EDITORIAL

Armindo Veloso



Mercado, esse traficante

O chamado ‘Mercado’ tem nas últimas décadas funcionado como autêntico traficante de droga.
A frase parece dura. Mas será?
Vejamos: o grande traficante de droga distribui no mercado centenas ou até milhares de pequenos traficantes que, por sua vez, vão distribuindo doses, muitas das vezes de graça, em locais estratégicos como escolas, bares, discotecas, salas de jogo, concertos e outros espectáculos, universidades, etc., para que essa ‘semente’ dê os seus frutos no futuro. Uma vez dependentes, essa gente pagará o que for necessário para obter a dose “sagrada”. Aí, os grandes senhores da droga enchem-se de milhões à custa da desgraça de milhares e milhares de incautos.
E o tal mercado? Esse, funcionou a papel químico. Distribuiu pelo mundo ocidental dinheiro barato ao ponto de fornecer créditos aprovados pelo telemóvel que muita gente julgava, ou fazia que julgava, que aquilo não era para pagar.
Criaram uma autêntica ‘bebedeira’ colectiva no povo que chegava a gastar, via banco, claro, o subsídio de Natal do ano seguinte ou até o hipotético reembolso de IRS. Dessa forma criaram-se hábitos de consumo sem paralelo na história.
Toda a gente resolveu gastar à fartura.
O problema é que o tal traficante, o Mercado personificado nos grandes bancos do mundo, agora que tem o povo dependente da droga, consumo desenfreado, cortou. Agora há que pagar!
E conseguir?... Quando não houver cheta para consumir já não chegará arrumar carros... Como se vê já não chega. E dentro de pouco tempo será muito mais complicado. Dantes, a maior parte dos roubos eram para necessidades primárias como comer. Agora, com a “droga” no corpo, já se rouba e roubar-se-á cada vez mais para as dependências que os senhores nos impingiram.

Até um dia destes.