EDITORIAL

Armindo Veloso




  

Mercenários

Costuma-se dizer que se muda muita coisa na vida mas de clube não.
De facto o bichinho por determinado clube onde o futebol ocupa grande parte desse espaço – muitas vezes o sentimento não é bichinho mas sim fanatismo – normalmente fica para a vida toda. Há no entanto excepções. Eu conheço algumas. Pessoas que eram de um determinado clube mas por qualquer razão mudaram para outro tornando-se ‘inimigos’ do de então.
Nos tempos que vivemos os clubes propriamente ditos não representam quase nada sendo certo que são eles, com a sua marca às costas, que fazem chorar e sorrir muita gente. Mas, o que importa de facto, o dinheiro, esse movimenta-se nas SAD's onde jorram milhões mesmo que estejam tecnicamente falidas.
Podem fechar grandes empresas ou instituições de outra índole, mas SAD's tecnicamente falidas dificilmente fecham. Então se forem dos grandes: Nunca!
As SAD's dos clubes, que são empresas, tiraram a mística que se vivia antigamente. A maioria dos jogadores dos grandes clubes portugueses eram nacionais e muitos deles até aficionados desse mesmo clube. Ainda hoje gosto de ver num dos programas de conversa acerca de futebol que é transmitido num dos canais de TV o  Simões a representar o Benfica, o Rodolfo o F. C. do Porto e o Manuel Fernandes o Sporting. Que bonito.
Hoje, no final da época, ou mesmo no meio dela, transferem-se jogadores e treinadores para o clube ao lado da porta  com a pompa e circunstância que convém e com ‘juramentos’ que agora sim estou no clube do meu coração desde pequenino. Até ao próximo juramento...
A mística clubística foi-se e hoje  os intervenientes principais nas equipas de futebol, jogadores e  equipas técnicas, são mercenários. Mudam-se por dez reis de mel coado de diferença para a equipa do lado muitas das vezes historicamente o grande rival.
Mas não faz mal. O povo continua a puxar os cabelos com emoção seja quem for o mercenário do momento.


Até um dia destes.