Franceses nas terras de Lanhoso há 200 anos (19)

O irlandês que perseguiu Soult
até a sua aniquilação

Qnuando se encontrava no cativeiro na ilha de Santa Helena, Napoleão, nas suas memórias, escreveu que "a Guerra peninsular perdeu-me. Destruiu a minha moralidade, complicou os meus embaraços e abriu uma escola para os soldados ingleses".
Anteriormente, falamos de três valentes portugueses que dominaram as segunda invasão de Soult que quis tomar Portugal entrando pelo Minho, em direcção ao Porto: Freire de Andrade, assassinado em Braga, Silveira de Brito, grande responsável pela derrota de Soult e o eng. Vilas Boas. O trabalho sobre a Invasão francesa que devastou as terras de Lanhoso, antes da batalha de Braga, e na retirada, até Misarela, ficava incompleto se não falássemos de três estrangeiros: o marechal Soult, o tenente-general irlandês Wellesley e o seu compatriota Beresford que comandou os portugueses por terras de Lanhoso e Braga.
Se é certo que os militares franceses não contavam com a força da resistência do povo, também é verdade que a Inglaterra enviou para Portugal um punhado de oficiais, alguns dos quais perderam a vida aqui, que ajudaram a libertar o país e se cobriram de glória em todas as campanhas levadas a cabo no Minho e no resto do país.
Acima de todos, brilha com grande luminosidade o duque de Wellington, hoje considerado como um dos maiores chefes militares de sempre. Ele foi o chefe que soube conduzir, em condições muito difíceis e em completo isolamento, sempre doloroso, os exércitos aliados ao triunfo. É a ele que Napoleão dedica as palavras com que ini-ciamos esta crónica.
O tenente-general Artur Wellesley, nasceu em Dublin, a 1 de Maio de 1769.
Depois de estudar em França, iniciou a sua carreira militar com a batalha da Flandres e foi ferido na Índia, onde se tornou um militar exímio e um organizador ponderado e eficiente.
Em 1808 já se opusera com glória a Junot, nas batalhas da Roliça e Vimeiro. Volta a Portugal, um ano depois, para expulsar Soult da cidade do Porto, através de uma manobra bem concebida e bem coordenada com o comandante do exército português Beresford.
No ano seguinte é ele quem obriga Massena a deixar Portugal, derrotando-o no Buçaco. Vencidos os franceses em Portugal, em três anos consecutivos, Wellesley persegue os franceses em território espanhol, ao ponto das Cortes espanholas o nomearem Generalíssimo. Em 1813 perse-guiu as tropas de Napoleão até ao território gaulês, chegando à cidade de Toulouse.
Com a destituição de Napoleão, regressa a Londres onde é triunfalmente recebido e agraciado com o título de Duque de Wellington, mas faltava-lhe vencer o próprio Napoleão e esse triunfo aconteceu na última e decisiva batalha de Waterloo, sendo nomeado comandante supremo das forças de ocupação de França.
Os documentos que nos deixou mostram-nos um chefe militar sóbrio, perseverante, intransigente na disciplina e prudente nas decisões, características que lhe valeram o cognome de "Duque de Ferro".
De facto, ele não captava a simpatia dos seus soldados que, na manhã de uma batalha diziam que "a presença da sua figura imponente valia por muitos homens". Os soldados respeitavam-no mais do que o amavam, por causa dos insultos que dirigia às vezes aos súbditos.
Centralizador, sem dar iniciativa aos seus subordinados, Wellesley era brilhante na táctica e eficaz na estratégia contrariando a afirmação de Napoleão segundo a qual "a sorte fez mais por ele do que ele fez pela sorte".

DUPLA COM BERESFORD

Sabia fazer retiradas quando lhe parecia perigoso não o fazer (como em Talavera ou Madrid), porque gostava de atacar com eficácia (como na Roliça e Vimieiro) e ser arrasador como foi em Vitória aproveitando as falhas do adversário, como sucedeu em Salamanca.
A perseguição a Soult no fim da segunda invasão — pelo Minho — até aos Pirinéus revelam-nos um general confiante e determinado até à aniquilação total do inimigo em fuga e a sua rendição.
Adepto incondicional da formação em linha, Wellesley teve no Marechal Beresford um dos seus mais eloquentes colaboradores, apesar da derrota em Braga, na Serra do Carvalho.
Sobre este irlandês, William Beresford, escreveremos na próxima crónica.

