EDITORIAL

Armindo Veloso





Bafos
A comunicação falada e presencial entre as pessoas sempre me despertou o maior dos interesses. Por variadíssimas razões não sou dos mais deficitários nessa matéria.
As novas tecnologias estão a matar de uma forma abrupta o encanto de duas ou mais pessoas terem necessidade de se encontrarem para definirem coisas da vida como, por exemplo, um pequeno negócio.
Hoje chegamos ao ponto de conhecer muita gente através da voz, o que já não é mau, ou através de mensagens escritas, mas quando encontramos essas mesmas pessoas numa reunião com muita gente não fazemos ideia de quem são. Se por acaso descobrimos que a pessoa X é o ‘António’ ou a pessoa Y é a ‘Isabel’ ficamos sem jeito por termos estado às vezes horas ao lado delas sem dizermos nada. São os frutos dos tempos que vivemos que estão paulatinamente a destruir o melhor que há numa sociedade que é a interacção afectiva entre as pessoas que só os contactos presenciais são capazes de proporcionar.
Como a necessidade aguça o engenho, tenho andado nos últimos tempos em reuniões diárias nas mais variadas entidades públicas e privadas, dando a cara.
Que bom que tem sido!
Cada uma das reuniões tem sempre algo de novo por se tratar de pessoas diferentes que perante o mesmo assunto o abordam à sua maneira, logo diferente.
Nas juntas de freguesia, por exemplo, é incrível como uma reunião começa e como acaba. Fica para trás sempre uma semente que nunca ficaria com um telefonema ou com uma mensagem escrita. Chamo a isto os contactos olhos nos olhos e mão na mão.
Não há dúvida nenhuma que se fazem diariamente negócios de milhões em todo o mundo através das novas tecnologias, mas não há nada que pague duas mãos bem apertadas depois de uma decisão ou de uma boa conversa. A relação futura nunca mais será a mesma. Para melhor.
Até um dia destes.