombeiros sempre foram e são a minha grande paixão. Os Bombeiros da Póvoa de Lanhoso são para mim uma família.

Os filhos seguiram-lhe as pisadas nos bombeiros?
Neste momento, tenho o Bruno, com 21 anos, nos bombeiros da Póvoa de Lanhoso, onde é bombeiro de 3.ª, e também tenho a Bruna, na escolinha de infantes. Tenho muito orgulho em que eles queiram seguir o voluntariado nos Bombeiros. Fico feliz por os ter lá.

Que mensagem deixa a quem se encontra na mesma situação?
Espero que isso não aconteça a ninguém. A vida é assim e temos que ser muito fortes e lutar. Embora não sendo fácil, nunca nos podemos ir abaixo e passar o tempo sempre a pensar nisso. O apoio da família e dos amigos é essencial. Temos que conti-nuar a lutar.