Livro de Domingos Guimarães Marques

Ex-combatentes falam da guerra

Domingos Guimarães Marques reuniu testemunhos de ex-combatentes portugueses e da Frelimo no livro apresentou na Faculdade de Filosofia. “Trata-se de um livro isento que procura fazer história”, assegurou o coordenador da obra, admitindo ter ficado “satisfeito porque estes retalhos, transcritos na primeira pessoa, dão uma manta feliz”.
A apresentação do livro contou com a presença, entre outras individualidades, do embaixador de Moçambique. O escritor sentiu “obrigação” de escrever a história do Batalhão de Caçadores 3868, ao qual pertenceu. “O país não pode esquecer esses homens. A história é história e o livro revela factos da história”, sublinhou Domingos Guimarães Marques.
Descoberto o paradeiro actual dos homens e mulheres que melhor se afiguravam para narrar vários episódios da vida no teatro das operações, o coordenador da obra convidou todos eles para elaborarem o respectivo testemunho. Deste modo foi possível reunir testemunhos da guerra em Moçambique, desde a operação ‘Nó Górdio’, Julho/Agosto de 1970 até ao seu termo.
O livro, segundo Domingos Guimarães Marques, “tem todo o interesse para a história de Portugal”. E explicou: “o fim do grande império tem histórias maravilhosas para contar e depois é extraordiná-rio também conhecer o lado da Frelimo, já que tive a sorte de conseguir testemunhos de alguns ex-combatentes”.
O coordenador da obra “não conhecia as pessoas que testemunham”, até porque foi encontrando-as “casualmente”. “Temos testemunhos de pessoas de vários locais, vá-rias companhias e de diferentes anos e quase todos vieram com saudades, apesar dos momentos difíceis que passaram. Vê-se aqui o princípio e fim da guerra e como evoluir”, referiu. E para o escritor, o livro tem outra missão, que passa pelo “reconhecimento destes homens que estavam a fazer um serviço ao país”.
Com a história destas companhias, com os depoimentos dos ex-combatentes da Frelimo, como os diálogos registados em vários pontos de Moçambique, no final da guerra, tudo isto aliado aos testemunhos escritos nos livros ‘HBC 3868’ e ‘Cabo Delgado’, Domingos Guimarães Marques conseguiu criar as condições para a coordenação deste novo livro, como que “em jeito de um inmemoriam de todas aquelas e de todos aqueles que, independentemente da cor da pele, do credo político ou religioso que professavam, foram vítimas da guerra”. O coordenador da obra tem já mais cinco livros na carteira. Outro sobre Moçambique, um sobre Angola, outro sobre Guiné-Bissau e, ainda, outro sobre ‘Angela Merkel e a queda do Muro de Berlim’.
Mas quer ir mais longe e já está a trabalhar na obra ‘Passeando pelas ruas de Braga’. “Vou reunir 35 pessoas para falarem de várias zonas da cidade. A ideia do livro, que estará pronto no final do próximo ano, é contar a história na primeira pessoa”, adiantou.