Minhotos derrotaram
príncipe da estratégia

Anteriormente, falamos de três valentes portugueses que dominaram as segunda invasão de Soult que quis tomar Portugal entrando pelo Minho, em direcção ao Porto: Freire de Andrade, assassinado em Braga, Silveira de Brito, grande responsável pela derrota de Soult e o eng. Vilas Boas. O trabalho sobre a Invasão francesa que devastou as terras de Lanhoso, antes da batalha de Braga, e na retirada, até Misarela, ficava incompleto se não falássemos de dois estrangeiros: o marechal Soult e o general inglês Wellesley.
Falemos hoje do marechal francês que alguns bracarenses chegaram a aclamar com príncipe de Portugal: Jean de Dieu Soult, duque da Dalmácia (1769-1851). Nasceu no mesmo ano que o seu Imperador Napoleão Bonaparte, tendo-se alistado em 1786, passando por todos os postos inferiores até achegar a capitão, em 1793.
No ano seguinte consegue ser graduado em comandante de batalhão, coronel e General de brigada, ao colaborar de forma notável na conquista da Bélgica.
General de divisão em 1799, pelos seus feitos no cerco de Luxemburgo, Soult inicia uma colecção fantástica de sucessos militares, ao ponto de Bonaparte, fracassada a primeira invasão, perceber que ele era o único capaz de anexar este rectângulo da Península Ibérica.
Por isso, é enviado para a campanha de Itália, em 1804, acabando por ser um dos 44 elevados a categoria de Marechal. No ano seguinte já comandava o quarto corpo do Grande Exército de Napoleão, quando fez capitular Memmington e está na base da batalha de Austerlitz, antes de ter uma acção gloriosa durante a campanha da Prússia, em Iena e Eylau, nos anos seguintes.
Após o desaire de Junot, na primeira invasão, reforçada com a revolta dos espanhóis, torna-se parceiro de Napoleão no comando do segundo corpo, impondo-se notavelmente ao conquistar a cidade de Burgos e ocupar a Corunha, depois de perseguir o exército inglês, obrigado a retirar-se em condições trágicas em Janeiro de 1809.
Era o militar com todos os pergaminhos capazes de invadir com sucesso o pequeno reino e entra em Portugal a 7 de Março de 1809, chegando ao Porto 20 dias depois, deixando no caminho entre Chaves, Braga e a Cidade Invicta um rasto de destruição e morte.

Tão competente como vaidoso
A sua competência militar rivalizava com a sua vaidade e ambição, copiando o sonho de Junot ao desejar ser rei de Portugal, mas a contra-ofesiva portuguesa, delineada pelos ingleses e apoiada na fortíssima e surpreendente resistência dos povos nortenhos obrigaram-no a retirar do Porto em Maio de 1809.
Mesmo na retirada, como já recordamos em crónicas anteriores, ele demonstrou todas as capacidades do seu génio militar, protegendo até à exaustão a vida dos seus homens.
Na retirada para Espanha, por Montalegre, desce depois até Sevilha que conquista naquele ano para aí instalar o seu quartel-general, ocupando toda a Andaluzia, sendo apenas derrotado dois anos depois pelo mesmo general que o afastara no Minho, Beresford, na batalha de Ambuera, uma das mais sangrentas da Guerra Peninsular.
Após a vitória de espanhóis, portugueses e ingleses em Salamanca, no ano 1812, toma conhecimento que Wellington se prepara para conquistar Madrid. Soult sai de Sevilha e com outros corpos franceses força á retirada dos portugueses e ingleses.
Depois da ofensiva vitoriosa dos portugueses e ingleses em Vitória, no ano 1813, Napoleão atribui-lhe o comando de todo os exército francês na Península Ibérica, com o qual encetou uma retirada notável, tendo ainda tentado defender a cidade gaulesa de Toulouse.

Soult mostrou, em circunstâncias difícílimas, ser um militar de eleição, ao ponto de Napoleão o considerar o "primeiro estratega da Europa".
Só descansou quando os Bourbons chegaram ao poder em França e lhe confiaram o comando do 13.º Exército, combatendo ao lado do Rei contra Napoleão na batalha de Waterloo, ascendendo depois a Ministro da Guerra, em 1830.
Era tão elevado o seu talento que os próprios ingleses — que tantas vezes o derrotaram na Península — o homenagearam, sendo aclamado de forma notável em Londres. Possui a mais alta distinção militar do, Marechal-General de França, atribuída apenas a mais três militares até então, em 1847.
Soult morreu em 21 de Abril de 1851, desaparecendo assim, provavelmente, um dos melhores marechais do grande imperador Napoleão. O seu perfil, a sua capacidade e o seu génio valorizam muito mais a resistência minhota na segunda invasão.
Soult é uma figura de primeiro plano, vindo a desempenhar papéis políticos de relevância posteriormente, e foi o único dos três que invadiram Portugal que escreveu um testemunho na primeira pessoa.
Soult não escreve coisas desagradáveis sobre os portugueses e foi o único" dos três líderes militares que invadiram Portugal "que sobreviveu ao regime de Napoleão Bonaparte, tendo sido ministro da Guerra e Primeiro-Ministro.

