EDITORIAL


Armindo Veloso
 

Roubo do roubado

“Ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão”.
Lembrei-me deste ditado popular quando foi   ‘descoberta’ a fórmula para que o Chipre participasse no seu próprio resgate financeiro.
Relatou a comunicação social que Medvedev, primeiro ministro da Rússia, falou em roubo do roubado nas suas declarações acerca desta matéria. Na sua essência vai dar ao mesmo.
A União Europeia, em particular a Zona Euro, aceitou, vá-se lá saber porquê..., que o Chipre funcionasse como paraíso fiscal para muita gente rica, principalmente oligarcas russos e magnatas gregos que com a crise grega puseram o seu dinheiro ao fresco em Chipre e noutras paragens.
Chipre conseguiu, vejam só, ter em depósitos bancários cerca de seis vezes mais dinheiro do que os dezassete mil milhões de euros que é o PIB anual do país.
Depois de uma fórmula disparatada e até contraditória com as garantias dadas pelos organismos internacionais aos depositantes que lhes garante até cem mil euros de depósitos, os senhores da famosa troica acompanhados pelos dezassete mi-nistros das finanças da Zona Euro, vieram com a fórmula dois que tem oito itens para o Chipre cum-prir e receber em troca dez mil milhões de euros de ajuda internacional. O ponto mais importante e mediático é a tributação de cerca de trinta por cento dos depósitos acima de cem mil euros. Sendo certo que ainda haverá injustiças, tributando pessoas que aforraram mais do que isso de uma forma legítima, salvaguarda a grande maioria das famílias cipriotas.
Quanto aos outros, aos tais, a frase de Medvedev: roubo do roubado, não podia ser mais esclarecedora.
Até um dia destes.