EDITORIAL

Armindo Veloso




 
Francisco 

O papa Francisco granjeou uma tal empatia no mundo inteiro que só algumas minorias de esquerda ousaram indignar-se publicamente com o que ele disse numa  das mini conferências de imprensa que foi dando durante a viagem às Filipinas.
Então o que disse o papa? Disse que a liberdade de expressão sendo um valor supremo - as palavras não são exactas mas vão dar ao mesmo -, devíamos ter cuidados para, ao utilizar esse valor,  não ofendermos as crenças e religiões dos outros. Disse mais, que era capaz de dar um murro em quem insultasse a sua mãe.
Ouvi e li os tais comentários minoritários um pouco envergonhados dada a tal universalidade de simpatia que o papa tem mas ouvi-os e não há nenhum problema em os ter ouvido. São opiniões.
Mas, agora pergunto eu: a liberdade de expressão não deverá ser sempre acompanhada pela responsabilidade naquilo que dizemos me-dindo, em casos extremos, as consequências possíveis?
Eu não sou jurista e espero não dizer asneiras nessa matéria, e logo nessa..., mas já ouvi letrados dizerem que, se por exemplo uma detenção de determinada pessoa pode provocar com        alto grau de probabilidade, uma revolução social com possível final trágico, os detentores dessa decisão deverão pensar e repensar se o cumprimento da lei se sobrepõe nesses casos.
Um exemplo que aconteceu: lembram-se dos toiros de morte em Barrancos? Foi ou não foi ponderado que o cumprimento da lei levado às últimas consequências daria uma tragédia iminente?
No caso das caricaturas do Profeta Maomé no jornal Charlie Hebdo, sendo certo que o jornal e seus responsáveis tem todo o direito de o fazer, não deveriam ter ponderado que esse comportamento iria acirrar o fanatismo religioso de muitos povos e que estes não hesitariam em vingar-se nem que para isso utilizassem mártires sempre disponíveis para causas como estas?
Depois das execuções dos profissionais do jornal e das mortes colaterais insistir nas caricaturas é sem dúvida uma postura de coragem. Mas até a coragem levada ao extremo é um acto de irresponsabilidade e até de arrogância.
Como concordo consigo papa Francisco.
Habemus Papam.

Até um dia destes