Engenheiro de portos
assassinado em Braga


Todas as guerras têm os seus heróis e vítimas. Depois de darmos a conhecer o grande General Silveira e Bernardim Freire de Andrade, é justo lembrarmos hoje outro português que morreu às mãos dos bracarenses.
A barbárie, porém, não era um exclusivo gaulês. A populaça em fúria, antes da Bata-lha de Braga, que aniquilou três dos nossos compatriotas, instigados no boato prontamente desfeito de que eram traidores. A primeira vítima da turba seria o comandante em chefe das forças do Minho, General Bernardim Freire de Andrade que foi linchado na véspera do dia 18, onde hoje é a Praça da República (à Arcada). Seguiu-se o engenheiro militar Custódio Vilas Boas, iminente cartógrafo e autor do quimérico projecto de navegabilidade do Cávado até ao Vau do Bico, que foi arrastado do Mosteiro de Tibães até à cidade onde foi executado.
Portanto, a Câmara de Braga ao atribuir o nome de Custódio Vilas Boas, junto à Central de Camionagem, dando acesso à av. Norton de Matos, a uma artéria, homenageou um minhoto distinto que contribuiu para o engrandecimento e economia, não só do Minho, mas também da cidade de Braga.
Por fim, quando a multidão se preparava para abandonar a cidade, ainda teve tempo de eliminar o corregedor dr. Bernardo José Passos, no local onde hoje é a rua dos Capelistas.
No planalto da Serra do Carvalho, comandava a defesa do norte do País, o General Bernardim Freire de Andrade que tinha como seu Quartel Mestre, o capitão Custódio José Gomes de Vilas Boas, mais tarde, segundo o seu assento de óbito, tenente-coronel. Com tão escassos meios a opor ao invasor, dotado de escolhidos e experimentados soldados, com poder de ofensiva ainda bastante forte, apesar de toda a vontade de repelir as tropas francesas, oferecendo alguma resistência, traduzido pelo desnivelado combate, o General Freire de Andrade, face à desvantagem das forças que comandava, retirou para Braga, onde poderia melhor estabelecer a defesa da cidade. Esta estratégica retirada, não foi bem vista pelo povoléu, que amotinado julgou Freire de Andrade, como jacobino e francesismo, pois tinha o labéu de ter tomado parte na famosa Legião Portuguesa, incorporada à força no exército francês, aquando da Primeira Invasão comandada por Junot. O seu Quartel Mestre, Custódio José Gomes de Vilas Boas, apanhou por tabela essa desonra. A fúria do povo, descarregou sobre essas duas notáveis figuras de portugueses, a sua raiva. Um e outro pagaram, com a vida, o seu patriótico exemplo. Primeiro, em 17 de Março, é assassinado Bernardim Freire. Luís Costa, num dos seus artigos socorre-se do livro de óbitos de São Lázaro: “Aos dezassete dias do mês de Março de mil oitocentos e nove faleceo com todos os sac. digo faleceo por-que o matarão em o Campo de Santa Ana com tiros o General em chefe Bernardim Freire seo corpo foi posto em hum Caixão e sepultado em esta Parochia de São José e athé ao Prezente nada teve de sufrágio”.
Em consequência do avanço das tropas napoleónicas, avanço que, na região atribuíam a traição dos chefes militares portugueses, temendo pela sua segurança, Vilas Boas, refugia-se no Convento de Tibães, tendo ali sido procurado pela enraivecida, turbulenta e desorientada turba. Trazido para Braga, é assassinado, também a tiro, no Campo de Santa Ana, no dia seguinte ao da morte de Freire de Andrade, 18 do mês de Março de 1809. Por seu lado, Bernardino Amândio, na obra “O Engenheiro Custódio José Gomes de Vilas Boas”, afirma que, “apesar de ter desaparecido com Vilas Boas, o notável Engenheiro Militar e hidráulico, a figura culta e profunda que se surpreende nas obras e escritos que nos legou o Livro de Óbitos de São Lázaro apenas se limita a acrescentar a causa da sua morte, em “o dia de guerra” e o local da sua sepultura ‘na paróquia de S. José, sem nada ter por sua Alma ’. Arnaldo Gama, na obra “O Sargento Mor de Vilar” sustenta que “Custódio José Gomes de Vilas Boas, Quartel Mestre General, era oficial de engenharia, homem inteligente e de muito saber, Foi o primeiro engenheiro a quem se incumbiu a canalização do Cávado, assunto sobre que deixou escritas algumas memórias… Gozava de toda a confiança e amizade de Bernardim Freire, a quem tinha auxiliado valiosamente com o seu saber e com a sua energia na organização da defesa do rio Minho. Desde longa data que os comerciantes, marítimos, agricultores e industriais do vale do Cávado (Baixo Minho e até Trás-os- -Montes) vinham reclamando junto dos poderes públicos o aproveitamento da foz do rio, em Esposende, para se formar ali um porto de mar, ao mesmo tempo que achavam que seria de toda a conveniência, para desenvolvimento e escoamento dos produtos daquelas regiões que fosse encanado o rio. No ano de 1795, a Rainha Dona Maria I, “compreendeu o alarme da gente de Esposende e deve-se o primeiro estudo sério e talvez único até aos nossos dias. Por Alvará de 20 de Fevereiro de 1795, aprovou o plano de obras de canalização e navegação do rio Cávado, desde a sua foz até ao Vau do Bico, na confluência dos rios Cávado e Homem”. No entanto só no dealbar do século XIX, é que o antigo desejo dos povos do Baixo Minho principiou a tomar verdadeiras providências para se vir a concretizar tão audacioso projecto, com a entrega da direcção, projecto e demais necessárias acções, ao Capitão de Engenharia, Custódio Vilas Boas. Do projecto fazia parte a construção do porto para entrar na barra de Esposende e na Enseada dos Cavalos de Fão.
Vilas Boas chegou a dar início as obras, mas o estado de guerra em que o País se viu envolvido, fez com que elas fossem interrompidas e jamais voltando a ser retomadas. Para isso contribuiu o desaparecimento inglório do Engenheiro Director.

