Vida difícil para quem ganha a vida nas feiras

A crise também já chegou

“Precisa-se Clientes”. Esta foi uma das mensagens encontradas numa tenda na feira semanal da Póvoa de Lanhoso. É caso para dizer: a crise também chegou à feira.
Ao longo do espaço da feira semanal, outrora repleto de tendas, eram muitos os lugares vagos. Alguns feirantes comentavam que os lugares vazios têm vindo a aumentar ao longo dos tempos. “Os valores a pagar sobem e os clientes são cada vez menos. Aquele ali, já não vem há mais de 4 semanas”, apontava um feirante.
No último dia do mês de Janeiro, e a meio da manhã, os feirantes queixavam-se da falta de gente na feira. José Ferreira, de Vila Nova de Famalicão, marca presença na feira da Póvoa de Lanhoso há cerca de 35 anos. Com o número de clientes a baixar, aquele feirante colocou o anúncio “Precisa-se Clientes”. Na sua tenda, as calças estão como as carteiras dos clientes, cada vez mais pequenas, como afirma José Ferreira.
“Emagrecem” as calças e as carteiras. “A crise está a emagrecer o bolso dos clientes”, queixa-se José Ferreira, revelando que a feira semanal da Póvoa de Lanhoso está a precisar de clientes. As vendas estão a baixar nos últimos tempos e aquele feirante aponta ainda que muitos colegas estão a deixar de vir à Póvoa de Lanhoso.
“Os lugares são um bocado altos atendendo ao que se vende”, queixa-se José Ferreira. O clima de apatia é quebrado no mês de Agosto e a vinda dos emigrantes transforma a feira semanal da Póvoa de Lanhoso. Os filhos da terra mantêm a tradição das compras na feira semanal e os vários feirantes agradecem a preferência.
Paulo Salgado, de S. Martinho do Campo, continua a marcar presença na feira semanal mas também se queixa da falta de clientes. Há 12 anos que, semanalmente, vem à Póvoa de Lanhoso para instalar a sua tenda com vestuário de criança e de homem.
“Há menos gente nas feiras e menos dinheiro e os lugares mais caros. É difícil continuar. As Câmaras estão sempre a aumentar o preço dos lugares e a gente não vende. Há menos gente a comprar e me-nos gente na feira”, diz-nos, revelando que esperam o ano inteiro pelo mês de Agosto pois, com a vinda dos emigrantes, a feira semanal anima e os negócios melhoram.
Tal como os restantes, também Lídia Rocha, de Rendufinho, sentiu os efeitos da crise na feira semanal. Para além das flores e das árvores ornamentais, esta povoense traz árvores de fruto para a feira semanal. Pessegueiros, ameixoeiras, macieiras e videiras são alguns dos exemplares que podemos encontrar.
“Nota-se muita diferença. Há seis anos atrás, as pessoas compravam mais, procuravam mais as coisas. Agora não. Nota-se que as pessoas querem comprar e que as coisas lhes agradam mas há falta de dinheiro”, explica Lídia Rocha.
Esta feirante aponta que muitos vão ter que voltar a produzir a terra deixada ao abandono. “As pessoas deixaram a agricultura para ir para as fábricas e agora as fábricas estão a fechar. Vão ter que voltar a produzir os produtos para seu consumo”, afirma, esperando que a situação financeira do país melhore.
A quebra na venda de videiras foi notória neste ano. “Quem comprava eram os mais velhos. A juventude agora quer é chegar ao supermercado e comprar. Da maneira que isto está, muitos vão ter que voltar à terra”, revelou, apontando que se devia apostar mais na agricultura.