Associação ‘Em Diálogo’

Formação para a inclusão

Um guarda-jóias em filigrana foi uma das peças resultantes da formação em ourivesaria, promovida pela Asso-ciação “Em Diálogo” e dirigida a 14 utentes do Rendimento Social de Inserção do concelho da Póvoa de Lanho-so. O curso, aprovado ao abrigo do Programa POPH, que teve a duração de 7 meses (600 horas de formação em sala de aula e 100 horas de estágio) teve o seu culminar no dia 26 de Abril.
A área escolhida – a Ourivesaria – prende-se com o facto de esta ser uma arte secular e tradicional da Póvoa de Lanhoso, conforme destacou Clarisse Matos Sá, presidente da direcção da “Em Diálogo”, entidade que tem como uma das missões trabalhar com a população mais desfavorecida do concelho da Póvoa de Lanhoso.
Aprender a trabalhar num ofício e poder rentabilizar, no futuro, os ensinamentos aprendidos é um dos objectivos da formação, com Clarisse Matos Sá a destacar que as peças podem ser produzidas a partir de latão, e não somente com a prata e o ouro, materiais mais nobres.
Para além da componente prática, numa oficina de ourives, os formandos adquiriram conhecimentos liga- dos à matemática para a vida, linguagem e comunicação, igualdade de oportunidades, cidadania, informática e inglês.
“Não foi fácil mas apostar neste tipo de pessoas e sabermos que no final temos um pequeno sucesso é sempre uma auto-estima para quem dirige o curso e que vai fazendo o caminho com estas pessoas”, revelou Clarisse Matos Sá, apontado que os beneficiários da RSI são pessoas que são estigmatizadas na sociedade.
“Temos que apostar nestas pessoas e dar-lhes uma oportunidade”, destacou a presidente da “Em Diálogo”, revelando que o primeiro objectivo do curso foi incutir-lhes a ideia de que são capazes de ultrapassar desafios e dificuldades.
Em sala de aula, Aurora Pereira deu a conhecer um conjunto de informações relativas à ourivesaria e em especial à filigrana, conhecimentos que deixaram entusiasmados os formandos que ansiavam por “colocar a mão na massa” e aprender a executar alguns dos ensinamentos trazidos à sala de aula. As ligas, as soldas, os quilates e a fundição foram alguns dos conhecimentos transmitidos nas aulas. Depois da parte teórica, seguiu-se a parte prática, num total de 100 horas, e numa formação coordenada por José Martins. Na componente prática, os formandos aprenderam a fazer uma liga, fundir o metal, laminar a chapa, la-minar o fio e repuxar o fio. Nas bancas, o fio e a chapa foram trabalhados para dar origem às várias peças de filigrana. “Acho que os alunos aprenderam bem e podemos tirar proveito de alguns deles. Um dia mais tarde, se houver oportunidade de trabalho, poderão ficar aqui ou em qualquer outro local de trabalho”, revelou José Martins.