EDITORIAL

Armindo Veloso




  

Brincalhões

Quando éramos crianças muitos de nós brincávamos aos polícias e ladrões, aos bombeiros e até aos médicos. A imaginação da pequenada não tem limites.
Enquanto adultos também vamos brincando umas vezes consciente outras inconscientemente. Nos últimos tempos na política portuguesa há quem se dedique a brincar aos Presidentes da República.
Como é que um dos maiores e históricos partidos portugueses, o PS, apoia o professor Sampaio da Nóvoa para a presidência da República? Não dá para acreditar.
Em relação à pessoa, ao catedrático e ao intelectual, nada a dizer. Trata-se de uma figura de primeiro plano no mundo dos intelectuais em Portugal.
Mas, será que tem características suficientes para ser Presidente da República? Para mim não tem.
Em primeiro lugar, o professor Sampaio da Nóvoa sabe que foi, na melhor das hipóteses a quarta escolha. Lembremo-nos das negas de António Guterres, António Vitorino e Jaime Gama, pelo menos.
Parafraseando o actual Presidente eu também sou dos que pensam que para se ser Presidente da República é necessário ter uma projecção política internacional. No mundo actual, globalizado, é claro que esta característica é necessária não sendo suficiente. Ora, o professor Nóvoa se for eleito ou forma uma equipa excepcional nessa e em outras matérias ou não saberá para onde se virar.
Será que no PS, ou independentes próximos, não havia gente disponível com outros predicados? Acho que havia. Freitas do Amaral, Guilherme Oliveira Martins e Luís Amado são três exemplos.
Não sei o que o povo fará. Mas, ou me engano muito ou o PS deu um tiro no pé.
Resta-nos ver quem será o candidato de centro direita para vermos se a surpresa é geral.
Como se deita borda fora o candidato mais internacional deste país, com experiência enorme em todos os assuntos nacionais e internacionais só por questões mesquinhas que alguns iluminados acham que são vinculativas para a não eleição? Refiro-me a Durão Barroso. Se tivesse condições e apoios não tenho dúvida que se candidataria. Portugal ficaria bem representado internamente e teria uma ‘montra’ internacional dados os dez anos que desempenhou na chefia da Comissão Europeia. Por caprichos sem sentido vamos escrevendo a história com figuras de segundo e terceiro planos.
Mas, não foi quase sempre assim?...

Até um dia destes.