EDITORIAL


Armindo Veloso
 

Para grandes males grandes remédios

Quando vejo o que se passa em Portugal com os nossos partidos políticos e demais instituições que nos representam lembro-me do adágio popular para “grandes males grandes remédios”.
Temos andado a pôr pensos rápidos numa ferida profunda.
Julgo que poucos de nós já se aperceberam, de facto, da situação em que Portugal vive.
Como o passado só nos serve para aprendermos para o futuro, não vale de nada socorremo-nos dele para justificar o que quer que seja.
E o futuro, esse, ou tomamos juízo ou vamo-nos estatelar sem dó nem piedade.
O Estado, para a maioria das pessoas parece ser uma coisa longínqua e abstracta. Mas não é. O Estado somos todos nós.
Se continuarmos na rota das últimas décadas a gastar mais do que o que produzimos e, a acrescentar a isso, com uma dívida impagável, que nos suga parte significativa da nossa riqueza só em juros, não haverá dinheiro nas contas bancárias ou nos talões de reforma para mais de cinco milhões de pessoas que recebem todos os meses do Estado. A seguir a isso haverá uma implosão também no privado. Ou seja, uma catástrofe social.
É a isso que chamo o grande mal.
E para esse grande mal haverá um grande remédio? Na minha opinião sim.
Tendo em conta que a sociedade, toda ela, mudou dos pés para a cabeça nos últimos anos, desde os hábitos culturais à demografia, só vejo uma solução: os partidos que representam a grande maioria do povo português unirem-se no essencial. E o essencial começa por uma actualização, profunda, na nossa constituição que permita que o governo, representado por esses mesmos partidos adapte os custos do Estado às necessidades básicas da população e se deixe de lirismos do género: se descontei por quatro mil euros tenho direito a quatro mil euros de reforma. Era bom, mas dadas as circunstâncias demográficas e etárias não é possível, ponto.
Não será por isso, o grande remédio, que a Alemanha se levanta cada vez com mais força todas as vezes que cai, ou mesmo sem cair, como é o caso deste governo formado há dias?
Andamos a tomar aspirina para doenças graves e depois queixamo-nos que a doença não passa.
É a nossa sina...

Bom Ano Novo!
Até um dia destes.