Louredo

Angelina Amorim: 
cem anos de vida

Cem anos de vida, cem anos de trabalho e de muitas histórias.  Assim se resume a vida de Angelina Amorim, nascida a 21 de Setembro de 1917, na freguesia de Louredo. Filha de Joaquim Novais e Maria d’Amorim, foi servir ainda pequenina, até à idade da reforma, para a Quinta do Sobrado, em Louredo. Foi uma vida de trabalho no campo, uma vida dura mas uma vida alegre. As moças juntavam-se nas tarefas do canto e as “mo-das”, como conta a D. Angelina, traziam alegria à vida no campo.
O ‘Maria da Fonte’  esteve à conversa com esta povoense centenária que, na brincadeira, afirmou que não fez cem anos. “Fiz vinte”, disse, toda sorridente, a D. Angelina.
Namorou sete anos para o sr. Manuel Gonçalves, natural de Ventuzela, em S. Martinho do Campo, com quem casou aos 21 anos.
“Namorei sete anos e olhe que ele nunca me deu um  beijo. Era bem educado mas também não ia avante”, afirma a D. Angelina, contando que o namoro antigamente não se compara em nada com o tempo de agora.
Do enlace nasceram 12 filhos, quatro deles já falecidos. Actualmente, quatro deles estão emigrados.
“Sei muito bem sachar mas agora não posso pois vejo pouco. Sei sachar e sei lavrar. Tirava o arado da mão ao meu pai e lavrava eu. Eu andava a tanger as vacas e o meu pai a lavrar. Pegava no arado e lavrava eu. Era uma vida de muito trabalho mas muito bonita. Gostava da vida do campo. Andávamos a sachar no campo um bando de raparigas e cantávamos as modas. Já não me recorda de nenhuma moda. Era um tempo muito bonito”, recorda a D. Angelina.
No Natal, não faltava à mesa o tradicional bacalhau e as batatas, acompanhado pelos doces da época, a aletria, as rabanadas e os formigos.
É utentes do Centro de Dia da Comissão de Melhoramentos de Santo Emilião há cerca de 6 anos. Ali passa o dia, enquanto os seus familiares estão a trabalhar. No final da tarde, regressa a Louredo, para a casa do filho Manuel Carlos Gonçalves.