Colóquio


'Maria da Fonte' surgiu
para responder a livro
de Camilo Castelo Branco

No decurso do primeiro colóquio alusivo aos 125 anos do “Maria da Fonte”, realizado a 15 de Janeiro, Paulo Freitas, Chefe da Divisão de Cultura da Câmara Municipal e autor de diversas publicações, assegura que o nascimento de ‘A Maria da Fonte’, a 3 de Janeiro de 1886, na segunda página do Jornal “Castelo de Lanhoso” se deve à defesa da P. Lanhoso face às palavras de Camilo Castelo Branco, no seu livro “A Maria da Fonte”, editado em 1885. Lendo algumas passagens do livro de Camilo Castelo Branco, Paulo Freitas considera que o autor “insulta e apelida as mulheres da P. Lanhoso de tudo o que se pode imaginar”. “Como poderia a P. Lanhoso responder?”, questiona, referindo-se aos insultos que são dirigidos às mulheres da Póvoa de Lanhoso.
“A fundação do Jornal Maria da Fonte cruza-se intimamente com um livro de Camilo Castelo Branco, “Maria da Fonte”, publicado em 1885, que comemorou 125 anos o ano passado”, dá conta Paulo Freitas.
Fundado a 1 de Junho de 1885, o Jornal Castelo de Lanhoso, muda de nome, a 3 de Janeiro de 1886, para “A Maria da Fonte”, para a defesa da Póvoa de Lanhoso face às palavras de Camilo Castelo Branco. “A memória da Maria da Fonte, déssa mulher varonil, que, excitando os ánimos, já em convulsão latente, fez surgir uma revolução popular, que, em pouco tempo ganhando poderosos alentos, abalou um throno, e que abateria um sceptro e não fôra a intervenção estrangeira, a memória d'essa heroina vae ser emfim perpectuada n'esta folha semanal, que vê hoje a luz da publicidade”, referia o editorial de “A Maria da Fonte”, na sua edição de 3 de Janeiro de 1886.
O livro “Maria da Fonte”, de Camilo Castelo Branco, tem por base o relato de um povoense, José Joaquim Ferreira de Melo e Andrade, enviado ao escritor em 1874 e que, onze anos depois, será a base do livro de Camilo Castelo Branco, conforme deu conta Paulo Freitas. Tal relato é ampliado por Camilo, que assume os relatos como a verdadeira história da Revolução da Maria da Fonte. “Nesse relato, o povoense Ferreira de Melo dá uma ideia má das mulheres da P. Lanhoso, usando umas dezenas de vezes os epítetos de amazonas e bacantes, apelidando-as de embriagadas, mulheres fáceis e promíscuas”, revela Paulo Freitas...