EDITORIAL


Armindo Veloso
 

Fim de ciclo

Raras vezes um presidente de câmara ou de junta de freguesia sai do cargo pelo seu pé por muito dinheiro que perca, e há quem perca, ou por muito trabalho que tenha, e há quem tenha, no desempenho dessas funções.
Dizem à boca cheia que ganhariam muito mais noutros lugares e que têm uma vida desgraçada. Tudo isso pode ser verdade, mas, saírem de lá, só obrigados.
Nesses cargos há uma mistura de ego com poder, pequeno que seja, que alinha, e de que maneira, com a natureza humana. Daí que como já referi há anos neste mesmo espaço, a limitação de mandatos seja um imperativo da democracia, por paradoxal que pareça.
Vamos ter saudades de vários presidentes de câmara e de muitos presidentes de junta por esse país fora que cumpriram com empenho e honestidade os seus cargos em prol das suas comunidades.
Mas mudar é preciso.
Os cargos, com o tempo, criam formas de pensar e de agir que se tornam redundantes. Um presidente de câmara ou de junta muito bom numa determinada altura, década, não é necessariamente bom noutros tempos, noutras décadas. As necessidades são diferentes e as pessoas também vão sendo outras e diferentes. Por isso, por muito que estranhemos, e vamos estranhar, é bom vir nova gente com novas ideias em muitos dos municípios e freguesias espalhados por este país.
Abençoada limitação de mandatos! Talvez por distracção, já ouvi muitos arrependidos, aprovaram-na. Que pena a distracção não ter sido completa e ter incorporado o governo regional da Madeira – já que o Estatuto dos Açores prevê-a.
Como foi possível ter ficado de fora!?
Até um dia destes.