Os nossos emigrantes História de uma vida

Mais de quarenta anos em França

O dia 25 de Julho de 1968 ficará para sempre na memória de Fernando de Jesus Machado Peixoto, natural da freguesia de Lanhoso. Nesse dia, abraçou uma nova aventura na sua vida, “indo a salto” para França, juntamente com um irmão, Hernâni, já falecido.
“Tive um irmão que foi para Angola, para a tropa. Quando foi para lá já era casado e tinha uma filha. Quando regressou disse-me que aquilo não dava para mim”, contou-nos Fernando Machado Peixoto. Com a ajuda de um “passador”, este povoense, acompanhado do irmão, iniciou uma nova etapa na sua vida.
“Fomos de carro até Montalegre e depois fomos a monte até Espanha. Estivemos na casa de um espanhol e foi esse homem que nos levou até Ourense, tirou-nos o bilhete de comboio e fomos até Paris”, revela Fernando Machado Peixoto.
“Saímos daqui no dia 25 e no dia 27 de Julho chegamos a Paris. Cheguei num sábado e na segunda-feira já estava a trabalhar”, confidencia Fernando Peixoto, revelando que o irmão, Manuel, arranjou-lhe trabalho no patrão onde estava. Com 17 anos, Fernando Peixoto começou a trabalhar em França. Para o conseguir, valeu-lhe também uma autorização que levou assinada pelo seu pai.
Foi para França mas deixou parte do seu coração em La-nhoso: a namorada Gracinda, que viria a tornar-se sua esposa. Em 1970, Gracinda foi para França trabalhar na mesma empresa que Fernando. Da união destes dois povoenses nasceram duas filhas: Ester, de 42 anos, e Sylvie, de 39 anos, que permanecem em França. Às duas filhas, juntam-se também cinco netos, o mais velho com 18 anos.
Os seus pais, Domingos Peixoto e Dalila Machado trabalharam na agricultura para alimentar os nove filhos. “Foram tempos difíceis pois os meus pais não tiveram sorte no início com as quintas. Chegamos a passar fome. Depois mudaram para outra quinta e desde aí os meus pais começaram a melhorar a situação”, esclarece Fernando, enaltecendo o esforço e trabalho de seus pais.
Reformado desde 2010, Fernando e Gracinda passam quatro meses na sua residência em Lanhoso. “Não penso ficar cá definitivamente. Fui operado às costas e tenho mais facilidades em questões de saúde em França. Também lá tenho os meus familiares. Cá, aproveito para visitar famílias e ir às festas. Este ano, vim à Páscoa. Estive cá dois meses, fui à França, e quinze dias depois voltei para Lanhoso”, revela.
“Aqui, na Póvoa de Lanhoso, gosto de tudo. Está uma vila muito bonita. Pensamos muito na Póvoa de Lanhoso quando estamos fora do país”, diz-nos, revelando uma grande amor à terra que o viu nascer.