Homenagem a Francisco Tinoco de Faria


Homem simples de grandes causas

Foi num clima de grande emoção que decorreu a homenagem a Francisco Tinoco de Faria, na tarde de sábado, dia 26 de Novembro, na passagem do 1.º aniversário da sua morte. A homenagem, pelo Partido Socialista da Póvoa de Lanhoso, ficou marcada pela projecção de um documentário biográfico – A Linha em Vida Recta, da autoria de José Abílio Coelho – escritor e jornalista, e Tiago Barros Coelho, assim como de uma mesa redonda sobre a vida do homenageado, com a participação de amigos e familiares.
Francisco Tinoco de Faria, fundador do Partido Socialista e reputado advogado, faleceu a 25 de Novembro de 2010, dois dias antes de completar 85 anos de idade.
No início da cerimónia, realizada no Theatro Club, na Póvoa de Lanhoso, Belarmino Dias, presidente da comissão política concelhia do Partido Socialista, referiu que se tratava de uma homenagem simples, tal como o homenageado gostava que o vissem, mas, simultaneamente, muito significativa, como a sua vida foi para todos. A simplicidade na forma de estar e a enorme grandeza na hora de servir foi também referida por Belarmino Dias. “No contexto em que vivemos, onde a ausência de valores é gritante, a desconfiança aumenta, a solidariedade diminui e a liberdade tende a perder significado, cada vez são mais raras pessoas e personalidades como o dr. Francisco Tinoco de Faria”, referiu Belarmino Dias, na sua intervenção, destacando o legado de valores e de causas deixadas pelo homenageado.
Na tela, e durante cerca de 30 minutos, José Abílio Coelho e Tiago Barros Coelho deram a conhecer aos presentes, o político, o advogado e o cidadão Francisco Tinoco de Faria.
A luta travada pela democracia, opondo-se ao regime de Salazar, que lhe valeu 19 dias de cadeia, aquando da candidatura de Humberto Delgado; as incursões no PCP e no MUD, onde conviveu com figuras como Almeida Santos e Mário Soares; a passagem pela ASP (Acção Socialista Portuguesa), que se veio a transformar no PS; a fundação do Partido Socialista; a sua carreira como advogado, tendo exercido advocacia durante 21 anos na Póvoa de Lanhoso; e o seu papel como marido e pai foram alguns dos aspectos focados no excelente documentário produzido por José Abílio Coelho e Tiago Barros Coelho.
Em Braga, com Artur Cunha Coe-lho, Ferreira Salgado, Lopes Tavares, Agostinho Domingues e Jerónimo Louro procedeu à instalação do Partido Socialista no distrito e responsabilizou-se pela secção do concelho da Póvoa de Lanhoso, onde contou com o apoio de Casimiro Pinto, Adriano Sá e José Acácio Pereira Dias. Regressando a Lisboa, integrou a Comissão Política Nacional do PS, integrou a lista por Braga, em 1975, à Assembleia Constituinte, tendo sido eleito deputado.
“A carreira política nunca esteve nos seus objectivos. Por isso, assumiu sempre uma posição discreta na bancada socialista, muito embora, no silêncio dos gabinetes de S. Bento, tenha dado valiosíssima contribuição na redacção do texto constitucional, onde trabalhou directamente com Jorge Miranda, Vital Moreira e Amaro da Costa, entre muitos outros”, refere José Abílio Coelho, no documentário. A carreira política, ao mais alto nível, terminou a 2 de Abril de 1976, por opção própria.
A pedido dos socialistas da Póvoa de Lanhoso regressou à vida política e, de 1989 a 1993, desempenhou o cargo de presidente da Assembleia Municipal da Póvoa de Lanhoso.
Do casamento, em 1953, com Amália Holbeche, nasceram dois filhos, João Manuel Holbeche Tinoco de Faria, reputado advogado e presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, de 1993 a 2003, e Maria Amália Holbeche Tinoco de Faria.
Um ano após a sua morte, o Partido Socialista da Póvoa de Lanhoso prestou-lhe uma singela mas sentida homenagem, que culminou com o descerramento de uma fotografia que ficará exposta na sede do PS. (...)