Centro Comunitário do Vale do Cávado

Idosos recordam o Natal...

Não havia o que comer mas havia alegria”, referiu Laura Ramalho ao “Maria da Fonte”, recordando o Natal na sua infância. Com 79 anos, e residente em Monsul, é uma das utentes seniores do Centro Comunitário do Vale do Cávado, em Monsul. “Antigamente, eram umas batatas com bacalhau e não levava ovos. Não havia nada para lhe deitar. Era no tempo de Salazar, fominha de rato. Fazíamos um bocadinho de mexidos e de aletria”, explica Laura Ramalho. “Depois, juntávamo-nos em casa, a cantar e estávamos ali quase toda a noite. Era muita alegria e era mais bonito. Prendas não havia para ninguém”, recorda aquela utente que não deixou de falar de sua mãe que criou quatro filhos sozinha pois o eu pai esteve no Brasil durante 13 anos. “O que ela passou. Dava-nos um bocadinho de bacalhau do fraco, se tivesse dinheiro para comprar”, explica. “O povo da beira juntava-se todo lá em casa, a cantar e a dançar e assim se passava o Natal. Havia mais convivência. As pessoas davam mais valor às coisas e conviviam mais”, lembra Laura Ramalho.
“Vivíamos mal. Nós andávamos a servir e chegávamos a casa no dia de Natal com o bacalhau que o patrão nos dava. Às vezes, a minha mãe ainda estava à espera do bacalhau que nós trazíamos para comermos no dia de Natal. Quando os filhos chegavam é que fazia a ceia de Natal”, explica Alexandrina Machado Azevedo.
“Juntávamo-nos e jogávamos ao pinhão. Não havia luz. A iluminação era a petróleo ou então a candeia com azeite”, relembra João Baptista Mendes, residente em S. João de Rei.
O jogo do pinhão era um dos entretimentos da noite de Ceia, como recordam os utentes do Centro Comunitário. A “roupa velha” era o manjar do almoço do dia 25 de Dezembro. Em algumas casas, o arroz de frango era outra das iguarias presentes. “A minha mãe só fazia os mexidos à noite num panelão grande de barro. Jogávamos aos pinhões e só depois  é que comíamos os mexidos. Antigamente, os mexidos e a aletria tinham que durar até ao Ano Novo”, destaca Teresa Gonçalves, residente em Monsul.
Laura Ramos, de Covelas, lembra que o seu pai comprava meio quilo de polvo para fazer um arroz no dia 25, para o casal e os seus cinco filhos.