EDITORIAL

Armindo Veloso




 
Reformas óbvias

Há umas décadas atrás dizia-se que para se resolverem os problemas do interior do nosso país eram necessárias infraestruturas rodoviárias para que as pessoas se sedentarizassem nas suas terras e o êxodo para o litoral terminasse.
Passadas essas tais décadas o que é que se verifica? O tal interior ficou deserto. Por muitos motivos sendo que um deles é a facilidade de deslocação que em vez de levar gente para o interior tirou os poucos que havia para os centros urbanos do litoral.
Há uma coisa que não entendo. Por favor se alguém souber explique-me. Se há significativos benefícios fiscais para as regiões insulares da Madeira e dos Açores – no caso da Madeira, zona franca, retiraram alguns benefícios às empresas aí sediadas e foram a correr repo-los porque  estas começaram a retirar de lá as suas sedes – porque não aplicar os mesmos benefícios aos concelhos do interior do continente que como sabemos estão bem mais atrasados nos principais índices referentes ao desenvolvimento social do que a Madeira sendo que esta já faz parte das zonas mais ricas do nosso país a par da grande Lisboa e do Algarve?
Dessa forma resolver-se-iam vários problemas: Haveria empresas que se instalariam no interior para usufruírem daqueles benefícios; as empresas implicam gente e postos de trabalho; a gente implica habitações; implica infraestruturas públicas como centros de saúde, escolas, tribunais, etc; implica, enfim, vida!
Porque raio os governos não fazem alterações fiscais nesse sentido? Já repararam que com uma única reforma resolver-se-ia um dos maiores problemas deste país: a desertificação do interior e a consequente concentração anárquica no litoral?
Das duas uma ou eu e outros como eu estão completamente errados ou loucos ou há reformas que nos entram pelos olhos adentro e que se não fossem os lóbis políticos e económicos, só assim se compreende, o interior do nossa país não estaria a definhar como definha.
Os últimos Primeiro Ministros são oriundos desse interior abandonado. Não têm qualquer desculpa. A não ser que façam como um senhor Presidente de Câmara que quando foi ‘fazer uma perninha’ como Secretário de Estado renovou o seu guarda fatos com duas dúzias dos mesmos porque ia para a capital. Santo provincianismo.
Se os fatos novos dos deputados e governantes e as garrafas de whisky nos bares defendessem o interior, Ó interior!...

Até um dia destes.