Gabriela Fonseca, vereadora do associativismo:

Visibilidade às associações

Responsável pelo pelouro do Associativismo, a vereadora Gabriela Fonseca elogia as associações povoenses e lembra que nestes tempos de crise cada um deve dar ainda mais de si.

Maria da Fonte - Como vereadora do associativismo, que retrato pode fazer das associações do concelho e do seu trabalho?
Gabriela Fonseca - Felizmente, o nosso concelho é rico em associações nas mais variadas áreas. Há efectivamente uma tradição de associativismo, que resulta de uma genuína vontade de contribuir activa e civicamente para o desenvolvimento do espírito de comunidade. Desde o associativismo informal, com intervenção quase ao nível de um lugar de freguesia, às associações, com implantação concelhia, são evidentes os movimentos cívicos que diariamente trabalham numa determinada missão.
As associações desenvolvem um trabalho extraordinário e complementam na maioria das vezes o trabalho do Estado e da autarquia. São exemplo as IPSS´s, que disponibilizam respostas muito importantes. Mas a todos os níveis, cultural, religioso, desportivo ou recreativo, o movimento associativo concelhio presta um contributo ao desenvolvimento do nosso concelho.
Pertencer a uma associação implica dar muito de si aos outros e à comunidade. Este trabalho é ainda mais neces-sário e difícil em momentos como os que atravessamos.

MF - Qual o número de associações e colectividades que existem no concelho?
GF - De entre IPSS’s, clubes desportivos, associações culturais, recreativas e desportivas, passando mesmo por associações de pais, de estudantes ou ranchos folclóricos e confrarias, por exemplo, creio que anda à volta de uma centena.

MF - Como tem sido a colaboração destas entidades com a Câmara Municipal?

GF - Não temos qualquer razão de queixa. Sempre que solicitamos a disponibilidade das associações, temos tido, salvo raríssimas excepções, total colaboração. Aliás, não faria sentido se assim não fosse, o associativismo e o papel da autarquia estão entrelaçados. Todos defendemos o bem comum, naturalmente cada um com os seus associados, sendo que a autarquia tem uma intervenção global, que, no fundo, abraça todas as intervenções direccionadas que são concretizadas pelas associações.

MF - Como é que a Câmara Municipal tem apoiado o associativismo local?
GF - O apoio é diversificado e depende do tipo de associação e suas necessidades. O apoio pode ser colaborativo, apoio directo aos planos de actividades ou a uma actividade em concreto, pode passar pelo apoio financeiro aos projectos de investimento - no caso das IPSS’s -, apoio logístico prestado pelos serviços municipais, apoio na divulgação, na cedência de transporte ou de espaços municipais.
Mas, muito do apoio que o município presta, não é devidamente valorizado pois nem sempre é contabilizado pelas associações. Normalmente tendem a referir-se apenas ao apoio financeiro directo.

MF - Que balanço traça do trabalho com as associações do concelho?
GF - Faço um balanço mui-to positivo. Este executivo tem privilegiado o trabalho com as associações locais, dando-lhes visibilidade, valorizando o seu trabalho e rentabilizando os recursos  existentes localmente. Como já referi, sempre que a autarquia tentou envolver as associações nas suas iniciativas, teve total colaboração. E, na medida do possível, o inverso também se verificou. A autarquia tem apoiado as diversas associações sempre que necessitam.

MF - Que implicações poderá ter a lei dos compromissos nos apoios financeiros às associações e colectividades?
GF - Parte significativa do orçamento municipal é canalizado para as associações, seja em resultado de parcerias de colaboração, seja através de apoios directos aos planos de actividades das mesmas. A autarquia financia uma grande parte dos projectos, quer na componente de investimento (como são exemplo as construções de sedes sociais e equipamentos) quer no apoio às iniciativas, seja através de subsídios, seja, e não menos importante, através de apoio logístico prestado pelos serviços municipais. Posso dizer que, em 2011, atribuímos apoios a  41 associações e   instituições do concelho num total de 292 mil 458 euros. Este apoio destinou-se, por exemplo, aos bombeiros, aos clubes desportivos, às bandas de música, às comissões fabriqueiras… Enfim, há um apoio efectivo da autarquia. O futuro, aliás, o presente, já está a ser muito condicionado pelas alterações que todos conhecemos. A autarquia tem menos receita, o país está como todos sabemos e por isso também as associações terão de reajustar os seus orçamentos. Não haja ilusões, os apoios serão tendencialmente menores.    
A situação financeira das autarquias foi sendo agravada desde meados de 2010 resultante do abrandamento da actividade económica do país e fundamentalmente em consequência da redução das transferências do orçamento geral do Estado. A situação da generalidade das autarquias, à qual a Póvoa de Lanhoso não é excepção, agravou-se fundamentalmente após o Governo ter solicitado ajuda externa para assegurar o financiamento das suas necessidades. Esta nova realidade veio introduzir um conjunto significativo de regras que baralhou por completo todo e qualquer modelo de gestão das autarquias seguido até aqui. A lei dos compromissos não afecta só as associações, mas as autarquias, em geral. Afecta a actividade diária dos municípios e a sua relação de proximidade com os munícipes. Em tempo de dificuldades, todos nós, famílias, administração pública, instituições, associações, temos que nos adaptar e ajustar os nossos padrões de actuação à realidade.

MF - Poderá estar em causa o futuro de algumas associações?
GF - Espero que não, pois uma associação não depende apenas, nem pode, da Câmara Municipal. A autarquia apoia as associações de várias formas, que vão para além da financeira. Refiro-me, dependendo do tipo de associação, à disponibilização de espaços municipais para a sua actividade, ao nível do transporte, apoio logístico às actividades, na divulgação das mesmas, entre outros apoios. Como diz o povo ‘a necessidade aguça o engenho’ e naturalmente que as associações saberão encontrar as melhores soluções para a prossecução dos seus objectivos.

MF - Quer deixar alguma mensagem aos responsáveis das associações concelhias?
GF - Queria deixar uma mensagem de esperança no futuro, apesar de este momento ser particularmente difícil. Temos necessariamente que concentrar as energias na maximização dos recursos existentes, reforçando as parcerias e evitando os desperdícios.