ENTREVISTA — MANUEL JOSÉ BAPTISTA



“Um concelho com história”

A cerca de um ano de terminar o seu primeiro mandato como presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, Manuel José Baptista, em entrevista ao “Maria da Fonte”, traça o balanço destes três anos e aponta o caminho a seguir no próximo ano, um ano marcado por vários actos eleitorais, entre eles, as eleições autárquicas.
Depois do seu nome ter sido aprovado no plenário dos militantes do Partido Social Democrata, Manuel José Baptista assume-se como candidato à presidência da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso nas próximas eleições autárquicas, mostrando-se confiante na sua reeleição.


Maria da Fonte - Que balanço faz destes três anos de mandato?
Manuel Baptista - Gerir uma autarquia num período de crise económica é sempre mais difícil. É nesta fase que as pessoas mais precisam e exigem de nós. Aquilo que fizemos foi pensar primeiro nas pessoas, estando perto delas, ouvindo as suas preocupações e tentando ajudar a resolver os seus problemas. Desse ponto de vista, acho que o balanço é positivo. Eu conheço bem os povoenses e não mudei a minha forma de ser por ocupar o lugar de Presidente da Câmara. O que faço é usar este poder para ajudar as famílias e o desenvolvimento da Póvoa de Lanhso. Nestes três anos, fizemos obras muito importantes quer na vila quer nas freguesias. Mas, para mim, o mais importante foi resolver problemas sociais de muitos povoenses que vieram ter connosco. Estou convencido que, apesar de algumas dificuldades, estamos a cumprir as expectativas que os povoenses depositaram em nós. Também re-conheço que podem ter existido erros, ou que não conseguimos resolver este ou aquele problema da melhor forma, mas somos humanos como todos os povoenses.

MF - Foi por esse motivo que a área social tem sido uma das apostas deste executivo. Ainda há muito a fazer neste campo?
MB - Sim, sem dúvida. Não faz sentido governar a Câmara esquecendo os problemas sociais dos povoenses. O trabalho que é feito na Rede Social é muito importante. Com os parceiros definimos um Plano de Desenvolvimento Social e dele saíram muitos projectos que ajudam as pessoas, como o Banco de Voluntariado, a Loja Social, os Cartões Municipais, o trabalho que realizamos com os idosos, por quem tenho um especial carinho, e o apoio que damos às IPSS´s. O nosso objectivo é que, se houver casos sociais graves, a autarquia, com a ajuda das IPSS´s, encontre uma solução para esses problemas. Mas, o próximo ano preocupa-me mui-to, pois sei que as dificuldades vão aumentar. Foi por isso que decidimos apoiar as famílias nas rendas de casa e no pagamento das taxas do IMI. Nós queremos que haja uma redução dos custos com a habitação para que esse dinheiro seja gasto noutras necessidades, como a educação dos filhos. Repare, nós duplicámos o número de Bolsas de Estudo, aumentámos em 40% os apoios a nível de livros, transporte e refeições dos alunos que frequentam o primeiro ciclo. Na Póvoa de Lanhoso, cerca de 70% destes alunos têm apoio social da autarquia. É um esforço financeiro muito grande, mas, com a crise que o país atravessa, temos de estar ao lado das famílias, apoiando até onde nos for possível.

MF - Para além da vertente social, as Freguesias, a Educação e a Juventude foram também definidos como prioridades. O que tem sido realizado nestas áreas?
MB - O nosso objectivo é trabalhar todas as áreas, mas o dia a dia obriga-nos a escolher as prioridades. Foi o caso da vertente social e da Educação. O Governo alterou as regras e nós tivemos de nos adaptar. É bom que todos saibamos que fizemos a Carta Educativa em 2006 e já temos dois Centros Educativos aprovados. O Centro Educativo António Lopes vai ser inaugurado para o ano e as obras do de Monsul começam até Junho. Estamos a falar em mais de 4 milhões de euros de investimento, mas não podemos querer um concelho desenvolvido se não tivermos boas escolas e qualidade no ensino - é por isso que fazemos estes investimentos. Esta aposta nos jovens vê-se, por exemplo, no Espaço Jovem. Esta casa da juventude, onde estamos agora, é um equipamento novo, que veio ajudar os mais novos no seu dia-a-dia, pois encontram aqui vários serviços.