General que bracarenses
mataram pelas suas mãos

Todas as guerras têm os seus heróis e vítimas. Depois de darmos a conhecer o grande General Silveira, cuja estratégia contribuiu para a derrota e fuga de um dos maiores exércitos europeus, é justo lembrarmos hoje outro militar português que morreu às mãos dos bracarenses.
O General Freire de Andrada regressou ao cargo de governador militar do Porto, em 1809 e recebe a missão de defesa do Minho, já na 2ª invasão francesa, tendo a regência indicado quais os lugares que deveria defender. Tal não foi possível devido à rapidez do avanço inimigo e à continua escassez de homens treinados e de armas, mesmo assim consegue impedir a passagem de Soult por Caminha, não impedindo todavia a invasão de Trás os Montes.
Tentou ainda, em diversos reconhecimentos entre Braga e Ruivães, escolher um local adequado onde pudesse montar uma linha de defesa, depara-se com imensas dificuldades, que começavam na indisciplina que ainda reinava no seu exército e decide então a retirada para o Porto. Os seus homens extremamente permeáveis às influências dos habitantes da zona, são levados a crer que ele estava a abrir o caminho para os franceses e prendem-no.
Ainda conseguiu salvar-se de uma primeira situação complicada, pela mão de António Bernardo da Silva, comandante de ordenanças, que travou os ímpetos dos que acusavam Bernardim de colaboracionista e de ter entregue o país aos franceses, mas mais à frente nada pôde fazer quando milícias, misturadas com camponeses o quiseram linchar pelos mesmos motivos.
Por mais uma vez valeu-lhe o Barão de Eben, que comandava um regimento sedeado no Porto, e que o queria levar para o seu quartel, o pior é que a pequena escolta que deixou foi insuficiente para conter a população e no dia 18 de Março é assassinado juntamente com o seu quartel mestre general Custódio José Gomes Vilas Boas, em Tebosa, perto de Braga.

PERFIL

Alistou-se no exército e entrou como cadete no Regimento de Infantaria de Peniche, que fazia parte da guarnição de Lisboa, depois de ter frequentado o Colégio dos Nobres.
Em 1782 foi promovido a Alferes na 5.ª companhia do Regimento, companhia onde se manteve até ser promovido a Major. Em 1793 foi com o seu regimento para a Catalunha, integrado na Divisão Auxiliar que ajudou o exército espanhol na guerra contra a República francesa.
Em 1794, durante a campanha, foi promovido a Coronel do seu regimento, tendo sido ferido no ataque à posição de Madalena. Com o fim da campanha, devido à paz de Basileia, entre a Espanha e a França revolucionária, e subsquente regresso a casa foi promovido ao posto de brigadeiro.
Em 1800 foi nomeado governador e capitão-general da capitania de São Paulo, no Brasil. Não embarcou devido aos preparativos de guerra contra a Espanha, o que veio a acontecer em Maio de 1801. Foi nomeado comandante da brigada de granadeiros e caçadores do exército do Alentejo, tendo participado no combate de Arronches, conseguindo salvar as tropas do comando de Carcome Lobo de serem totalmente destruídas.
A seguir à guerra, participou em diversas comissões, no âmbito das reformas do exército postas em prática a partir de 1803. Em 1807 foi promovido a marechal de campo, e nomeado Governa-dor das Armas da região militar, com sede no Porto, conhecida por "Partido do Porto". Cargo que não tomou posse imediatamente devido à ocupação do país pelo exército francês do comando de Junot.
A revolta do Verão de 1808 contra o exército francês, despoletada em Madrid, no célebre dia 2 de Maio de 1808, e que de Espanha se propagou a Portugal, encontrou-o em Coimbra, para onde se tinha retirado em finais de 1807, juntando-se aí ao seu primo direito, D. Miguel Pereira Forjaz, futuro secretário da Regência. Dirigiu-se para o Porto para ocupar o posto para que tinha sido nomeado em 1807, e organizou com D. Miguel, e com as poucas forças e armas que existiam, um pequeno exército, que com o nome de «exército de operações da Estremadura» se dirigiu para Coimbra, onde chegou a 5 de Agosto, tendo apoiado sempre o flanco esquerdo do exército britânico, do comando do general Wellesley, o futuro duque de Wellington.

