EDITORIAL


Armindo Veloso
 

Vinganças

Na primeira reunião que José Sócrates, enquanto Primeiro-Ministro, teve com Cavaco Silva, Presidente da República, lembro-me de ter escrito, já lá vão mais de oito anos, que tínhamos Homens. Naquela altura e nos dois anos que lhe sucederam fui um apaixonado por José Sócrates: homem de rigor; homem decidido; homem que sabia comunicar; homem de Estado.
Com o tempo e os factos fui-me desiludindo ao ponto de o achar um homem perigoso pela sua teimosia e obstinação.
Mesmo assim, uma vez retirado da vida política  activa e ‘exilado’ em Paris para estudar ciência política, havia que o respeitar como antigo Primeiro-Ministro que liderou o governo da República durante seis anos.
‘Exilado’?, qual quê, passado pouco mais de um ano e meio e já o ‘animal feroz’, auto-nomeado,  conseguia um espaço na TV pública, dizem que arranjado por Miguel Relvas, ó ironia..., para fazer aquilo que ele, e a RTP, chamam de comentário não passando de um espaço de maledicência onde o senhor todo poderoso reina a seu bel-prazer.
Mas o pior ainda estava para vir, pegando no argumento de um livro que dizem os entendidos não passa de escritos da sua tese, conseguiu entrevistas formais em jornais de referência e informais em programas de entretenimento onde lavrou vulgaridades em relação a pessoas de que não gosta: zurziu o Presidente da República; chamou “bandalho” ao Santana Lopes; “estupor” ao ex-ministro das finanças alemão; “pistoleiros” a elementos do staff da presidência da República; e até aos seus, como Teixeira dos Santos, brindou com avaliações de carácter no mínimo duvidosas.
No meio de todas estas banalidades disse que não iria mais a votos porque: “não quero voltar a depender do favor do povo”.
Fiquei definitivamente esclarecido. Temos um deus da terra chamado José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.
Só que é um deus mau, mal educado e vingativo.
Até um dia destes.