EDDITORIAL

Armindo Veloso




 
Favores 

Num seminário promovido pelo Correio do Minho e pela GTI, empresa de consultoria e formação, que decorreu em Braga, debateram-se temas como juventude, criatividade e empreendedorismo.
Estiveram presentes representantes da região do Minho: autarcas; dirigentes das mais variadas associações; professores, etc. O início dos trabalhos contou com a presença do Secretário de Estado do Desporto e Juventude, Emídio Guerreiro.
O auditório com capacidade para várias centenas de pessoas estava cheio durante as primeiras intervenções e entrega de galardões a atletas destacados nesta região.
Sentado bem no meio da assistência constatei aos poucos que a grande maioria dos presentes eram alunos que tinham sido destacados, e bem, para aquela iniciativa.
Também aos poucos fui-me apercebendo que os grupinhos que se foram formando na assistência falavam de tudo menos daquilo que os levava lá sendo certo que ali era mais útil ouvir do que falar mesmo que as conversas fossem acerca dos temas em agenda. Haveria mais para o fim dos trabalhos tempo para perguntas e respostas e aí sim deveria haver conversação.
A sala foi-se mantendo bem composta durante muito tempo o que apesar das tais conversas era bom sinal. Era não, seria, porque quando o tempo normal das aulas terminou, os alunos para ali destacados levantaram-se em uníssono e deixaram os “professores” a falar sozinhos ou quase não esperando sequer pelo fim da intervenção que estava a ter lugar.
Como deu para perceber, estavam ali obrigados, dentro do horário das aulas. Depois disso não estavam para fazer favores a ninguém. Nem a eles próprios. Todos sabemos que há idades de rebeldia e até há rebeldias saudáveis. As escolas, na minha interpretação de escola, deveriam ensinar os alunos nas matérias respectivas e funcionarem como um complemento na educação destes.
Quando, como hoje, só se olha, ou só se pode olhar, para o primeiro ponto, poderemos estar a criar cientistas mas serão necessariamente cientistas deseducados.

Até um dia destes