EDITORIAL

Armindo Veloso





Lições

Quando Portugal vive uma crise económica e financeira que já não vivia há décadas esperava-se que o primeiro de Maio - feriado dos feriados para o mundo laboral – deste ano fosse um dia do trabalhador histórico em termos de manifestações populares tanto em número destas como em centenas de milhar de trabalhadores nas ruas pelo país fora. Foi assim? Nem pensar. Houve as manifestações do costume, talvez com menos pessoas e com os mesmos. Estranhíssimo para alguns. Desculpem a imodéstia: para mim não.
Os sindicatos, principalmente a CGTP, essa associação esclerosada que não vê que desta forma não defende os trabalhadores e estes começam a marimbar-se para as suas instruções, veja-se a última greve geral..., reclamou alto e bom som pelo facto das grandes superfícies abrirem as portas no primeiro de Maio.
A cadeia Pingo Doce abriu com cinquenta por cento de desconto nos produtos do ramo alimentar. O que se esperava que o povo fizesse no seu feriado dos feriados? O lógico seria que boicotasse claramente esta iniciativa para se solidarizar com os sindicatos e honrar o seu dia. Não o fizeram e invadiram, literalmente, os hipermercados dessa cadeia.
Acerca deste comportamento lembro-me de uma história de um amigo meu. Quando a mulher lhe entrou pela porta adentro com sacos e sacos de compras de uma loja de roupa pelo facto de esta estar em liquidação total e lhe disse que tinha poupado centenas de euros, a reacção desse meu amigo foi: Ó mulher não poupes mais, não poupes mais...

Até um dia destes