Depois de uma vida de trabalho...António Joaquim Costa vive intensamente cada dia da sua vida

“Fui servir com 8 anos”

 

Completa 96 anos de vida no dia 2 de Novembro. Nasceu em Vilela e mora no lugar de Vilarinho, na freguesia da Póvoa de Lanhoso (N.ª Sr.ª do Amparo). De grande vivacidade, não gosta de estar parado. O segredo da jovialidade, segundo António Joaquim da Costa, são os chás que toma. Tília, hipericão, carqueja, erva de S. Roberto e folha de freixo.
António Joaquim da Costa apenas frequentou a escola durante 3 meses. Com oito anos foi servir. As dificuldades vividas naquela época levaram os seus pais a tirá-lo da escola. Foi servir dos oito anos até ir para a tropa e foi aí que aprendeu a ler alguma coisa.
“Nessa ocasião não havia nada. Era uma escravidão. Não havia pãozinho. Os meus pais tiraram-me da escola e puseram-me a servir. A professora, quando a minha mãe me tirou de lá, disse que era um pecado tirar-me da escola pois em três meses passei o primeiro livro duas vezes”, explica António Joaquim da Costa.
“Andei quatro anos na tropa. Um ano aqui em Braga e três anos na ilha do Faial, nos Açores. Assentei praça em 1940. Casei em 1948. Andei ao jornal para ganhar um dinheirinho para casar”, recorda.
Foi buscar a namorada e depois esposa, Maria da Luz Azevedo, falecida há 14 anos, à freguesia onde nasceu: Vilela. Apesar de terem nascido na mesma freguesia, não se conheciam. Foi para os Açores. Regressou, a 12 de Dezembro de 1944. Foi nesse ano que iniciaram conversa. Casaram em 1948. Tiveram 10 filhos do casamento que durou 52 anos. Permanecem 8 vivos: 4 raparigas e 4 rapazes. Vive, em Vilarinho, com o filho Paulino e com a nora Lola e uma neta.
Casou e ficou em Vilela. Foi para a quinta de uma tia. Fazia o trabalho na quinta e ainda ganhava algum dinheiro a trabalhar fora. A esposa passava o dia a tecer. Era uma vida de trabalho e entreajuda.
Depois de dois anos em Vilela, foi para Quintela e mais tarde para Porto d’Ave, onde permaneceu doze anos como caseiro numa quinta. De lá, voltou para Vilela. 
Depois de anos e anos de trabalho, não gosta de estar quieto. Gosta de ser entreter nos terrenos. Só a audição o trama pois tem ainda uma óptima visão. “Enfio uma linha na agulha sem óculos”, destaca António Joaquim.
É utente da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso, no serviço de Apoio Domiciliário, e frequenta as actividades. Gosta de jogar à sueca e é com orgulho que exibe um diploma de vencedor de um torneio de sueca na Apúlia, onde foi passar uns dias.
São inúmeras as histórias e vivências para contar. Adora conversar e tem uma excelente memória. Recorda factos e histórias com uma precisão fantástica. Não perde os passeios proporcionados pela Junta de Freguesia da Póvoa de Lanhoso.
Foi à Madeira e viajou pela primeira vez de avião. Para além da Madeira, gostou dos passeios ao Douro. Uma ocasião, impulsionado pelos filhos, fez uma surpresa à filha que está em França. Gosta de conversar e de dar bons conselhos.