MF -Para além do referido anteriormente, quer destacar outras obras ou iniciativas desenvolvidas pela Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso?
MB - Sim, felizmente, há mui-to trabalho para mostrar. Nós achámos que era muito importante melhorar as condições e a imagem da vila. Sabe que é o cartão de visita do concelho e, como apostamos no turismo, tivemos a coragem de intervir no coração do concelho, ou seja, na Vila, apostando na requalificação das suas ruas e jardins públicos. As obras que efectuámos nos passeios e no estacionamento, a rotunda de Galegos e a do Pinheiro, o anfiteatro do Pontido, a nova ligação da Ponte de Pereiros ao Centro de Saúde são exemplos de intervenções que vieram melhorar a imagem do concelho e aumentar a comodidade dos povoenses e de quem nos visita. A vila está bonita, acolhedora e mais funcional.
A par destas obras, não esquecemos as freguesias. Fizemos obras em todas elas. Tenho que destacar o Parque de Lazer do Pontão, a requalificação dos centros cívicos de Ferreiros, de Covelas, de Quintela, em Taíde, e de Louredo. As dezenas de pavimentações, a água e saneamento. Enfim, são obras que são muito importantes para as freguesias e que eu fiz questão de apoiar. Algumas vezes, as populações têm de sofrer um bocadinho mais, enquanto executamos essas obras, mas peço a compreensão de todas. Tentaremos ser breves. Numa outra área, quero destacar a Cultura. Somos um concelho com história, com tradições e com um património muito importante. Foi por isso que apostamos na Cultura como complemento às obras. Para mim, o mais importante de todo o trabalho efectuado foi a capacidade de envolver as associações e os povoenses em geral. Repare, quando assisti à peça “Mulheres do Minho” senti um orgulho muito grande, porque vi as mulheres povoenses empenhadas e com orgulho na nossa história. São estes projectos que queremos incentivar. A Cultura é para todos e não para meia dúzia. Com o excelente trabalho do Centro de Criatividade este objectivo vai ser cumprido, sem dúvida.




Desemprego
“Estou muito preocupado com a situação
do tecido industrial da nossa região”



Maria da Fonte - Estamos no mês de Dezembro e num momento importante da política concelhia uma vez que o executivo irá levar à Assembleia Municipal o Plano e Orçamento para 2009. Quais os principais projectos que irão marcar o próximo ano, um ano em que se realizam as eleições autárquicas?
Manuel Baptista - O Plano está pronto. Sendo o último do mandato, nós colocámos as obras que vamos realizar em 2009 e os projectos que apresentámos a financiamento do novo Quadro Comunitário. Como sabe, os apoios europeus deveriam ter iniciado em 2007, mas só agora é que podemos apresentar algumas candidaturas, o que veio atrasar muito. Aliás, é bom que os povoenses saibam que este mandato correspondeu à mudança de Quadro Comunitário, o que veio baralhar um pouco as cartas, pois tivemos que encerrar as candidaturas e projectos do anterior Quadro e adaptar as nossas ideias às regras do novo QREN.
Então, resumidamente, o que pretendemos fazer em 2009? Vamos dar autonomia financeira às Juntas de Freguesia para fazerem as suas obras. Foi uma pro- messa de campanha, que este ano será cumprida. Vamos inaugurar o Centro Educativo António Lopes que vai resolver muitos problemas aos pais, acabando com o horário duplo Vila. Vamos começar a construção do Centro Educativo de Monsul, que em 2010 ficará pronto para servir as freguesias do baixo concelho. Vamos ampliar o Cemitério Municipal. Vamos ajudar os povoenses a passar esta crise. Quem tem casa própria, vai pagar menos IMI e, quem tem casa arrendada e seja carenciado, deve concorrer a um apoio que pode chegar aos 100? mensais. Vamos permitir que 37 jovens povoenses carenciados recebam uma Bolsa de Estudo. Vamos apoiar o comércio, a restauração e o alojamento, organizando iniciativas que tragam muitos turistas, como é exemplo o Rallye e o Congresso Ibero-Americano de Parques e Jardins Públicos que trará mais de 500 congressistas. Vamos construir o Jardim Professor Gonçalo Sampaio. Vamos manter o apoio à Cultura, reforçando o papel do Centro de Criatividade. Vamos apoiar na construção de três equipamentos sociais, permitindo alargar as respostas ao nível de lar de idosos, apoio domiciliário, creche e lar de deficientes. Os projectos que referi e que candidatámos são fundamentais para o desenvolvimento do concelho. Estou a falar de Áreas de Acolhimento Empresarial, do projecto da Variante do Pinheiro à vila, do Fórum Municipal, que tem inserida a Biblioteca, uma Sala Multiusos, a Loja do Cidadão e a Casa do Associativismo, bem como da Piscina Bioclimática e dos Pavilhões Municipais na vila e em Monsul.