DECISÕES DIFÍCEIS

As decisões militares e políticas de Bernardim Freire de Andrade, sobretudo a de não juntar a sua força à do exército britânico, são a posteriori controversas, mas ainda hoje difíceis de analisar. A verdade, é que a sua acção em conjunção com a força comandada pelo general Bacelar, teve como consequência o impossibilitar a junção do corpo de tropas do general Loison ao do general Delaborde, o que permitiu aos britânicos só encontrarem as tropas do último na Roliça, e terem tempo, de receber os reforços que irão ser tão necessários para a derrota do exército francês de Junot, no Vimeiro, em 21 de Agosto.
Após a assinatura da Convenção de evacuação do exército francês de Portugal, a que se opôs, regressou ao Porto onde tomou o comando das forças militares do Porto e do Minho, que se preparavam para a defesa de Portugal, e a dar apoio às forças espanholas na expulsão dos franceses de toda a Península.
A verdade é as «Invasões Francesas» fazem parte do imaginário da historia política e militar portuguesa. Quando abordamos o assunto, surge- -nos na memória os nomes dos comandantes invasores, Junot, Soult e Massena, dos generais britânicos Wellesley e Beresford e dos portugueses Francisco da Silveira, Bernar-dim Freire de Andrade e Manuel Sepúlveda. Depois, as batalhas vitoriosas do exército na Roliça, Vimeiro e Buçaco, sem esquecer, a defesa das Linhas de Torres Vedras.

Um grande povo merece
ter um fantástico General

O Grande exército que, em Pratzen, vencera dois Impérios e conquistou "a mais fulgurante e estimável vitória para as águias napoleónicas" — como descreve Carlos Azeredo, veio aqui ao Minho e Norte de Portugal saborear o travo amargo da derrota.
Foi uma humilhante derrota imposta pela tenacidade sem limites, pelo sacrifício sem reservas e pela coragem sem vacilações da humilde gente rural, incentivada pelos padres das aldeias e apoiada por alguns Militares, mostrando ao povo um grande General, Francisco Silveira.
O que restava dos homens e cavalos comandados por Soult estava a salvo, apesar de o General Silveira os ter per-seguido pelo caminho de Montalegre até Padroso e passando junto ao Cabeço de Lamas a mais de 1200 metros de altitude, onde recebeu ordem de Wellesley para regressar, tendo entrado em Montalegre a 19 de Maio a ca-minho de Chaves onde entrou a 20 de Maio de 1809.
Deixando atrás de si um rasto de destruição, sangue e morte, assim acabou a «bela expedição» a Portugal, como se lhe referia o próprio Napoleão nas instruções para a sua execução.

AS PERDAS DE SOULT
O Marechal Soult perdeu mais de um quarto — 27% — dos efectivos com que violou a fronteira para pisar a Terra Lusitana, entrar na Póvoa de Lanhoso, invadir Braga e conquistar o Porto: mortos ou aprisionados foram cerca de 5700 homens, dos quais 2000 perdidos nesta terrível retirada entre Lanhoso, Salamonde e Montalegre.
Vencido sem que se tivesse empenhado em qualquer grande e decisiva batalha, a não ser a da Serra do Carvalho, em Covelas e Carvalho d'Este, Soult viu-se obrigado a destruir a sua artilharia e a largar o produto das pilhagens, numa retirada humilhante e precipitada através de vielas com um exército, descalço e esfarrapado nos seus uniformes, faminto e atirado para um estado moral lastimável!

Um grande militar português
A figura militar do Tenente General Francisco da Silveira que se afirmou nesta II invasão e em batalhas posteriores, continua praticamente afastada das galerias das nossas unidades e as praças das nossas cidades foram bem mais pródigas em estátuas e placas de Generais mais políticos que militares, mas com menos projecção nacional que Silveira, sem dúvida o Militar mais notável do Exército Portugues durante as campanhas da Guerra Peninsular.
Recentemente, foi feita alguma justiça, com a inauguração de um belo monumento em Chaves, na presença do Presidente da República. Mas foi necessário esperar duzentos anos! À boa moda portuguesa.
É que a fantástica vida militar do General Francisco da Silveira Pinto da Fonseca Teixeira, não terminou em Chaves no dia 20 de Maio, de 1809, uma vez que prosseguiu no ano seguinte, em Agosto, quando reconquista a vila leonesa de Puebla de Sanábria, ocupada em finais de Julho por tomas francesas que bateram o General espanhol Taboada; após 10 dias de cerco e de combates, o inimigo rendeu-se entregando nas mãos de Silveira 400 prisioneiros, material de guerra e uma insígnia imperial de um Batalhão Suíço.

