OS NOSSOS EMIGRANTES — História de uma vida

Mais de 40 anos em Inglaterra

Casaram por procuração. Ela estava em Inglaterra e ele em Friande. Volvidos 44 anos, cumpriram o desejo que acalentava Manuel Costa: subir ao altar com a esposa, e agora na presença dos filhos e dos netos, e oferecer o ramo de flores a Nossa Senhora. Manuel Silva Costa e Isaura Alves da Silva, emigrados em Inglaterra, subiram ao altar no passado sábado, dia 17 de Agosto, com os filhos e netos a testemunhar o amor dos seus familiares.
Nasceram e cresceram em Friande. A amizade, do tempo dos bancos de escola, transformou-se em amor e dessa união nasceram três filhos.
“Ele dizia que eu ia à fonte e que deitava fora o cântaro de água só para o ir ver”, revela sorridente Isaura Costa.
Manuel foi para a Guiné em 1966 cumprir o serviço militar e Isaura abandonou o campo para procurar melhor vida em França. O destino afastou-os mas voltou a juntá-los.
Da França, Isaura, e com a ajuda do irmão de Manuel, passou para Inglaterra. Aí, tratou de toda a papelada para o casamento. Posto isso, enviou a “carta de chamada” a Manuel, para que ele se juntasse a ela.  O casamento, por procuração, realizou-se em 22 de Janeiro de 1969. A mãe de Manuel acompanhou-o. A esposa estava em Inglaterra e trabalhou nesse dia. Só em Maio desse ano que Manuel Costa se juntou à esposa e iniciaram uma vida a dois.
“Foi um dia um pouco triste porque não tinha aqui a minha esposa. Para todos, o dia do casamento é o dia mais feliz”, explica Manuel Costa.
Francisco Manuel, Anabela e Sandra são os frutos desse amor, agora preenchido com mais quatro netos.
“Não sabemos o que a vida nos reserva e surgiu-me essa ideia”, revela Manuel Costa.
Voltando no tempo, Manuel e Isaura recordam os tempos duros vividos. “A vida era muito dura. Fui para França pois tinha lá o meu irmão. Depois passei de Paris para Londres em 1968. Não havia telefone e nos seis meses que estivemos separados nunca falei para ele. Só se fosse por carta, de vez em quando”, recorda Isaura, apontando que naquele tempo não havia electricidade nem água mas era um tempo muito alegre. Sentam-se bem tanto em Friande, onde têm a sua residência, como em Londres, onde residem há 44 anos. “Friande está muito diferente. Hoje, as pessoas têm outras condições para viver”, destaca Manuel Costa.