Aldeia de São João de Rei

Zé Maria
Mundo rural na pintura


Depois de percorrermos alguns caminhos na aldeia de S. João de Rei, deixamos o solo empedrado e enveredamos por uma estrada em terra, ao longo de montes e campos. Ao chegar ao fim do percurso seguimos o som das campainhas e encontramos Zé Maria, o conhecido pastor e pintor naïf, às voltas com os seus animais e no meio do mundo que o faz feliz. Foi aí, por entre campos verdejantes, que Zé Maria deu a conhecer um pouco da sua vida. Homem simples, de trato fácil, com um grande amor pela terra e pelos animais, tem no mundo rural e nas várias tarefas agrícolas a sua fonte de inspiração.
José Maria Fonseca Ferreira, nasceu há 50 anos na aldeia de S. João de Rei e, com apenas treze anos, partiu para o Porto para trabalhar num oficina de molduras. Foi aí, que ao emoldurar as telas de artistas portuenses, o gosto pela pintura começou a despertar e inspirando-se nas telas que lhe iam passando pelas mãos foi dando as primeiras pinceladas.
“Naquela altura pintava em platex e cartão pois não tinha telas e, já aí, iam saindo alguns trabalhos bonitos. Os meus colegas e patrões adoravam a incentivavam-me e alguns deles ajudavam-me, dando-me platex e tintas para pintar”, revela Zé Maria que refere ainda que “usava tintas plásticas e tintas de esmalte e não sabia combinar muito bem as cores”.

Regresso à aldeia de São João de Rei

Depois de permanecer nove anos na oficina de molduras, Zé Maria regressou à sua terra natal, a fim de cumprir o serviço militar. Findo o mesmo, permaneceu em S. João de Rei, e, depois de ter passado por uma empresa da Póvoa de Lanhoso, criou um projecto ligado à pastorícia, onde permanece actualmente.
Posteriormente, passou a comprar telas e a adquirir tintas de óleo, melhorando assim as suas pinturas. Pincelada após pincelada, dia após dia, foi melhorando o seu estilo e aperfeiçoando a sua técnica, sem nunca frequentar um curso de pintura, sendo actualmente os dos mais importantes pintores naif.
As paisagens são o que mais gosta de pintar, em detrimento das figuras. As cores dos montes e dos campos inspiram este artista povoense que gosta de usar cores vivas nos seus trabalhos para dar relevo e realçar os motivos das suas pinturas.
“Gosto de pintar o mundo rural, as casas antigas, os espigueiros, os campos e os montes. Acho que o mais bonito é pintar estas coisas que estão a acabar, como as vindimas e as podas em árvores”, revela o artista.
O gosto e a destreza que exibe para o desenho já vem da escola primária pois, segundo o próprio, quando andava na segunda classe era ele que fazia os desenhos para os alunos da quarta classe.