OUTRAS BATALHAS
Nesse ano, de 1810, desde o início de Setembro até meados de Novembro, bloqueia a praça de Almeida, e mais tarde, a 24 de Novembro, em Valverde, ataca a Divisão Gardanne que obriga a retirar, deixando no terreno mais de 300 mortos.
A 31 de Dezembro Silveira é batido com as suas pequenas forças transmontanas, pelos 8000 homens de uma divisão do 9.º Corpo, de Drouet, na Ponte do Abade, onde perde 200 homens, mas, a norte do Douro consegue opor-se com sucesso, durante todo o rude inverno de 1810-1811 às tentativa, de Claparéde para passar o Douro afim de recolher provisões no rico Entre-Douro-e-Minho para o faminto exército de Massena.
Em 1813, durante a Campanha do Sul da França, Silveira assume o comando da divisão do General Hamilton, a qual tem uma acção importante no ataque a Tormes a 25 de Maio.
A 21 de Junho, na batalha de Vitória (60 000 franceses contra 80000 aliados) a Divisão Silveira (única Divisão portuguesa na batalha), envolvendo a esquerda do inimigo caiu-lhe sobre a retaguarda pondo-o em fuga desordenada e capturando parte da sua Artilharia, bagagens e o célebre tesouro do Rei José Bonaparte.
O General Francisco Silveira foi condecorado pelo Governo Inglês com a Medalha de Ouro de Comando em Vitória, de que apenas foram cunhados três exemplares, cabendo um deles ao próprio Wellington, e pelo Rei de Espanha foi-lhe concedido o título de Grande de Espanha e a comenda da Grão Cruz da Ordem de São Fernando.
O Rei D. João VI atribuiu- -lhe a Grão-Cruz das Ordens de Cristo e da Torre e Espada e ainda o título de Grande de Portugal, antes de falecer a 28 de Maio de 1821 na sua casa em Vila Real de Trás-os-Montes.
Os seus restos mortais descansam em sepultura própria, na Capela do Espírito Santo da povoação de Canelas do Douro.
Aliás, foi em memória e homenagem a este General e a todos anónimos Portugueses que, numa Pátria invadida, moribunda e arruinada, não desistiram e souberam lutar, que o general Carlos Azeredo dedicou o seu livro “As populações a norte do Douro e os Franceses em 1808 e 1809”, editado em 1984 pelo Museu Militar do Porto e constituiu importante apoio na elaboração de algumas das partes desta série de trabalhos.



Uma humilhação
maior que derrota
no Vimeiro

Na última crónica, dávamos conta dos factos que aconteceram a 16 de Maio de 1809, quando após vários assaltos frustrados que se prolongaram ao longo do dia, as tropas de Soult conquistam a passagem do Saltadouro e desalojam das posições mais próximas os cam- poneses, com algumas dezenas de mortos que os zagalotes certeiros dos populares causaram.
Adolfo Tiers, um militar francês, descreve esta fuga a terminar a invasão do Minho como mais humilhante que a batalha do Vimeiro: esta "custou menos à glória do exército e ao seu efectivo que a surpresa do Porto, destruição da nossa artilharia em Penafiel e esta marcha precipitada através desfiladeiros da província de Trás-os-Montes" (cf. As populações a norte do Douro e os Franceses em 1808 e 1809”, Porto, 1984, Museu Militar).
Todavia, a situação dramática vivida entre Saltadouro e Misarela podia ter sido uma catástrofe se a noite não acalmasse os ataques dos minhotos.
"Houve desordens e os papéis e bagagens salvas em Penafiel, perderam-se nesta passagem...
Dois esquadrões de cavalaria ligeira e uma brigada da 1.ª divisão saindo de Salamonde para descerem à Ponte (do Saltadouro), foram atacados por oito ou dez mil homens de infantaria, com artilharia, que tinham chegado em duas colunas, pela estrada de Braga e pela de Basto, desde Cavez.
A dificuldade em formar e a obscuridade deram lugar a algumas desordens; uns trinta cavaleiros caíram com os seus cavalos no precipício, sem que os pudessem salvar» — escreve um dos militares que conseguiu salvar-se.
"Infantes e cavaleiros precipitavam-se uns sobre os outros, atiravam fora as suas armas e lutavam para conseguir correr mais depressa.
A ponte estreita e sem parapeitos não podia satisfazer a impaciência dos fugitivos, que se empurravam de tal modo que um grande número de homens foram precipitados e afogados na torrente, ou esmagados sob as patas dos cavalos.
Se os Ingleses estivessem em estado de aproveitar este terror, não sei em verdade o que nos teria acontecido, de tal modo o medo é contagioso mesmo entre os mais bravos soldados».
Mas a noite veio pôr fim a este verdadeiro holocausto, e as restantes tropas do II Corpo puderam, mais acalmadas, continuar durante toda a noite a passar a fatídica Ponte da Misarela, porque o general Silveira e Wellesley suspenderam a perseguição.