MF - O início do mandato coincidiu com o encerramento da Lear, a maior empresa empregadora do concelho. O que tem sido feito pela autarquia para atrair novas empresas para o concelho?
MB - Essa é, neste momento, a minha principal preocupação. Ainda esta semana estive reunido com o Dr. Basílio Horta da AICEP, em Lisboa, para lhe pedir ajuda. Eu sei que o problema não é apenas da Póvoa de Lanhoso, infelizmente, é do país, mas tenho batido a muitas portas para tentar conseguir que empresas se instalem no concelho. Como é público, uma empresa de Braga está já a instalar-se no Parque de Fontarcada, o que é um sinal positivo e é, também, resultado do nosso esforço. Mas não podemos ter ilusões, hoje é muito importante manter e apoiar as empresas que temos. Se conseguirmos isso já é muito bom, apesar de não baixarmos os braços na procura de novas empresas. Eu não posso falar muito dos contactos que temos feito, pois esta matéria tem de ser tratada discretamente, mas posso dizer que estamos à espera de uma resposta de uma empresa que pode criar 400 postos de trabalho e de uma outra de menor dimensão, mas igualmente muito importante.
Estou muito preocupado com a situação do tecido industrial da nossa região e concordo que é urgente a intervenção do Governo neste capítulo. Sabia que uma pequena percentagem dos apoios concedidos a bancos privados seria suficiente para revitalizar e reestruturar as empresas do Vale do Ave?


“Estamos motivados
para continuar este projecto”



Maria da Fonte - Qual o seu comentário à actuação da bancada socialista, na Assembleia Municipal, nestes três anos?
Manuel Baptista - Não me compete agora comentar o trabalho dos grupos parlamentares. Deixo isso para as direcções de cada Partido. Aquilo que posso dizer é que tenho feito um esforço no sentido de esclarecer os deputados sobre os documentos que são levados para votação, com respeito pelas opiniões de cada um. Infelizmente, nem sempre fui entendido e, muitas vezes, senti que os interesses do Partido Socialista estavam acima dos interesses da Póvoa de Lanhoso. Mas cada um escolhe o caminho que quer e são os povoenses que vão fazer a avaliação final.

MF - O plenário de militantes do PSD, realizado no dia 12 de Dezembro, aprovou a proposta da Comissão Política. Como tal, será o candidato do PSD às próximas eleições autárquicas. Sente-se confiante quanto à possível reeleição?
MB - Os militantes depositaram em mim a responsabilidade de apresentar uma candidatura à Câmara Municipal. É para mim, mais uma vez, uma grande honra representar o Partido. É isso que farei, pedindo aos povoenses novamente a sua confiança. O projecto ainda não está terminado, aliás, estamos precisamente no momento mais importante. Repare, um mandato de quatro anos quando há mudança de Partido não é suficiente para executar um projecto de desenvolvimento. Tivemos de nos adaptar, de criar um grupo de trabalho, de planear os projectos, de aliviar financeiramente as contas da Câmara e de começar a mostrar a nossa marca e, se os povoenses quiserem, entraremos numa nova etapa. Nós estamos motivados para continuar este projecto, mas aceitarei democraticamente todos os resultados. Serei candidato como fui em 2005, respeitando o adversário, apresentando os argumentos com lealdade e falando verdade aos povoenses. Mas quero continuar a ser o Presidente de todos os povoenses.

MF - Estando na quadra natalícia, quer deixar alguma mensagem aos povoenses?
MB - Aproveito esta oportunidade para deixar uma mensagem de esperança. Com o esforço de todos vamos superar as dificuldades e a crise que afecta o país e a nossa Póvoa de Lanhoso. Espero que todos tenham um Santo Natal e que 2009 corresponda ao ano da retoma económica, dos empregos e da qualidade de vida, que todos merecemos.