Entrevista a José Manuel Silva, Presidente da Junta de Freguesia de Ajude

“Esta é a terra que eu sinto
como minha”

Depois de ter concorrido em 2005, José Manuel Silva, de 32 anos, apostou, este ano, na recandidatura à Assembleia de Freguesia de Ajude. Depois do empate no primeiro acto eleitoral, a repetição da votação deu a vitória, por 10 votos, à lista do PSD, encabeçada por José Manuel Silva.

Maria da Fonte - Depois de 2005, em Outubro de 2009 assumiu-se novamente como candidato à Junta de Freguesia de Ajude. O que o levou a avançar com a candidatura?
José Manuel - Porque sou Ajudense, estava preparado, e sentia-me também responsável por aquilo que pudessem ser os destinos da minha Freguesia. Portanto, antes de mais, pelo sentido de responsabilidade pela comunidade. Por outro lado, fui sendo sensibilizado para esse efeito. Durante os últimos quatro anos, enquanto líder da oposição na Assembleia de Freguesia, eu tinha vindo, por diversas vezes, a confrontar a antiga Junta com aquilo que era a minha frontal discordância com a gestão da freguesia. Tinha vindo a dizer que eu, nas circunstâncias de gestão, não o faria assim. Ou seja, confrontado com a minha coresponsabilidade pelos destinos desta comunidade e, por outro lado, sensível aos apelos que me eram feitos e também confrontado com a minha coerência e honestidade intelectual, que continuam a ser valores fundamentais para mim, resolvi candidatar-me e isto só foi possível porque esta é a terra que eu sinto verdadeiramente como minha. Noutra circunstância, seria absolutamente impensável.
MF - Depois da repetição do acto eleitoral, como descreve esse período?
JM - Foi um período de grande participação e cumplicidade de um grupo extraordinário que tive a honra de liderar. Não defino esse período como “luta” complicada, mas sim como uma maratona eleitoral. Foi um período bonito de participação, iniciativa e respeito por todos. Do outro lado, havia um ambiente ferrenho socialista, que fazia o seu trabalho de campanha, com elevação e respeito.
MF - Neste ano, começa-se a escrever uma nova página na história da freguesia. O actual executivo é composto por jovens. Esse facto funcionou como um entrave ou um aspecto positivo na campanha eleitoral?
JM - Preocupei-me, com grande sentido de responsabilidade, quer para a Junta como Assembleia, em ter elementos de reconhecida competência e qualidade e isso, em qualquer circunstância, é um aspecto positivo. Juntos fizemos a diferença.
A participação desta equipa muito jovem na campanha potenciou ainda o desenvolvimento de qualidades como compromisso, envolvimento, responsabilidade, solidariedade, consciência democrática, motivação, participação, iniciativa, respeito pelos outros, tolerância e auto-estima. São competências e qualidades transferíveis para outras esferas nomeadamente profissionais. Foi um espaço de aprendizagem e responsabilidades comuns, onde os jovens iniciaram par-te importante da identidade do seu ser político.
MF - A atribuição de bolsas de estudo a jovens universitários foi também anunciada. Já iniciaram essa atribuição. O valor é uniforme ou tem em conta os rendimentos do agregado familiar?
JM - Já elaboramos o regulamento de atribuição de bolsa de estudo, que foi aprovado pela Junta e será levado, a discussão e votação, à próxima reunião de Assembleia de Freguesia, que se realizará antes do final do ano. Após aprovação, iremos iniciar de imediato essa atribuição. Pretende, a Junta de Freguesia de Ajude, com a atribuição desta bolsa, minorar as dificuldades económicas sentidas pelos agregados familiares da freguesia, as quais representam sérios obstáculos ao prosseguimento dos estudos por parte dos seus descendentes. Ao proporcionar este incentivo aos estudantes, a Junta de Freguesia, além de reduzir as desigualdades sociais, possibilita-lhes uma vida profissional mais promissora, contribuindo, igualmente, para o desenvolvimento educacional, para a elevação cultural da freguesia e democratização do ensino. É imbuída deste espírito que a Junta de Freguesia concretiza, através de regulamento, a concessão de Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior Público.
As Bolsas de estudo são ajustadas, de acordo com o valor atribuído anualmente, na medida do necessário, no plano de orçamento da Junta de Freguesia, de uma forma uniforme, por todos os candidatos, quando se verifique mais de dois. Em situação de dois ou um candidato, a Junta poderá pagar, até ao limite máximo, o valor da propina.
MF - No vosso manifesto eleitoral comprometeram-se, a pagar 50%, na requisição do contador de água para ligação à rede pública, já iniciaram esse apoio?
JM - Pretende, a Junta, enquanto órgão, sensibilizada para a necessidade de diminuir as dificuldades económicas sentidas pelas famílias, realizar, através de regulamento, o apoio na requisição de contador para ligação à rede pública. Elaboramos e aprovamos o regulamento, que será também apresentado à votação na próxima reunião de Assembleia. Após aprovação, conforme vaticinamos, estaremos em condições de iniciar esse apoio.
MF - Outra das medidas anunciadas foi o apoio ao cuidador. Como vai ser dado esse apoio?
JM - Apesar de não haver uma meta para este programa, a criação e aprovação deste regulamento, referente a um Banco de Apoio ao Cuidador, será aprovado no próximo ano. O Apoio ao Cuidador será uma medida de apoio a quem tem a seu cargo, crianças, idosos ou pessoas com algum tipo de limitação física ou psíquica. Essas ajudas poderão passar por bens alimentares, roupas, electrodomésticos, jogos didácticos para crianças, bengalas, entre outros.
MF - Que obras pretendem concretizar?
Apresentamos, em campanha eleitoral, um programa para cumprir. As obras, no mesmo apresentado, são as que iremos realizar neste mandato. Das obras a realizar destaco: Requalificação do Cemitério; requalificação do Largo do Padre Américo; requalificação da acessibilidade para a Piconha; requalificação da acessibilidade da Avenida da Boavista; requalificação do Largo junto à casa do Sr. Antero; requalificação da estrada municipal nº 595; melhoramentos no Lugar do Bairro; e parque de merendas junto ao rio.