Seminário decorreu no Theatro Club

Desigualdade de género persiste

Apesar das melhorias registadas nos últimos anos, no que diz respeito ao acesso das mulheres à saúde e à educação, ainda há muito a fazer no que respeita à sua participação e oportunidades económicas e, mais ainda, à sua capacitação política.
Estas declarações foram proferidas por Ana Brandão, da Universidade do Minho, na sessão de abertura do Seminário Internacional pela Igualdade, realizado nos dias 15 e 16 de Maio, no Theatro Club, na vila da Póvoa de Lanhoso. Fazendo uso de dados publicados em 2010, Ana Brandão apontou ainda que é no domínio da capacitação política que a desigualdade se mostra mais persistente e mais difícil de eliminar.
“As mulheres continuam, em geral, a ser pior remuneradas do que os homens, a ser mais afectadas pelo desemprego e privação económica, a acumular a jornada de trabalho com tarefas domésticas e de assistência aos outros, com evidentes impactos ao nível da carreira, e a ter mais dificuldades no acesso a cargos de decisão”, apontou Ana Brandão.
Destacando que são também as mulheres as “principais vítimas de diversas formas de assédio, agressão e perseguição sexuais e violência do-méstica”, aquela responsável da Universidade do Minho revelou que “é preciso não esquecer que os efeitos da desigualdade de género não deixam também de se fazer sentir sobre os homens, subtraindo-lhes a oportunidade de se exprimirem emocionalmente, a não ser pela violência, fazendo deles pais e companheiros ausentes, impondo-lhes padrões de assertividade, autocontrolo, coragem física e liderança difíceis de cumprir”.
“Apesar dos progressos, ainda não existe um enquadramento legal que puna judicialmente formas de incentivo à discriminação, ao abuso e à violência contra gays, lésbicas, bissexuais e transsexuais. Os programas de educação sexual implementados nas escolas omitem frequentemente informação acerca da orientação sexual e da identidade de género”, salientou Ana Brandão.
A sessão de abertura contou, também, com a presença de Manuel Baptista, presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso. Na sua intervenção, o autarca apontou que a intervenção social tem sido uma das prioridades do seu executivo, tendo sido criadas respostas que satisfaçam as necessidades das famílias em termos de alimentação, habitação e vestuário. Manuel Baptista destacou também a criação do Projecto Localdiguais, para abordar as questões da igualdade de género e funcionar como um complemento ao trabalho desenvolvido pelo SIGO – Serviço para a Implementação da Igualdade de Género.
“A Póvoa de Lanhoso é, hoje, reconhecida pela atenção que tem prestado ao tema da intervenção social, seja ao nível das famílias carenciadas seja o apoio aos idosos, seja na orientação da situação de conflito familiar. Acho que não faz sentido investir milhões de euros em estradas e equipamentos públicos se não tivermos o cuidado de estarmos próximos dos problemas das pessoas. Todos os projectos de investimento são importantes mas, nesta fase tão especial, a resposta social e a manutenção do apoio da educação dos nossos jovens é mais importante que tudo o resto”, revelou o autarca.
O primeiro dia de trabalhos contou, de entre outros assuntos, com a apresentação, por parte de Carla Melo, do Plano Municipal para a Promoção da Igualdade de Género no Concelho da Póvoa de Lanhoso.
 “A Discriminação em Função da Orientação Sexual e da Identidade de Género”, “Experiências e Contextos de Discriminação de Pessoas Transexuais e Transgénero em Portugal” e o “O Coming Out e a Terapia Familiar: Ainda se dança o jogo das cadeiras”, “Orientação Sexual e Identidade de Género: Famílias, escolas e inclusão”, “Família: Amor incondicional?”, “La importancia de la aceptación familiar para la salud física y mental de nuestros hijos”, “Violência e Assédio: Uma questão de género?”, “Discursos de violência e vitimização: Há as que ficam caladas e sofrem e há as que amuam e discutem”, e “O Crime da Violência Doméstica” foram os temas abordados no segundo dia de trabalhos.