Cem anos de República (Fim)

Correio do Minho existe
há mais de cem anos

A última crónica sobre o centenário da República não pode terminar com uma descoberta resultante das leituras em que tropeçamos ao longo destas 50 semanas: o jornal Correio do Minho tem mais de cem anos. Esta certeza desmonta todas as escritas feitas até hoje, incluindo por nós próprios. No dia 6 de Julho de 1926 aparece um diário em Braga com o nome do jornal que “anos antes surgira vinculado ao Partido Progressista e que agora renasce noutro contexto” — escreve Amadeu José Campos Sousa in “Braga no entardecer da Monarquia ao tempo da 1.ª República (1890-1926), Casa do Professor, Braga, 2004, p. 208.
O esse jornal é “Correio do Minho”, cuja data de fundação tem vindo a ser celebrada é 6 de Julho de 1926.
A partir desta nota de rodapé — sem a sagacidade técnica de um historiador que não somos — verifica-mos que o nome “Correio de Braga” surgiu em 1890 e terá sido um jornal que durou pouco tempo.
O nome “Correio do Minho” aparece associado ao Partido Progressista que do-minava o círculo eleitoral de Braga desde 1897 e é perfeitamente natural que tivesse um meio de comunicação social que divulgasse as suas propostas políticas e as figuras proeminentes.

Um meio do Partido Progressista

A última década do século XIX é dominada em Braga pelo Partido Progressista (cf. Commercio do Minho,n.º 3401, de 10/12/1895) que retoma o poder em Braga nos anos 1898 a 1905, coincidindo com o poder em Lisboa.
Sabe-se que quem liderava o Partido Progressista eram proprietários, comerciantes, industriais, financeiros ou profissões liberais que dominavam a Associação Comercial, o Banco do Minho, o Ateneu Comercial, a Companhia de Seguros Fraternidade, e alguns padres, sob a liderança do Conde de Carcavelos (cf. Amadeu Sousa, in op. cit. p. 81-83) em substituição do Visconde da Torre (que se mudara para os Regeneradores).
Há referências ao jornal Correio do Minho, ligado ao Partido Progressista nos anos 1902 até 1907, no auge do domínio daquele partido em Braga. Este partido sofre uma cisão em 1897 e cria o seu jornal “O Progressista”. A divisão deve ter acelerado a morte deste jornal e do “Correio do Minho” porque, em 1910, Braga possuía seis semanários, um bissemanário e um trissemanário, mas já não existe nem “O Progressista” nem o “Correio do Minho” (cf. Zara Coelho, in A Implantação da República na Imprensa de Braga, Lisboa, 1990, p. 100-120)...