EDITORIAL


Armindo Veloso
 

Derrotas vitoriosas

Na política criou-se uma ideia, quanto a mim errada, que um candidato uma vez derrotado não se deverá recandidatar ao mesmo cargo outra vez.
Quando me vêm com essa, lembro sempre o exemplo do Dr. João Tinoco de Faria que ganhou à terceira candidatura, à tangente, ganhou folgado a seguir e depois de uma terceira vitória, larguíssima, deixou o poder a quem quis, neste caso ao Lúcio Pinto.
Há lá maior vingança política: depois de se perder várias vezes sair quando e como se quer?
É pois errado dizer-se que não se deve recandidatar um candidato então derrotado. Até diria que se for um candidato com juízo e que faça uma oposição construtiva, quanto mais tempo estiver no ‘purgatório’ da oposição melhor papel desempenhará no ‘céu’ do poder.
É claro que quem diz à boca cheia que fulano ou fulana, uma vez derrotados, não se deverão recandidatar, são sempre os ‘amigos’ dos partidos do qual o candidato X faz parte. Há sempre alguém à espreita. Ò se não há. Lembro, nunca é de mais, grandes frases ditas por grandes homens como Churchill que certo dia numa visita de estudo quando um aluno lhe perguntou se daquele lado estavam os inimigos dele lhe respondeu: “não jovem, desse lado estão os adversários. Os inimigos estão deste”, referindo-se à bancada onde se sentavam os do seu partido.
O maior problema é gerir a travessia do deserto. Estar anos, às vezes muitos, a coordenar com juízo uma postura construtiva na oposição não deve ser nada fácil. Fazer oposição com acicates dos tais amigos que querem vê-lo estatelado e ao mesmo tempo fazê-la de facto para criar credibilidade, ò tarefa.
Vem aí, graças a Deus, uma revolução autárquica. Prefiro repetentes preparados do que ‘virgens’ aprendizes.
Até um dia destes.