Ferreiros

Rosalina: centenária 
muito bem disposta

Tem cem anos mas a sua aparência engana. De olhos bonitos, pele formosa, Rosalina Maria Pereira completou, a 18 de Abril, um século de vida. Cem anos de muitas histórias e boa disposição. Perfeitamente autónoma, passa o dia na sua casa, entretida a cuidar do jardim, a sua grande paixão. Faz as suas refeições e dorme em casa do filho, cuja habitação se encontra junto à sua. Nasceu em Moure e aos 22 anos veio para Ferreiros, freguesia de onde era natural o marido.
Os pais, sempre trabalharam no campo e ela seguiu as mesmas pisadas. Tempos difíceis mas tempos alegres.
“Era duro, nem se fala. Não havia máquinas como agora. Fazia-se tudo à mão. Trabalhava-se muito. Eu trabalhei muito e passava-se mal. Eram tempos difíceis mas tempos mais alegres. Ouvia-se as pessoas a cantar nos campos. Era bonito. Agora, não se vê nada disso. Onde quer se via uma tocata e uma dança. Era um tempo escravo mas muito alegre. Era um tempo escravo mas o povo durava mais do que agora. Agora, não falta nada e o povo morre muito cedo”, explica a D. Rosalina.  
“Antigamente, não faltava povo nos campos. Agora, não se vê ninguém”, refere ainda, dando nota dos caminhos em mau estado que existiam no passado.  Junto a si tem o filho Manuel, com a filha Maria da Conceição a residir também naquela freguesia.
As saudades do passado, do tempo do antigamente, em que se convivia mais marcam o seu coração.
Tem saudades do tempo de antigamente, acha que se convivia mais. “A mocidade ninguém os vê. Antigamente, ia-se à igreja na tarde de do-mingo e no final ficávamos a conversar”, explica.
Não liga muito à televisão e prefere ocupar o seu tempo livre no jardim. “Quer lhe der jardim dá-lhe a vida”, refere o filho Manuel, dando nota de que a sua mãe tem um dom para o jardim.
O marido tinha de negócio de cabras, ovelhas e andava também ao jornal. Tem 7 netos e 11 bisnetos, que se mostram muito contentes pelo centenário da D. Rosalina.
“Antigamente, só pensávamos em trabalhar. Trazíamos do monte os carros de mato. Passou-se muito sacrifício. Era meio-dia e ainda estávamos em jejum no monte, a carregar mato. Nem se fala no que se passava. Trabalhei muito e ainda aqui ando. Muitos dizem que durei muito porque levei boa vida mas trabalhei muito”, refere.
Não é esquisita na comida mas tem no arroz o seu alimento de eleição. “Gosto muito de arroz. Gosto de todas as maneiras”, afirmou.
A família mostra toda a sua satisfação por ver a D. Rosalina cheia de saúde e alegria. Depois da festa em família, no dia 22 de Abril, seguiu-se, no dia seguinte, a homenagem pela Junta de Freguesia, num momento que com a presença de familiares e amigos.