A dimensão do terror

Quando na manhã seguinte os perseguidores de Soult se aproximaram da Misarela, encontraram um espectáculo que lhes deu a dimensão do terror e da tragédia por que tinham passado os franceses:
Lord Munster descreve assim o que viu no leito do Rabagão: "Homens o cava-los, animais decepados e bagagens, tinham sido despenhados no rio e juncavam literalmente o seu curso.
Aqui, nesta fatal companhia de morte e angústia, foi vomitado o resto do saque do Porto.
Toda a espécie de bons e de valores foram abandonados na estrada, enquanto mais de 300 cavalos boiavam na água e mulas ainda carregadas com bagagens foram içadas pelos granadeiros e pelas companhias ligeiras Guarda; estes desembaraçados e bons rapazes descobriram que pescar caixas e corpos da corrente poderia proporcionar-lhes moedas de prata, e boina ou cintos cheios de moedas de ouro, e, entre cenas de morte e desolação, subiam os seus gritos da mais ruidosa alegria».

Soldados esfarrapados mas saqueadores

A última tropa de Soult a passar a Ponte da Misarela e a deixar aquele cenário de morte e horror, foi a brigada Reynaud, entre as dez e a meia-noite de 16 para 17; na tarde de 16 o Marechal Soult já estava em Paradela, onde estabelecera o seu quartel-general.
O general inglês Wellesley desistiu de apanhar o II Corpo com a infantaria britânica em Ruivães e mandou apenas em perseguição a divisão Silveira porque a Ponte de Misarela era imprópria para os cavaleiros.
Os franceses tinham passado e foi apenas na manhã do dia 17 que o General Silveira os seguiu no caminho de Montalegre. Soult, partindo de Paradela a 17 para norte, foi saqueando e destruindo as pequenas povoações que encontrou a caminho da fronteira pela linha de alturas do Gerês que divide as águas do Cávado e do Rabagão.
Era uma zona pobre mas mesmo assim foram assaltadas e destruídas as povoações de Covelo do Gerez, Paradela, Loivos, Fiães do Rio, Vilaça, Coutim, Cambezes e Montalegre, cujos habitantes refugiados na serra, não deixaram de perseguir e atacar os franceses.
O ódio aos franceses era tanto que, anos depois, alguns habitantes daquelas localidades usavam nas suas camisas botões feitos de osso de franceses, onde gravaram a palavra LADRÃO!
Chegado ao desfiladeiro de Cortiços, Soult reconhece a estrada de Verim, quando as forças de Silveira levavam um dia de atraso.
Os pouco mais de quinze mil homens que Soult salvou da sua invasão a Portugal com 2000 cavalos (dos 4700 iniciais) atingem Guinzo onde pernoitam no dia 18 de Maio de 1809, exaustos, famintos, rotos e descalços em Orense.
Era um exército de soldados esfarrapados, descalços, sem artilharia e com o moral abatido, após oito dias, alimentados milho assado. "Muitos ficaram pelo caminho com a certeza de serem assassinados, mas não podendo mais andar não escutavam qualquer súplica para que continuassem" — escreve um oficial de cavalaria francês citado por Carlos Azeredo.


De Lanhoso a Misarela:
uma verdadeira epopeia!

Fugindo para Espanha, acompanhamos a marcha, entre a Póvoa de Lanhoso até Salamonde (Vieira do Minho), com Loison a comandar a vanguarda e Soult na rectaguarda, preparado para enfrentar Wellesley, que estava em Braga, vindo do Porto. Desde o vale do rio Ave as populações, conduzidas pelos clérigos e elementos preponderantes das localidades, atacavam sem descanso a tropa francesa, a quem o mau tempo e os péssimos ca-minhos dificultavam a marcha tornando-a numa autêntica via sacra para os gauleses.
A marcha prosseguia, em condições duríssimas, na noite de 14 de Maio foi atingido o vale do Cávado a norte de Póvoa de Lanhoso.
Como descreve o general Carlos Azeredo, na obra citada na crónica anterior, o ambiente nas hostes francesas, desde a ribeira do Lanhoso até abaixo de São João de Rei, "era a fome generalizada, os pés descalços e em ferida dos seus homens, os uniformes rotos e sujos, uma chuva inclemente e um inimigo a morder-lhe nos calcanhares". Aqui chegado, Soult tenta uma saída pelo Alto Minho, mas as tropas inglesas já estavam em Braga, a tapar-lhe o caminho, menos sinuoso que as montanhas do Barroso.

