EDITORIAL


Armindo Veloso
 

Os Ronaldos e os ‘marelos’

Numa reportagem televisiva acerca das chegas de bois em terras de Barroso, dizia um emigrante, José, vindo de França de propósito para assistir àquilo que diz mais gostar: as chegas de bois, que o boi vencedor há três anos consecutivos era para ele muito mais importante do que o Ronaldo.
- Eu ligo pouco ao futebol, para mim este boi vale mais do que o Ronaldo.
Vá-lá-vá-lá que as televisões, não me lembro do canal que passou a reportagem, já se vão dando conta que existem fenómenos culturais interessantíssimos aos quais não passavam cartão e que têm imensa repercussão social.
Há chegas de bois, nas eliminatórias, que duram vinte ou trinta segundos. O ‘KO’ nas chegas, salvo onde um animal é ferido de morte, é o: ah! pernas para que vos quero...
Lá para as meias finais e final, as lutas aí  são mais renhidas  mas o ‘Marelo’, com bolas pretas, tem dado cabo da concorrência.
Diziam os entrevistados que nas últimas lutas estão muitos milhares de pessoas a assistir.
São estes fenómenos, ancestrais, que dão colorido a um povo.
Felizmente que a comunicação social está a abrir os olhos e lhes começa a dar algum destaque. É também para isso que pelo menos o serviço público de comunicação social é pago por todos nós.
Os Ronaldos sem pelos não podem tirar o lugar aos ‘Marelos’ com cornos.

Até um dia destes.