Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso

“Havia apenas o carro aberto,
o Ford, e a ambulância vermelha”


No início da passagem dos membros mais velhos do grupo pelos bombeiros da Póvoa de Lanhoso, apenas existiam dois carros: o carro aberto, o Ford, e a ambulância vermelha. O Ford, na fotografia, foi adquirido pelos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso em 1938.
“Foi comprado novo, em 1938”, recorda Joaquim Lopes Moreira.  O tempo é o de recordar peripécias, os momentos menos alegres e os meios que tinham ao dispor.
“Houve uma altura em que aqui nos bombeiros havia o carro aberto e a ambulância e só havia uma bateria. Quando era preciso ir para um incêndio, tirava-se a bateria da ambulância para o carro. Uma ocasião, foi organizada uma peça de teatro e fizeram um peditório para comprar uma bateria. No fim, houve alguém, talvez o João Bastos, que deu dinheiro para comprar a bateria para colocar num dos carros”, recorda Cremildo Pereira, que os amigos tratam por ‘Mido’.
José Francisco Pereira de Sousa recorda que, em caso de necessidade, usavam a carrinha aberta do sr. ‘António sardinheiro’.
Nesse tempo, os incêndios eram poucos. “Havia um ou outro mas mais em casas. Os montes eram todos limpos porque as pessoas precisavam do mato e da lenha”, recorda um dos elementos.
“Numa certa noite, o socorro foi pedido para o lugar de Gondiães, em Garfe. Não havia estrada. Deixamos a ambulância junto à igreja e fomos a pé com a maca. Vieram pessoas com candeias para nos iluminar. Fomos com a maca era 1 hora e chegamos novamente à ambulância às 7 horas”, recorda um elemento. Numa das ocasiões, uma senhora grávida teve o parto na ambulância. José Pereira de Sousa recorda que, juntamente com um colega, foram buscar uma senhora grávida a Esperança. “As pessoas vieram com candeias para nos iluminar. Ao passar em Simães, em Fontarcada, tivemos que parar. Uma senhora que estava à janela foi chamada para assistir ao parto”, recorda
“Não havia carros de água. O primeiro foi um Land Rover, com cerca de 200 litros. Fomos buscá-lo a Famalicão. Num domingo de manhã, fizemos uma demonstração na vila e foi uma alegria”, recordam.
Por vezes, nem tudo corria como esperado. A S. João de Rei foram buscar um ferido, com uma fractura na perna. A manobra inesperada duma viatura, junto ao largo António Lopes obrigou o condutor a passar com a ambulância vermelha, a primeira da corporação, por cima do passeio. O doente caiu ao chão da ambulância e à perna partida juntou-se também um braço partido.
“Naquele tempo, só havia uma ambulância e quando estava avariada iam à Casa Rebelo e eles com a carrinha deles transportavam os doentes”, recordam.
“Hoje, as condições são outras, há mais trabalho e mais exigências”, concordam os vários elementos do quadro de honra.