Editorial

Armindo Veloso




CONTRA O QUÊ?

Os cento e vinte e cinco anos do Maria da Fonte mostraram umas e lembraram outras histórias que este jornal contou ao longo de todos estes anos.
Disse-o a vários órgãos de comunicação social e reafirmo-o aqui, hoje, que me sinto muito à vontade para falar desta última década – só faltava não sentir uma vez que é o período no qual sou director – mas não me sinto nada preparado para falar dos outros cento e quinze anos. Há quem esteja muito mais do que eu e por esse facto socorremo-nos deles – o meu muito obrigado! - para elaborarmos um número especial que me parece feliz e oportuno.
Este número de aniversário teve falhas e omissões - não seria fácil não ter, dada a sua complexidade e critérios - mas sinto-me orgulhoso ao folheá-lo e lê-lo.
Desabafo.
Facto: O jornal Maria da Fonte foi sempre um jornal não acomodado e até, dito de uma forma popular, foi sempre um “jornal do contra”. Contra os poderes instituídos fossem eles Monarquia, Primeira República, Estado Novo ou poder da Igreja.
Honra-me esse passado do contra.
Tendo como base esse facto, pergunto: hoje, com a democracia consolidada, o Maria da Fonte deverá ser contra o quê? O único contra que assumo, no meu canto..., é ser contra a porcaria da sociedade em que vivemos e que é fruto dos comportamentos de todos nós.
De uma forma responsável ser contra qualquer coisa, esse contra, deverá ter um objectivo fundamentado e razoável.
Hoje, o Maria da Fonte para ter algum futuro de-verá cingir-se às notícias locais, normais, informando de forma objectiva os leitores e, a par disso, ter as suas páginas escancaradas a pessoas individuais ou representando instituições da Póvoa, criando, assim, um espaço de liberdade onde se pode, e deve, criticar e opinar acerca dos poderes instituídos sejam eles a Câmara, as Juntas, a Santa Casa ou outro.
Quem acha que o Maria da Fonte está acomodado teste-o! Envie-nos a sua opinião, a sua crítica.
Ou será que no nosso concelho proliferam os cobardes, o que não creio, que querem arremessar pedras com a mão de terceiros, seja ele um jornalista ou um director de jornal?
O tempo de notícias encomendadas e muitas das vezes pagas(!) já lá vai. Os jornais devem funcionar como fóruns da Democracia.

Até um dia destes.