A ÚNICA SAÍDA: MISARELA

Só restava ao Duque da Dalmácia lançar-se na direcção de Salamonde através das íngremes vertentes da Serra da Cabreira sobre o rio Cavado.
Silveira parte para Ruivães no dia 15 de Maio, para cortar a passagem aos franceses para Chaves. Soult atinge ao fim do dia a região de São João de Rei, junto ao Cávado, sobre a estrada para Salamonde reforçando o seu avanço. Beresford teve a possibilidade de ter cortado em Salamonde a passagem se em vez de se ter limitado a enviar com uma pequena escolta dois Oficiais, desde Cavez (Cabeceiras de Basto) tivesse avançado uma companhia que fosse, capaz de guardar qualquer das difíceis passagens por onde Soult tinha de se aventurar, orientando a defesa das pontes do Saltadouro, de Rês e da Mi-sarela, a fim de demorar ali os franceses até que o grosso das suas forças e as de Wellesley pudessem cair-lhe em cima.
Quem acabou por impor a Soult um novo itinerário e barrar a progressão do II Corpo para Chaves foi o General Silveira, posicionado em Ruivães sobre a estrada para Chaves. O diário de Soult — citado por Carlos Azeredo — explica a opção por Montalegre: «eu não podia, também, retomar a direcção de Chaves, o caminho pelo qual tínhamos vindo aquando da minha entrada em Portugal. Na sequência do abandono de Amarante, Silveira pôde marchar para o norte tão rapidamente como os ingleses. Ele tinha ultrapassado Chaves e cortado a ponte de Ruivães, sobre a qual passa a estrada de Braga.
O General português, instalado à retaguarda dessa ponte, ocupava uma posição impossível de forçar».
No dia 15 de madrugada, Soult e as suas tropas deixam S. João de Rei, depois de pilharem e incendiarem vários povoados chegando a Sala-monde ao fim do dia.
Salamonde estava deserta, porque os habitantes preferiram o gelo da Serra da Cabreira às atrocidades dos soldados franceses.
Soult acantonou tropas na Igreja e nas casas que após o normal saque, foram incendiadas.

O dilema de Salamonde

Naquele tempo, a estrada, a partir de Salamonde, bifurcava-se, seguindo a via da direita para Ruivães, Venda Nova e Boticas, até Chaves, bem conhecida mas tapada pelas tropas do General Silveira. A "estrada" da esquerda, era uma autêntica vereda áspera que descia de Salamonde, em zig-zagues, a íngreme vertente do Cavado e depois a do rio de Ruivães, até à Ponte do Saltadouro; seguia depois junto à margem esquerda do Cávado para passar a impressionante e tormentosa Ponte da Misarela, insubstituível na chegada a Paradela e Montalegre, já na fronteira.
Soult preparava os seus milhares de homens para uma fuga heróica, digna de um filme épico, com todos os ingredientes — temos de reconhecer, a avaliar pela descrição que o marechal francês faz, pormenorizadamente.
Os dias 16 e 17 de Maio foram vividos intensa e tragicamente por milhares de homens sob o comando de Soult. Veja-se a descrição de um combatente francês: «Tinha- se à rectaguarda um excelente regimento de infantaria ligeira (o 4.º de Infantaria Ligeira, um dos melhores do Exército Francês, segundo Oman), o qual, dada a natureza do terreno, poderia facilmente conter um exército inteiro: pois bem, à vista do inimigo debandou sem que o pudessem convencer a ficar.
A confusão que resultou deste pânico estarrecido foi espantosa. Infantes e cavaleiros precipitavam-se uns sobre os outros, atiravam fora as suas armas e lutavam para conseguir correr mais depressa.
A ponte estreita e sem parapeitos não podia satisfazer a impaciência dos fugitivos, que se empurravam de tal modo que um grande número de homens foram precipitados e afogados na torrente, ou esmagados sob as patas dos cavalos.
Se os Ingleses estivessem em estado de aproveitar este terror, não sei em verdade o que nos teria acontecido, de tal modo o medo é contagioso mesmo entre os mais bravos soldados».
Mas a sombra misericordiosa da noite veio pôr fim a este verdadeiro holocausto, e as restantes tropas do II Corpo puderam, mais acalmadas, continuar durante toda a noite a passar a fatídica Ponte da Misarela; Silveira e Wellesley suspenderam as operações de perseguição e ataque retaguarda de Soult.
Na manhã seguinte os perseguidores de Soult, encontraram um espectáculo que lhes deu a dimensão do terror e da tragédia por que tinham passado os franceses:
"Homens e cavalos, animais decepados e bagagens, tinham sido despenhados no rio e juncavam literalmente o seu curso. Aqui, nesta fatal companhia de morte e angústia, foi vomitado o resto do saque do Porto.”
Continua