ENTREVISTA a Armando Fernandes

“Ninguém contava que Fevereiro fosse
tão devastador para a nossa floresta”

Armando Fernandes, vereador da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso do Planeamento e Gestão Urbanística, Obras Particulares, Fiscalização e Contra-Ordenação, Gestão de Recursos Humanos, Modernização Administrativa, Mobilidade, Protecção Cívil e interinamente o Ambiente, aborda o trabalho desenvolvido em diversas áreas da sua responsabilidade, revelando alguns dos seus desejos que quer ver ser concretizados no concelho a breve prazo.

Maria da Fonte - Recentemente, foi aprovado o Plano Operacional Municipal para 2012. O que contempla, que novidades traz e qual a sua importância para a prevenção e combate a incêndios?
Armando Fernandes - O POM é um documento orientador e estratégico onde estão elencados os recursos existentes nas diversas entidades envolvidas na tarefa de prevenção e combate dos incêndios florestais e onde estão definidas, também, as estratégias operacionais que servem de base à actuação de todo o dispositivo, numa perspectiva integrada e de articulação permanente entre os vários agentes. Este plano é aprovado pela Comissão Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios que integra, para além da autarquia, entidades como a GNR, os Bombeiros Voluntários, o Exército, a Autoridade Florestal Nacional, Juntas de Freguesia, a Afocelca e a Comissão Municipal do Ambiente. Embora sem novidades de relevo relativamente ao plano anterior, trata-se de um documento extremamente importante na prevenção e combate a incêndios.

MF - O nosso concelho deparou-se, há pouco tempo, com um grande número de incêndios florestais, que ocorreram fora da época normal. O que é necessário para que tal situação não aconteça?
AF - As vertentes da prevenção e da vigilância são extremamente importantes. E a Câmara Municipal todos os anos faz uma forte aposta nessa área durante o período crítico. Mas ninguém contava que o mês de Fevereiro fosse tão devastador para a nossa floresta. Estes incêndios, que devoraram parte do nosso pulmão florestal, tiveram mão criminosa. Todos os indícios nos levam a essa conclusão. Atrevo-me a dizer que é necessário, portanto, maior eficiência e eficácia por parte dos Tribunais no que diz respeito à punição dos criminosos que, todos os anos, destroem as nossas florestas.

MF - A protecção civil concelhia reúne um conjunto de parceiros, desde autarquia, bombeiros e GNR. Como tem sido esse trabalho conjunto?
AF - O trabalho em parceria é sempre gratificante quando se respeita a autonomia de cada uma das entidades. Conforme é sabido os serviços municipais de protecção civil não possuem recursos logísticos e humanos de combate a incêndios, mas contam com a excelente colaboração dos Bombeiros Voluntários, que cumprem de uma forma abnegada essa missão. E se me permite, aproveito para agradecer, em nome do município, aos valorosos soldados da paz e às forças de segurança todo o empenho na defesa desta nobre causa.

MF - De que forma é que a Câmara Municipal apoia os Bombeiros Voluntários?
AF - Nós procuramos dar o apoio que nos é possível. Relativamente ao ano em curso, por exemplo, atribuímos um subsídio ordinário para apoio à actividade no montante de 22.000€ ao qual acresce o apoio no suporte da totalidade dos custos com os seguros das viaturas. Além disso pagamos metade dos salários de uma Equipa de Intervenção Permanente, composta por 5 elementos, que custa aos cofres do município cerca de 34.000€. Colaboramos na aquisição de novas viaturas. No período de incêndios prestamos apoio logístico no terreno aos bombeiros que estão em combate. Não correndo o risco de errar, direi que não haverá muitos municípios da nossa dimensão a apoiar os Bombeiros Voluntários da forma que nós apoiamos.
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