EDITORIAL


Armindo Veloso
 

À rasca

Sei que é um drama um jovem de vinte e tal anos, depois de muitas das vezes ter queimado as pestanas a estudar, ver-se em casa dos pais a depender deles para tudo; sei que é um drama um jovem de vinte e tal ou trinta e tal anos ver-se forçado a emigrar para trabalhar; sei que é um drama um jovem querer muitas das vezes constituir família e não ter condições para isso; sei que é um drama; sei que é um drama, sei que é um drama!
Há tempos atrás via um jovem, de trinta anos mais coisa menos coisa, num programa de televisão chamado ‘Cinco para a Meia Noite’ que dizia: A minha geração é a geração à rasca?! Ora essa. Nós temos de fazer acontecer, não é estarmos em casa à sombra dos nossos pais que as coisas nos chegam. Se não for hoje há-de ser amanhã. Temos de bulir. Geração à rasca foi a do meu avô que foi a pé para a França para ganhar o sustento dele e da família.
Ora cá está um jovem que vê o copo meio cheio.
No meio de muitos dramas, são inegáveis!, que os tempos de hoje implicam para as gerações mais novas, este jovem teve um discurso diferente.
Se é certo que centenas de milhar de jovens vêem o seu futuro de alguma forma frustrado, também é certo que na maioria dos casos têm algum suporte familiar quer dos pais quer dos avós que   lhes vão proporcionando alguma qualidade de vida.
A minha dúvida meus amigos, ou melhor, o meu drama meus amigos, é, se isto não mudar mesmo, como serão as gerações vindouras quando esses jovens que vivem com o suporte dos pais e avós forem os velhos?
Não antecipemos problemas mas esse futuro visto do hoje é dramático.
Sejamos optimistas. É o que nos resta. 
Até um dia destes.